Capítulo 50

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Agora

- Me diz uma coisa? – Falo com Ben. Nós estávamos deitados juntos na cama a noite, seu rosto estava afundado em meu pescoço enquanto eu acariciava seus cabelos. Ele parecia gostar de ficar nessa posição.

- Hum?

- Porque quer tanto que eu me lembre que sou mesmo uma assassina?

Ele suspira e tira seu rosto do meu pescoço, deitando ao meu lado de barriga para cima enquanto encarava o teto do quarto.

- Você não era só uma assassina. A verdade é que você não tinha medo de nada, enfrentava qualquer um que cruzava seu caminho. Eu nunca soube de onde você tirava tanta coragem para enfrentar pessoas piores que você. Eu acho que você não tinha medo de morrer, acho que é daí que você tirava sua força. Uma coisa que eu aprendi agora depois de adulto, você já sabia muito antes de mim, mas eu nunca soube como. Eu ponho minha mão no fogo para afirmar que não existe outra mulher como você. – Ben olha para mim. - E mesmo se existir, eu nunca vi.

- No reino animal, medo é sinal de inteligência. Acho que eu não era tão inteligente então. – Eu sorrio de canto.

- Você era sim, vai por mim. Muito inteligente. E o Aaron puxou você, porque eu nunca vi uma criança tão esperta igual a ele. – Ben se vira para o meu lado. – Ele me viu desmontando minha arma uma única vez e depois fez sozinho! Da para acreditar?!

- O que?! Você deixou o Aaron mexer com uma arma?! – Falo incrédula.

- Ah... – Ben suspira frustrado e olha para o teto novamente. – A antiga Lya ficaria admirada também.

- Eu era louca mesmo...

- Não diz isso de si mesma. – Ben fala sério. – Eu tô quase colocando ele como meu sócio, ele está melhor que os homens que trabalham para mim.

- Nem pensar. – Falo séria enquanto olhava para Ben. – Nossa, meus pais eram péssimos. - Mudo de assunto.

- Como assim? – Ben me olha.

- Eu nunca te contei nada sobre eles?

- Não.

- A minha mãe me odiava, acho que ela tinha ciúmes do meu pai comigo. Já o meu pai ele era muito estranho.

- Estranho como?

- Ele tratava as pessoas super bem na rua, mas quando chegava em casa ele mudava totalmente, virava um monstro. Ficava sentado no escuro sozinho, bebia muito, gritava. Faz sentido porque eu virei uma assassina.

- Não, isso não é motivo para uma pessoa virar uma assassina.

- E você? Porque virou um assassino?

Ben sobe para cima de mim e segura meus pulsos, encarando meu rosto com um sorriso no canto dos lábios.

- Porque eu gosto de matar. – Ele me olha nos olhos, e eu sinto um calafrio na espinha com o que ele havia acabado de dizer para mim. – Olha ai você com medo de mim de novo. A Lya nunca teve medo de mim, e se eu dissesse algo assim para ela, a deixaria excitada.

- Excitada? – Falo com a voz trêmula.

- Sim. – Ben me solta e deita ao meu lado de novo. – Mas como você não é mais ela, então não vai funcionar.

- Sente falta dela?

- Sinto. – Ben olha para mim. – Mas prefiro você sem memória do que morta.

- Sinto muito por não ser mais a pessoa que você amava.

- Você ainda está aqui, é isso que importa.

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora