Capítulo 40

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Agora

Eu pilotava minha moto velozmente, estava bem acima do limite de velocidade da estrada em que eu passava. Só queria ir para qualquer lugar bem longe do Bernard. Um clarão vem a minha mente e me recordo de boa parte da minha infância, mais ou menos quando eu tinha uns quatro anos. Dessa vez foi uma lembrança completa, e não como os flashs de antes. Eu realmente senti que dessa vez essas eram mesmo minhas lembranças, e com elas vieram uma avalanche de sentimentos e emoções ruins.

Meus olhos lagrimejam, me cegando e impedindo que eu pudesse ver, a tempo de desviar, um animal que sai do canteiro da estrada e vai para o meio da rua. Eu freio minha moto tarde demais e eu passo por cima dele, perco o equilíbrio e caio, rolando pelo asfalto e indo parar no meio do mato.


Uma hora antes

- Não está faltando nada, Bernard! Eu me lembrei de tudo! – Eu dizia para ele enquanto vestia minhas roupas de volta.

- É claro que está. Olha como você está me chamando.

- Achei que Bernard fosse seu nome.

- É óbvio que é meu nome, mas você não me chamava assim. – Bernard veste sua calça.

- Aí meu Deus, só por causa disso quer dizer que eu não me lembrei?! Então me diz, o que de tão importante eu ainda não sei sobre você?

- Quer mesmo saber?

- Quero.

- Certo. – Bernard me encara, ia vestir sua camisa, mas a deixa em cima da cama e começa a vir em minha direção. – Pessoas que tem muito dinheiro, costumam ter segredos. Segredos obscuros que desejam esconder de tudo e de todos. Eu sou alguém que sabe sobre esses segredos. E essas mesmas pessoas, gostam de saber sobre os segredos umas das outras, e me pagam muito bem para descobrir isso para elas.

- Ah... – Eu sorrio com o canto da boca. – Então você é um espião?!

- Não passou nem perto. – Eu engulo em seco, pois Bernard já estava bem próximo de mim. – Segredos como esses que me refiro estão escondidos tão profundamente na carne dessas pessoas, que elas não deixam nenhum resquício da existência deles. Então para descobrir eu tenho que tirar a força. E o melhor jeito de fazer isso, é causando muita dor a elas. – Só percebo que eu estava andando para trás quando sinto a parede me cercar. – Então as vezes eu faço um corte aqui... – Sinto seu dedo passar por minha barriga. – Outro aqui... – Ele sobe para entre meus seios. – E no final eu faço um daqui, a aqui. – Ele passa seu dedo por todo o meu pescoço.

- Você é louco! – Eu o empurro e saio correndo.

- Lya!

Ouço sua voz atrás de mim, mas não paro de correr enquanto não chego do lado de fora da casa. Corro até a minha moto e a ligo rapidamente.

- LYA!

Olho em direção a porta vendo Bernard e meu coração dispara. Sentia que se eu não saísse dali o quanto antes ele ia me matar, como ele diz fazer com todo mundo. As coisas só pioravam a cada vez que eu descobria sobre a mulher que eu era. Eu havia me apaixonado por um assassino de verdade! Como fui capaz de sentir algo por alguém como ele?! Um homem que tortura outras pessoas por dinheiro!

Acelero minha moto antes que ele pudesse me alcançar, e buzino sem parar para aqueles idiotas que ficavam no portão. Felizmente eles o abrem, e eu passo a mil por eles. Pego a estrada e acelero o máximo que consigo, podia sentir que Bernard estava vindo atrás de mim, e se eu não fugisse o mais rápido possível ele iria me alcançar.

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora