Capítulo 63

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Continuação...

Antes

Lyanna

Havia se passado um mês inteiro desde a última vez que vi Charles. Estava chateada imaginando que ele havia mesmo partido e outro homem quem estava no seu lugar agora. As vezes eu pensava em algo de errado para fazer apenas para, seja lá quem esteja me vigiando, aparecer e eu poder saber quem era, rezando para que ainda fosse Charles e que ele não tinha partido, como foi no nosso combinado.

Estava indo embora para casa, quando sou cercada pela mesma garota da turminha que me bateu, mas dessa vez ela estava sozinha e parecia extremamente assustada. Ela vem até mim rapidamente e agarra minha blusa, me encarando e deixando lágrimas escorrerem de seus olhos.

- Por favor! Não faça nada comigo!

- O que?!

- A Jenifer sumiu também, eu sei que foi você, por causa daquele dia, né?! Eu sinto muito! Aquelas meninas são um bando de idiotas! Mas por favor, não faça isso comigo também!

- Me solta! – Eu a empurro e ela cai no chão sentada. – Eu não fiz nada com as suas amigas!

- Eu não quero morrer... – Ela diz chorando. – Por favor, Lyanna! Me perdoe! Juro que você nunca mais vai me ver na sua vida se me poupar! Eu estou te implorando!

- Já disse que não fiz nada a elas!

- Só fica longe de mim, por favor! Fica longe de mim!

A garota sai correndo rapidamente e some das minhas vistas. Olho para os lados, mas sinto a decepção me tomar por dentro, pois eu sabia que se Charles ainda estivesse me vigiando ele teria aparecido numa hora como essas. Ignoro completamente esse pensamento, deixando um pior e mais macabro consumir a minha mente. Não queria acreditar nessa ideia que tive, mas talvez meu pai tenha sido o autor de outro sequestro novamente. E se for ele mesmo quem fez isso, essa garota só pode estar em um único lugar agora.

•••

Nunca achei que iria voltar nesse lugar, muito menos por conta própria. Mas cá estava eu, parada de frente a casa da horrores, criando coragem o suficiente para entrar nela. Suspiro e começo a caminhar, sentindo a ansiedade e o medo consumirem o meu corpo cada vez mais em que eu me aproximava.

Entro na casa e passo andando pela sala, indo até mais ao fundo onde havia a escada que levava ao porão. Vejo um feixe de luz sair de dentro do cômodo pela porta entreaberta, e murmúrios vindos do lado de dentro. Quando finalmente chego até ela, a empurro com a mão lentamente vendo uma garota amarrada em cima da mesma cama em que eu dormia nas vezes em que fiquei presa aqui. Reconheço seu rosto no mesmo instante, era uma das meninas que me bateram, e se não me engano, o nome dela era Jenifer. A mesma garota que a sua amiga, que me parou na rua, havia se referido quando disse que também desapareceu como as outras.

- Sentiu falta daqui tanto quanto eu, filhinha? – Ouço uma voz atrás de mim, e a reconheço no mesmo instante. Era meu pai.

Olho para trás lentamente e dou de cara com ele, sinto todo o meu corpo começar a tremer.

- O que ela está fazendo aqui? – Falo com a voz trêmula.

Meu pai tira uma faca das costas e aponta para o meu rosto enquanto andava em minha direção. Eu ando para trás, indo para dentro do quarto sem perceber, tentando ao máximo manter distância dele.

- Sabe quando você cria gosto por uma coisa? – Ele diz sorrindo de canto. – Foi o que aconteceu comigo. Eu criei gosto por isso. Sinto que nasci para fazer exatamente isso que estou fazendo, e não entendo como foi que fiquei tantos anos sem nem se quer ter experimentado algo assim na vida.

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora