Amor Rubro - Vol. IV

Epílogo

Quatorze anos depois

Moscou – Rússia

Estaciono o meu carro de frente minha casa, antes de sair vejo pelo vidro que Aaron já estava em casa também, pois sua moto estava parada em um canto. Desde aquele nosso combinado ele não sai mais sem essa moto, seja para qualquer lugar que for. É bom ver que ele deixou de lado um pouco dessa raiva que sente pela mãe dele.

Saio do carro e entro vagarosamente para dentro de casa, estava tudo escuro, então ascendo as luzes por onde passo. Talvez Aaron chegou cansado de onde foi e já deve estar na cama dormindo. Vou para a sala e me sento em minha poltrona, precisava dar um alivio as minhas pernas depois de passar o dia inteiro em pé. Ascendo um cigarro deixando os pensamentos e preocupações se dissolverem no ar juntamente com a fumaça que sai dos meus pulmões.

Ouço passos atrás de mim, provavelmente era Aaron que me ouviu chegar e se levantou. Em seguida ouço barulho de arma, meu coração dispara na mesma hora, talvez minha casa tivesse sido invadida e agora Aaron pode estar correndo perigo, isso se ele já não tiver sido pego.

- Eu sei o que você fez.

Aaron?

- Seja mais específico. – Fico imóvel após reconhecer a voz do meu filho.

- Você matou ela.

- Do que está falando? – Me viro e vejo Aaron com os olhos vermelhos enquanto apontava uma arma para mim, parecia ter chorado.

- Foi você quem matou a minha mãe.

- Como descobriu isso?

- Meu Deus... – Aaron passa a mão no rosto. – Foi você mesmo... Como teve coragem?! Você a amava!

- Sim, eu a amava mais do que eu podia suportar, e foi exatamente por isso que eu fiz o que tinha que fazer!

- Isso não faz nenhum sentido!

- Você nunca entenderia, a menos que a conhecesse como eu a conhecia, Aaron!

- Ela queria ficar perto de mim! E você acabou com isso! Esse tempo todo... Eu achei que ela tinha me deixado... Mas foi você!

- Aaron...

- Mãe... - Vejo-o limpar os olhos das lágrimas que escapam deles. – Mãe... O que foi que você fez...

- Aaron, eu vou tirar essa arma de você, ta bom?

- Mãe... – Ele mira em minha direção com as duas mãos.

- Okay! Okay! Calma! – Levanto os braços.

- É sua culpa. – Ele segura a arma com as duas mãos.

- Não é culpa de ninguém, Aaron.

- É SUA CULPA!!!

- Aaron... – Podia ver em seus olhos toda a raiva e angústia que carregava durante todos esses anos, de ressentimento pela morte da Lya. – Aaron, não!!!

Uma semana antes

- Olha pra cá, Aaron! – Vemos Elena chegar com a câmera fotográfica tirando uma foto minha, do Aaron e do Ethan enquanto estávamos todos juntos sentados na mesa. – Ficou ótima! Só o Bernard com a cara virada como sempre. – Ela da as costas para nós e vai para outro lugar.

Estávamos comemorando o aniversário de Aaron de vinte e um anos na casa de Ethan e Elena. Acabou que todo ano criamos o costume de fazer um churrasco no aniversário dele, e ele parece gostar até hoje. Sou eu que acabo odiando sempre, mas não deixo ninguém perceber, porque se dependesse de mim a comemoração só seria entre nós, mas Ethan e Elena gostam de convidar mais pessoas e isso me incomoda.