Continuação...
Antes
1998
Com seis anos eu gostava muito de brincar com animais de brinquedo e bonecas. Estava brincando no meu quarto, sozinha, quando ouço barulho da porta bater. Corro em direção a janela do meu quarto e olho para fora, vendo minha mãe sair. Eu abandono meus brinquedos e desço pela escada correndo, indo até a porta e tento virar a maçaneta, mas estava trancada.
Uma angústia enorme cresce em meu peito e meus olhos se enchem de lágrimas. Minha mãe havia me deixado sozinha de novo sem dizer pra onde iria, e eu odiava ficar sozinha. Suspiro fundo tentando engolir o choro, e volto para o meu quarto me sentando no chão. Meus brinquedos haviam perdido a graça, porque só o que eu sentia era tristeza. Me sentia abandonada.
Ficava tentando procurar uma razão para a minha mãe fazer o que ela fazia comigo. Sentia que eu era a culpada por isso estar acontecendo, que o problema só podia ser eu. Então ela saia para ficar bem longe de mim. Eu junto minhas pernas e abraço meus joelhos, escondendo meu rosto entre meus braços. Deixo lágrimas caírem dos meus olhos, acreditando que o problema naquela casa era eu.
Ouço o barulho da porta novamente, e logo levanto a cabeça. Limpo minhas lágrimas e corro para baixo novamente, estava animada por minha mãe ter voltado. Ela deve ter ido comprar alguma coisa no mercado e já voltou, e eu pensando essas besteiras sem razão. Apesar de que já ocorreram coisas parecidas outras vezes que me fizeram pensar exatamente isso, mas dessa vez eu estava enganada.
Assim que chego no andar de baixo, olho pela greta da parede e vejo meu pai. Eu estava errada, não era a minha mãe que tinha voltado, era o meu pai que havia chegado da rua. Arregalo os olhos e corro para me esconder dele.
Sempre que eu o via eu me escondia dele, sua presença me fazia sentir muito medo desde muito nova. Eu nunca passava no mesmo cômodo que ele, nunca se quer olhava para os olhos dele. Apenas os gritos que eu ouvia dele já eram suficientes para o meu estado de alerta bater no pico e me fazer tremer de pavor.
Volto para o meu quarto e fecho a porta devagar, mas ela faz barulho assim que o trinco se encaixa no seu lugar. Eu espremo meus olhos por causa do barulho que eu havia feito e ouço passos pesados subirem as escadas. Só podia ser ele, que ouviu o barulho da porta e agora está vindo aqui. Eu me afasto para trás e olho para os lados, já ia me esconder debaixo da cama quando a porta se abre de uma só vez.
- Lyanna?
- Oi.
- Cadê a sua mãe?
- Não sei...
- Não sabe?! COMO VOCÊ NÃO SABE?! VOCÊ É CEGA POR ACASO??
Eu olhava para baixo, só conseguia ver seus pés. Seus gritos me davam um forte aperto no peito, era como se eu pudesse sentir todo o ódio que ele tinha por mim em seus gritos.
- Ela saiu... – Falo quase chorando.
- Saiu pra onde?
- Não sei, ela não me disse. Ela só saiu...
- Aquela desgraçada... - Ele vem até mim e aponta o dedo para o meu rosto. - Se eu descobri que você está mentindo para mim quando na verdade você sabe onde ela foi, eu vou te bater até te matar! Você ouviu?
Balanço a cabeça amedrontada, sentindo as lágrimas escorrerem dos meus olhos abundantemente. Não entendia porque meus pais me odiavam tanto. O que eu fiz?
- VOCÊ ESCUTOU?!
- Escutei!
- Vem aqui... - Meu pai me puxa pelo braço até o andar de baixo e me põe sentada no sofá. - Agora você vai ficar aí sentada de castigo!
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Amor Rubro - Vol. IV
Action{AUTORAL - PLÁGIO É CRIME!} Livro de total autoria, porém, pode conter diversas referências. {ATENÇÃO} Esse livro é de conteúdo ADULTO, por conter gatilhos emocionais, linguagem imprópria, violência extrema, conteúdo sexual e assassinato. Todas as i...