E vamos de conversa? Quem quer saber o que aconteceu com tia Josi perfeita?
Boa leitura a todos e até quinta ♥️
(...)
Marcela não sabia para onde Gizelly a estava levando, mas também não perguntou. Quando entrou no carro, notou na mesma hora que o veículo era novo e franziu as sobrancelhas. A morena prestava atenção na descida estreita de Santa Tereza, ambas em silêncio.
- De quem é esse carro? - Perguntou, sentindo o cheiro de produto novo.
- É meu. Meu pai acabou de comprar.
- Pensei que ele não quisesse te dar um porque você é irresponsável.
A morena fez uma careta e a olhou por um segundo antes de fazer a curva para sair da ladeira.
- Não precisa ficar falando que sou irresponsável - Gi revirou os olhos. - Ele descobriu que venho da faculdade de carona. A puta da vizinha contou que me viu saindo do carro da Ivy.
- O quê?
Por um segundo, Marcela acabou esquecendo dos próprios problemas. Era assim quando estava com Gizelly. Não porque ela também tinha problemas até o pescoço, mas porque ela tinha esse dom. O dom de fazer com que não precisasse focar nas coisas tristes. Quando via, estava falando sobre qualquer assunto aleatório. Como agora, a vontade de chorar até havia passado.
- É, a filha da vizinha que contou sobre eu chegar bêbada casa - o carro parou em um sinal vermelho. - A filha é igual a mãe, duas cuzonas.
- Gizelly - Marcela riu pela primeira vez desde que recebeu a notícia da mãe. - Para de xingar as pessoas.
- Ah, elas são cuzonas fofas - mais risadas no carro, ela era impossível. - E ah, meu pai perguntou se Ivy é uma mulher loira. Pois é, eu falei que sim e já mandei mensagem falando para a Ivy pintar o cabelo. Ela que lute.
Pouco mais de dez segundos depois e estavam em movimento outra vez.
- Coitada da menina.
- Ué, a porra da cuzona fofa me viu saindo do seu carro e falou para o meu pai. O que a pessoa ganha com isso?
A loira ficou tensa.
- Será que ele desconfia de alguma coisa?
- Não, ele pensa que você é a Ivy. Não quer que eu dê mais trabalho para ninguém e por isso me deu o carro.
Isso era uma coisa boa, Marcela sabia disso, afinal ela não precisaria ficar esperando até tarde o ônibus e nem precisaria de carona também. Mas por dentro ficou um pouco sentida por não poder ir embora com ela mais todos os dias, como faziam normalmente. Era o único momento que tinham juntas durante a semana sem ninguém por perto e agora não teriam mais.
- Marcela, eu tenho uma coisa muito séria para te pedir - Gi falou depois de alguns segundos. Dirigindo, olhou em volta e avistou um acostamento na área central do Rio. - Vou até estacionar um segundo para poder olhar nos seus olhos.
Marcela franziu as sobrancelhas.
- E precisa mesmo estacionar? O que é tão sério? Não vai me deixar mais atordoada do que eu já estou, Gizelly.
Sem responder de imediato, a aluna encostou o carro e colocou a marcha em ponto morto. Então tirou o cinto de segurança e se virou para Marcela, pegou as mãos alvas e respirou fundo. Marcela ficou nervosa, ela estava séria demais.
- Marcela, por tudo que é mais sagrado no planeta Terra - ela começou. - Eu sei que está tudo difícil, mas você não tinha ninguém melhor para te substituir não? - Marcela não acreditou e riu. - Meu Deus do céu, eu não vou aguentar mais um dia com aquele homem falando coisa com coisa, passando seu slide e lendo o texto sem saber explicar. Eu vou surtar, cara, pelo amor de Deus, eu te imploro.
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Santuário
ParanormalEstudar os Santuários Marítimos do Brasil sempre foi um sonho que Marcela, professora universitária da UFRJ, sonhava em fazer desde que decidiu seguir carreira no ramo da biologia marinha. Mal sabia ela que o verdadeiro santuário estava bem mais pr...