Capítulo 15

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"O que eu senti; O que eu soube; Nunca refletiu no que eu demonstrei; Nunca ser; Nunca ver; Não posso ver o que poderia ter sido;

O que eu senti; O que eu soube; Nunca refletiu no que eu demonstrei; Nunca livre; Nunca eu mesmo; Então eu vos nomeio Os Imperdoáveis." - Metallica  


Agora

Dois dias depois


Bernard

(Não deixem de ouvir para entrar no clima desse cap. <3)


Coloco Aaron no cercadinho sentado, ele chupava os dedos e olhava para mim com os olhos vermelhos e brilhantes. Idênticos aos olhos dela. Eu acaricio sua cabeça e o encaro ali, tentando conter o sentimento de angústia que preenchia meu peito.

- Agora somos só eu e você, Aaron.

- Ma... ma...

- A mamãe está dormindo agora, um sono longo e profundo. E você também deveria dormir, esses dois dias foram bem longos. Para nós dois. – Eu paro de acaricia-lo e me levanto. – Eu volto já, preciso fazer uma coisa. A mamãe iria gostar que eu fizesse isso...

Saio do meu quarto fechando a porta devagar, dando uma última olhada para onde estava Aaron. Eu caminho até a parte de fora da casa, estava descalço, pois passei dois dias de sapato, não aguentava mais. Ao chegar na varanda encontro um saco preto, o mesmo saco onde eu tinha colocado o corpo do Hyde. Pego ele no colo e começo a caminhar floresta a dentro. Iria enterra-lo bem longe dali, não queria ver nenhum túmulo tão cedo, mas também não queria me esquecer dele.

 Iria enterra-lo bem longe dali, não queria ver nenhum túmulo tão cedo, mas também não queria me esquecer dele

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Era de manhã, os raios de sol se dividiam entre as árvores, mas a floresta ainda estava fria. Finalmente encontro um bom lugar para enterra-lo, e começo a cavar sem parar uma cova não muito funda, mas também não muito rasa. Só não queria que os outros animais o encontrassem e cavoucasse seu túmulo.

Quando vejo que o buraco era o suficiente para caber seu corpo, coloco ele na cova, e começo a enche-la de terra, cobrindo totalmente o saco preto em que ele estava. Assim que termino, encosto a pá em uma árvore que estava ao lado, tiro um cigarro do bolso e o acendo.

 Assim que termino, encosto a pá em uma árvore que estava ao lado, tiro um cigarro do bolso e o acendo

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- Se eu tive um amigo verdadeiramente leal nessa vida, esse amigo era você, Hyde. – Assopro a fumaça enquanto olhava pro túmulo. – Não se preocupe, eu ainda vou atrás do desgraçado que fez isso com você e com ela. Sei que se você ainda estivesse aqui iria querer ter as honras de rasgar o pescoço dele com seus dentes. Quando eu o encontrar, ele não vai ter menos do que isso, pode apostar...

Olho em volta, não tinha nada para identificar que ali era mesmo o túmulo dele. Jogo meu cigarro fora sem nem mesmo terminar ele por completo, e tiro minha faca do bolso. Me abaixo perto de onde enterrei Hyde, que havia sido no pé de uma árvore e começo a marcar o tronco dela com o seu nome. Não me lembrava da data que ele nasceu, então coloquei o ano em que o comprei e o ano em que estamos, acho que já era o suficiente.

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HYDE

2018 – 2025

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Me levanto e guardo minha faca, olho para a marcação na árvore que eu havia acabado de fazer. Então acho que é isso. Pego a pá e dou uma última olhada para o túmulo de Hyde, em seguida me viro e volto a caminhar de volta para casa. Não muito longe de onde eu caminhava ouço barulho de corvos, olho para o lado e vejo um monte deles bicando o chão da floresta.

Sinceramente eu não estava nem um pouco afim de voltar pra minha casa onde tudo aconteceu, mas eu também não podia demorar e deixar Aaron sozinho por muito tempo. Porém, a curiosidade sobre mim foi mais forte. Caminho em direção ao corvos, eles estavam tão interessados no que estava debaixo do chão que não notaram minha presença de imediato.

Não havia estranhado o comportamento deles até que eu vejo um deles puxando algo pra fora da terra. Parecia ser um... Olho?! Caminho até eles e na mesma hora algum deles saem voando para as árvores se afugentando de mim. Outros continuavam a bicar a terra não muito longe de onde eu estava.

Eu pego a pá e começo a cavar, até que minha pá bate em alguma coisa. Vejo algo branco, e passo a pá em cima até o excesso de terra sair e eu perceber que aquilo era uma mão humana. Porém uma mão muito pequena, tão pequena que eu poderia afirmar que tinha o mesmo tamanho da mão de Aaron.

Largo a pá no chão e começo a cavar com as próprias mãos, até que finalmente confirmo o que eu temia. Era um bebê morto, e havia um braço de um adulto em volta dele. Começo a cavar mais para cima e desenterro um homem morto. A imagem que eu via era de um homem com um bebê nos braços.

- Que merda é essa...

Olho para frente e vejo os corvos continuarem a bicar o chão em volta. Eu caminho até eles os espantando e começo a cavar o chão novamente. Encontro a mesma cena que eu havia visto da primeira vez, um homem e um bebê deitado em seu peito. Volto a cavar novamente em volta, e mais uma vez encontro a mesma cena.

Continuo cavando sem parar, e os corvos continuavam a bicar o chão. O desespero estava tomando conta do meu corpo, eu não entendia aquilo que eu estava encontrando. Me canso de cavar e fico de pé, olhando em volta, me deparando com vários túmulos, todos com a mesma coisa: um homem e um bebê.

Me afasto lentamente para trás desorientado com a cena e acabo tropeçando, caindo em uma das covas abertas. Olho para o lado e vejo a cabeça do homem morto, na testa dele havia um desenho, feito com algo afiado, como uma faca. Na verdade era uma letra. "B". Meu olhos se movem mais a baixo, onde estava o bebê, e em sua testa também havia uma letra. "A".

Me levanto dali rapidamente e corro como se fugisse de algo terrível. O mesmo pavor que havia dominado meu corpo quando eu vi Lya levar um tiro na cabeça, estava me consumindo novamente. Eu passo entre os arbustos da floresta correndo, os galhos arranham meus braços, mas a adrenalina que se espalhava pelo meu corpo era tanta que eu não senti dor nenhuma.

Finalmente chego na minha casa, estava tão cansado que me sento ali mesmo na escada da varanda. Levo minhas mãos ao rosto e depois olho para elas, estavam cobertas de terra, principalmente debaixo das unhas. Que merda é aquela que eu encontrei?! Será que foi o Dylan? A Lya não pode ter feito aquilo. Não. Porque ela faria algo assim?! Ela estava feliz. Eu saberia se ela não estivesse. Lyanna. Porque?! Se havia algo de errado porque ela não me disse?! Será que eu a conhecia o suficiente como pensava que conhecia?!

O sol havia desaparecido atrás das nuvens de chuva, e o vento sacudia as folhas das árvores em volta. Eu me encolho ali quando meu sangue esfria após a longa corrida que eu havia feito e começo a sentir frio. Meus braços circulam meu corpo, eu estava tremendo. Não queria ficar nesse lugar mais nem um dia, iria voltar para a Rússia. Começaria de lá a investigar onde está o desgraçado o Dylan.

Lembro de ele dizer que ainda tinha planos para a Lyanna depois que atirou nela. Não queria admitir, mas se alguém sabia algo a mais sobre ela que eu ainda não sabia, esse alguém era ele. Talvez tenha algo a ver com a segunda condição que ela o havia pedido, mas não tenho certeza, só vou descobrir quando o encontrá-lo. Vou fazer qualquer coisa para isso, nem que eu tenha que matar metade do planeta.

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Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora