Capítulo 18

224 26 10
                                    

Antes

Dia: /̶/̶/̶/̶  ////

Algum lugar no Oceano Atlântico Norte

Lyanna

Mais um dia nesse lugar. Penso enquanto terminava de marcar em uma árvore cada dia que se passa em que estamos presos na ilha. Por mais que a vista seja maravilhosa, o esforço que estamos tendo que fazer para sobrevivermos, está testando cada célula do nosso corpo.

Eu andei pela floresta procurando por frutas e verduras comestíveis. Já havia encontrado banana, abacate, mamão, entre outros, mas o que mais tem por aqui é coco. Levo tudo que encontrei de volta a praia, em cima de uma folha de bananeira que eu usava para arrastar pela floresta. Uma hora o outra alguma coisa caia para fora, então eu tinha que parar e colocar de volta em cima da folha. Era uma coisa cansativa, mas necessária.

Quando finalmente chego a praia, vejo Ben sentado na areia de costas, parecia estar fazer alguma coisa com a faca. Eu deixo a folha de bananeira cheia de coisas perto do nosso abrigo temporário e pego um banana, caminhando até ele em seguida.

Por sorte ele havia parado com aquelas provocações, parece que foi somente aquele dia mesmo. O problema é que estranhamente eu me sinto muito mais interessada nele do que antes. Não sei se é porque faz um tempo que não transamos ou por causa daquelas suas provocações idiotas. Mas seja como for, eu quero tentar não pensar nisso.

Assim que me sento perto dele, finalmente percebo o que ele estava fazendo, parecia ser uma lança. Ele estava deixando a ponta dela cada vez mais afiada.

- Vai fazer o que com isso?

- Vou te mostrar o motivo de eu chamar "OPescador".

- Quero só ver. – Sorrio. – Depois você termina isso, eu trouxe umas coisas pra gente comer.

- Já estou quase acabando.

- Tá bom.

Eu me deito na areia bem ao seu lado, enquanto comia a banana que eu havia levado comigo para perto dele. Olhava o céu e via os pássaros passarem planando sobre nós. Várias coisas vem a minha cabeça sobre Ben, coisas que eu ainda não sabia e sempre quis saber. Mas ele sempre foi tão sério o tempo todo, e eu ficava meio receosa de perguntar.

- Me diz aí, qual é que é daquele seu "uni, duni, tê"? – Finalmente tomo coragem para perguntar alguma das coisas que eu tinha curiosidade.

- É sério? – Ele para o que estava fazendo e olha para mim, nossos olhos se cruzam.

- Sim, sempre quis saber.

- Bom... – Ben sorri e volta a fazer o que estava fazendo. – A Amber... – Ele suspira ao lembrar dela. – Ela tinha um livro cheio de desenhos... Nossa, ela amava aquele livro... Me pedia para ler pra ela todo dia antes de dormir. Aí ele sempre começava assim: Uni, duni, tê; Salame minguê; O sorvete colorê; O escolhido foi você; Lá em cima do piano; Tem um copo de veneno; Quem bebeu, morreu; O azar foi seu; Ma-mãe man-dou; Eu es-co-lher; Es-te da-qui; Mas co-mo eu sou; Mui-to tei-mo-so; Eu vou es-co-lher; Es-te da-qui!

Eu o encarava seria enquanto ele dizia o que estava dizendo. Me esforço ao máximo para levar a sério o que ele havia me acabado de dizer, por estar relacionado a Amber, mas não consigo me conter e caio da risada.

- É sério isso?! – Eu falo rindo.

- Sério. – Ele ri também.

- Ta, mas porque você diz isso quando mata alguém?

Amor Rubro - Vol. IVOnde histórias criam vida. Descubra agora