Capítulo 64

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Agora


Horas antes

Lyanna

Vejo Ben dar uma última olhada para mim e sair do quarto, trancando a porta em seguida. Assim que espero um tempinho, levanto da cama rapidamente e visto minha calcinha e short que estavam jogados pelo chão. Respiro profundamente antes de enfiar o dedo em minha garganta e me incentivar ao vômito. Na primeira vez eu falho, mas na segunda consigo vomitar. Sinto um nojo mme percorrer por dentro quando eu o vejo, e logo depois cuspo para tentar limpar minha boca de qualquer resíduo que tenha ficado no meio do caminho.

Procuro pelo vômito uma coisa que eu havia engolido alguns minutos antes, e felizmente o encontro, era uma das pecinhas da arma de Ben. Eu a havia desmontado novamente enquanto ele estava apagado depois da nossa transa. E que transa... Peguei uma das pecinhas e a engoli, pois sabia exatamente como iria usá-la ao meu favor. Pego a peça e limpo em minha blusa, para me livrar da sujeira, depois a escondo debaixo do meu travesseiro.

Vou passar a noite inteira pensando em como farei isso. Só sei que assim que Ben trouxer meu almoço amanhã e sair, como de costume, vou por todo o meu plano em prática.


Dia seguinte

Ben havia acabado de me entregar meu almoço, e eu não perco tempo em comer. Ele se senta em uma cadeira como sempre fazia, e me esperava terminar para poder sair.

- O Aaron foi para a escola? – Pergunto.

- Foi.

- Que bom.

- Porque?

- Nada. Ele tem que estudar mesmo. Acho que ele também não tem costume de faltar, têm?

- Não.

- E você?

- O que que tem eu?

- Vai em algum lugar hoje?

- Vou. Como sempre...

- E o que você vai resolver dessa vez?

- Um pessoal reclamando de um dos membros, mas eu ainda não tenho certeza do que é. – Ben passa a mão no rosto, parecia cansado. Ótimo, assim ele não desconfia de nada.

- Entendi. E você vai demorar?

- Provavelmente.

- Ah...

- Porque?

- Eu me preocupo com você. Só não quero que se meta em confusão, para que você consiga voltar salvo. Não quero morrer sozinha em um lugar como esse.

- Você não vai morrer aqui, disso eu tenho certeza.

Termino de comer em silêncio depois dessa nossa breve conversa, Ben pega meu prato e sai, me deixando sozinha no quarto novamente. Assim que espero um longo tempo depois que Ben sai, não perco mais um segundo em pegar a pecinha da arma, que estava escondida debaixo do meu travesseiro, e a enfiar na entrada do meu bracelete, girando sem parar até conseguir abri-lo. Se tem uma coisa que eu aprendi depois de tantos anos ao lado de Ben, foi a destrancar coisas.

Assim que consigo me soltar corro até a porta e faço o mesmo. Subo pela escada dando de frente com outra porta, que também consigo destrancar após várias tentativas, mas quando tento abri-la, algo do lado de fora a impede. Ouço ela bater em alguma coisa, então começo a empurra-la com todas as forças que eu tinha, até ouvir um estrondo alto. Choco meu corpo contra a porta algumas vezes até finalmente conseguir empurrar algo pesado que estava atrás dela. Quando me espremo para sair, vejo que o que estava travando a porta era uma estante de madeira, que agora estava caída no chão, e que provavelmente foi a autora do estrondo anterior. Olho em volta e vejo algumas ferramentas de Ben, pego um pé de cabra que havia jogado entre elas e corro até a porta do porão, quebrando sua maçaneta e a abrindo a força. Já estava exausta de destrancar fechaduras com uma porcaria de peça de arma, leva muito tempo, um tempo que eu não tinha.

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora