Capítulo 68

179 23 22
                                    

"O jantar está servido; É um prazer para mim; Estou lambendo seus lábios; Pois eu gosto do seu sabor; Oh, estou te envergonhando; Você tem medo de mim?; Quem é normal aqui; E quem é insano?;

A decisão foi feita,; A carga dentro de mim está correndo; Nada será como antes; Felizmente eu sou louco." - Eisbrecher  


Continuação...


Estava deitada na minha cama olhando para o teto, pensando em uma maneira de eu conseguir acabar com meu próprio sofrimento. Me sentia feliz por ter Charles na minha vida agora, mas eu não podia seguir em frente sabendo que meu pai poderia descobrir sobre nós dois e fazer alguma coisa com ele. Eu precisava proteger Charles, e me proteger, alguma coisa deveria ser feita, e só eu poderia ser capaz de fazer isso.

Me levanto da cama rapidamente e vou até o quarto dos meus pais, eles dormiam profundamente então não notaram minha presença quando entrei. Ao lado da cama deles, do lado em que meu pai dormia, havia uma pequena estante onde o abajur ficava por cima, e ela tinha três gavetas. Eu sempre soube que em uma delas meu pai escondia sua arma, mas eu nunca me atrevi a olhar. Mas dessa vez era diferente, dessa vez eu tinha um bom motivo para abri-la.

Vou até a pequena cômoda e procuro pelas gavetas, tentando fazer o mínimo de barulho possível, mas uma delas estava emperrada então tive que fazer um pouco mais de esforço para abri-la. Quando ela finalmente abre, um barulho ecoa pelo quarto e paraliso no lugar, com medo de que eu tenha acordado um dos meus pais. Olho para o lado e vejo o rosto do meu pai, seus olhos estavam fechados e ele parecia estar mesmo dormindo profundamente, mas ele era um predador, e se acordasse quem estaria encrencada seria eu.

Encontro a arma no fundo da gaveta e a pego. Estranho um pouco seu peso, então a seguro com as duas mãos tentando mantê-la estável o máximo que eu conseguia, apesar de que minhas mãos estavam trêmulas demais por conta da adrenalina que circulava em meu sangue naquele momento, e isso não me ajudava nem um pouco. Eu me levanto no escuro, sabia exatamente onde estavam meus pais para que eu pudesse mirar diretamente na cabeça deles, porém eu ainda não sentia que tinha coragem o suficiente para conseguir puxar o gatilho.

- Atira. – Ouço um sussurro em meio a escuridão do quarto. – Atira.

Logo reconheço a voz do meu próprio pai me mandando atirar. Então ele já sabia o que eu queria, e pelo visto não iria tentar me impedir. Será que ele acha que não sou capaz disso? Ou que realmente quer que eu seja como ele, e para isso eu teria que mata-lo? Eu quero fazer isso... Quero que ele morra. Quero por fim a esse pesadelo em que estou presa desde que nasci, mas talvez eu não seja capaz de fazer isso com minhas próprias mãos. A existência dele ainda me impede de eu me erguer. Ele ainda me dá muito medo. Como eu poderia impedir um homem como ele? Alguém como eu? Não sou nada perto do meu pai. Ele é invencível.

- Atira! – Ele grita comigo e eu me afasto para trás amedrontada com sua voz grave. – Atira!

Ouço a cama ranger e vejo sua sombra se sentar na cama, ele tira uma faca de debaixo do travesseiro e ouço um barulho estranho e depois murmúrios de agonia. Corro até o interruptor e acendo a luz, vendo o que ele havia acabado de fazer. Meu pai havia cortado o pescoço da minha mãe enquanto ela dormia, agora ela estava se debatendo em cima da cama enquanto sufocava em seu próprio sangue.

- NÃO! – Eu grito.

Me desespero, mas não saio correndo, apenas aponto a arma ainda mais alto na direção do meu pai, que se levanta da cama na mesma hora e caminha até mim segurando sua faca ensanguentada. Ele para na minha frente e se ajoelha, ficando um pouco abaixo de mim, em seguida ele segura meu pulso fortemente, levando o cano da arma em direção a sua cabeça e encostando ela em sua testa enquanto me olhava nos olhos.

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora