Capítulo 53

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Continuação...


Antes

2007

Toronto – Canadá

Acordo cedo para começar a arrumar para ir a escola, minha mãe já tinha ido para o seu trabalho que arrumou no hospital. 

Depois que ela perdeu seu bebê decidiu que iria trabalhar, porque ficar só em casa não a estava ajudando a esquecer o que tinha acontecido. Eu achei ótimo, porque na maioria das vezes eu chegava da escola e não havia ninguém em casa. E depois de ter passado a minha infância inteira ouvindo xingamentos e gritos todo santo dia, só o que eu queria depois disso era silêncio.

Quando olho para trás, vejo meu pai em pé na porta do meu quarto, e eu levo um puta susto por não ter notado sua presença desde o inicio.

- Parabéns. – Ele fala comigo, pois hoje era meu aniversário de quinze anos. – Espero que você não me dê trabalho com namorados.

- Ata. - Rio de canto.

- Não precisa ir à escola hoje.

- Porque?

- É seu aniversário, pode faltar se quiser.

- Eu vou mesmo assim, não tem problema. – Nem fodendo que eu ia ficar em casa sozinha com esse merda.

- Não, você não vai. – Ele fecha a porta do meu quarto sumindo das minhas vistas.

Eu solto minha mochila no chão e sinto o desespero tomar conta do meu corpo, mais um ataque de pânico se aproximava, mas depois de tantos que eu já tive, aprendi a me controlar e evitar deles acontecerem. Calma, Lya! Vai ficar tudo bem! Ele não vai fazer nada com você! Só deve pedir pra você tirar a roupa como sempre! Sinto uma vontade desesperadora de chorar, mas me controlo. Ele vai me estuprar... Ele vai me estuprar... Mãe... Mãe...

- Cala a boca, Lya! Isso não vai acontecer! Você sabe se virar! É só pegar uma faca e...

- LYANNA! – Ouço o grito dele e levo minha mão a boca. – DESCE AQUI!

Eu me controlo e começo a descer as escadas de casa, e quando chego na sala ele não estava lá.

- Estou na cozinha! – Ouço a voz do meu pai novamente.

Quando chego na cozinha vejo a mesa repleta de bebidas, eu olho sem entender tanto para a mesa quanto para ele.

- Senta aí. – Ele fala comigo e eu obedeço. – Eu desde muito novo queria beber, porque era o que os homens faziam. E meu pai não me deixou encostar em uma bebida até eu completar quinze anos. Então no meu aniversário ele me levou para um bar junto com os amigos dele e me deixou provar tudo lá. – Ele parecia animado enquanto contava isso pra mim. – Não posso te levar para um bar, até porque se sua mãe descobrir ela vai arrumar confusão comigo, e não quero brigar no seu aniversário... – Bom saber, diz isso para os meus outros quatorze aniversários que eu tive e sempre acabaram em briga por sua causa. – Eu te dou permissão para beber agora.

- Eu ainda acho que não tenho idade para beber... – Falo com medo.

- Deixa de besteira, toda adolescente na sua idade gosta de beber.

- Mas eu não, acho que vou esperar mais uns anos.

- Vai recusar o presente do seu pai? - Ele muda seu humor na mesma hora.

- Não é isso...

Meu pai enche um copo com uma das várias bebidas que haviam na mesa e põe na minha frente.

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora