Capítulo 22

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Antes

Dia: /̶/̶/̶/̶  /̶/̶/̶/̶  /̶/̶/̶/̶  /̶/̶/̶/̶

Algum lugar no Oceano Atlântico Norte

Lyanna

Meus dias e minhas noites estavam todas focadas no pássaro. Eu realmente estava cuidando dele o máximo que podia, esquecendo até de cuidar de mim mesma as vezes. Ben sempre chamava minha atenção perguntando se eu não ia comer nada. A verdade é que eu estava tão preocupada com o passarinho que eu não sentia fome, logo eu não comia nada.

- Já tá na hora de cortar esse cabelo seu aí. – Comento ao ver Ben balançar a cabeça tirando o cabelo do rosto.

- Tá grande mesmo. – Ben pega sua faca e ergue ela em minha direção. – Quer cortar?

Me levanto deixando o passarinho sozinho e vou até ele pegando a faca. Passo a mão em seus cabelos para trás e penso em como cortaria ele.

- Que corte você quer?

- O de sempre.

- Porque você só deixa o cabelo assim? – Eu começo a cortar os fios longos com a faca.

- Não gosto das minhas orelhas.

- Suas orelhas?! – Eu estranho sua resposta, nunca tinha reparado nelas. – O que tem nas suas orelhas? – Tiro o excesso de cabelo de cima de uma das orelhas de Ben, mas não vejo nada de anormal. – Não tem nada de diferente nelas.

- Eu só não gosto.

- Hum. – Volto a cortar os fios longos. – Eu acho que eu não gosto do meu nariz.

- Não tem nada no seu nariz.

- E nem na suas orelhas. – Eu sorrio. – É como você mesmo disse, eu também só não gosto.

- Quer que eu corte o seu cabelo também depois que cortar o meu?

- Não tô afim de ficar careca, obrigada.

- Mas que ia ficar maneiro, ia. – Ben ri.

- Cala a boca. – Eu rio também.

Depois de alguns longos minutos finalmente termino, e devolvo a faca para Ben.

- Pronto. – Falo.

- Bem melhor. – Ele passa a mão nos cabelos os penteando para trás com os dedos.

- Queria falar não, mas você tá muito gato agora...

- Pena que estamos fazendo uma aposta, né?!

- É... Muita pena mesmo. – Eu sorrio com o canto dos lábios. – Agora deixa eu dar comida para o passarinho, ele já deve estar com fome de novo.

- Lá vai você... – Ben parecia frustrado.

- Nem começa. – Eu o ignoro, pois ele ainda estava incomodado por eu deixar o pássaro vivo.

Ben se levanta e vai em direção ao mar, provavelmente ele iria pegar alguma coisa. Enquanto isso eu tampei o cesto onde estava o passarinho depois de colocar um pedaço de fruta nele e entrei para a floresta, tinha que fazer a minha parte de pegar frutas, entre outras coisas que eu encontrasse.

Mais tarde volto com tudo o que eu consegui, e deixo no mesmo lugar de sempre. Caminho em direção ao lugar onde eu havia deixado o pássaro e quando destampo o cestinho ele não estava mais lá. Meu coração acelera na mesma hora e eu olho para todos os lados procurando por ele. Ele não podia ter escapado daqui sozinho, havia um peso em cima da tampa, alguém o tirou daqui, e esse alguém só podia ser o Ben.

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora