Capítulo 73

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"Ele segura meu corpo em seus braços; Ele não queria fazer nenhum mal; E ele me abraça apertado;

Ele fez tudo para me poupar das coisas horríveis que a vida traria; E ele chora e chora; Eu sei que ele sabe que está me matando por misericórdia;

E aqui vou eu; E aqui vou eu." - AURORA 

Bernard

Ouço um disparo e uma dor se espalha pelo meu ombro, sinto meu braço esquerdo ficar dormente na mesma hora. Solto um urro de dor e levo minha mão ao ombro assim que sinto algo quente escorrendo por ele. Tiro minha mão de lá e abro meus olhos, vendo minha mão completamente ensanguentada. Olho para trás, incrédulo pelo que Lya havia acabado de fazer.

- Depois que eu te matar, eu vou matar o Aaron. – Ela diz olhando em meus olhos.

- Só me diz... – Falo quase rosnando, pois eu estava com muita dor. – Aqueles corpos na floresta, o que significa aquilo?

- Aqueles homens eram péssimos, e iriam criar filhos péssimos, que quando crescessem seriam homens péssimos também. E por aí vai.

- Você não é Deus, Lya! – Dou um passo a frente ela levanta a arma ainda mais.

- Não sou... Ainda.

- Eu acho que entendo o que você está fazendo.

- Entende?

- Sim, mas não precisa ser desse jeito. E seja lá o que você pensa que está quebrado em você, não é motivo para desistir de si mesma, nem do mundo a sua volta. – Tiro minha mão do ferimento em meu ombro e a ergo em direção a Lya. – Vamos.

- Mesmo depois do que eu acabei de fazer, você ainda insiste que eu vá com você?

- Eu amo você, Lya. Sempre vou querer você comigo, independente do que você faça.

- Você acredita mesmo que eu posso lidar com isso de outra forma?

- Sim. – Dou um passo a frente, me aproximando de Lya vagarosamente. – Só quero que você esqueça o seu passado para poder mudar o seu futuro.

Lya abaixa a cabeça e sua arma, vejo-a olhando para trás onde Aaron estava deitado dormindo profundamente. Não faço a mínima ideia do que ela deu a ele, mas espero que ele não demore a acordar. Quando cheguei e o vi deitado no chão imóvel, pensei que ela já tinha o matado, mas um alívio enorme me percorreu quando reparei que ela ainda não havia feito nada a ele.

- Tudo bem. – Ela volta a olhar para mim. – Vou te contar quem eu sou de verdade, e se depois disso você ainda sim me quiser perto de você e do Aaron, eu aceito voltar com vocês.

- Certo.

- Mas... Se você tentar qualquer coisa contra mim enquanto eu estiver distraída, não vou pensar duas vezes em puxar o gatilho.

Aceno com a cabeça, eu aceitaria qualquer coisa para proteger meu filho. Minha missão aqui é leva-lo de volta para casa ileso, e eu não vou falhar nisso.

Minutos depois

- Depois que Charles morreu eu me senti tão culpada que simplesmente apaguei ele da minha memória, e quando fiz isso, a lembrança de que foi graças a ele que meus pais morreram também foram juntas. Então eu passei a acreditar que dois míseros assaltantes invadiram a minha casa e mataram os meus pais. Eu encontrei os homens que Charles havia contratado para fazer esse serviço sujo, e eu mesma os matei. E com eles, se foi mais uma lembrança da minha família. O tempo foi passando e deixei tudo para trás, mas essa vontade de tirar vidas era a única coisa que permanecia dentro de mim, enraizada em minha carne até os ossos. Então permaneci a fazer isso, até conhecer você. Depois do tiro que aquele desgraçado do Dylan me deu, e ter me feito perder a memória, comecei a me recordar de tudo, cada detalhe na minha vida. E conclui que eu não quero que o Aaron passe por tudo o que eu passei, porque não vou conseguir vê-lo chorar por alguma pessoa que o magoou e deixar para lá. Eu vou fazer o mesmo que o meu pai fez, e não vou sentir um pingo de remorso por isso. – Lya suspira. – Não era para chegar a esse ponto que chegamos... De nos apaixonarmos... Lutarmos contra o mundo para ficarmos juntos... Termos amigos como Elena e Ethan... E pior ainda... Termos ele. – Ela se referia ao nosso filho, Aaron. – Isso já foi longe demais, eu deveria ter te matado desde o início, quando pressionei aquela faca na sua barriga e você me disse que se eu não te matasse, iria fazer o que quisesse comigo...

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora