49- Hoje, Sim

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E vamos de conversa? Quem quer saber o que aconteceu com tia Josi perfeita?

Boa leitura a todos e até quinta ♥️

(...)

Marcela não sabia para onde Gizelly a estava levando, mas também não perguntou. Quando entrou no carro, notou na mesma hora que o veículo era novo e franziu as sobrancelhas. A morena prestava atenção na descida estreita de Santa Tereza, ambas em silêncio.

- De quem é esse carro? - Perguntou, sentindo o cheiro de produto novo.

- É meu. Meu pai acabou de comprar.

- Pensei que ele não quisesse te dar um porque você é irresponsável.

A morena fez uma careta e a olhou por um segundo antes de fazer a curva para sair da ladeira.

- Não precisa ficar falando que sou irresponsável - Gi revirou os olhos. - Ele descobriu que venho da faculdade de carona. A puta da vizinha contou que me viu saindo do carro da Ivy.

- O quê?

Por um segundo, Marcela acabou esquecendo dos próprios problemas. Era assim quando estava com Gizelly. Não porque ela também tinha problemas até o pescoço, mas porque ela tinha esse dom. O dom de fazer com que não precisasse focar nas coisas tristes. Quando via, estava falando sobre qualquer assunto aleatório. Como agora, a vontade de chorar até havia passado.

- É, a filha da vizinha que contou sobre eu chegar bêbada casa - o carro parou em um sinal vermelho. - A filha é igual a mãe, duas cuzonas.

- Gizelly - Marcela riu pela primeira vez desde que recebeu a notícia da mãe. - Para de xingar as pessoas.

- Ah, elas são cuzonas fofas - mais risadas no carro, ela era impossível. - E ah, meu pai perguntou se Ivy é uma mulher loira. Pois é, eu falei que sim e já mandei mensagem falando para a Ivy pintar o cabelo. Ela que lute.

Pouco mais de dez segundos depois e estavam em movimento outra vez.

- Coitada da menina.

- Ué, a porra da cuzona fofa me viu saindo do seu carro e falou para o meu pai. O que a pessoa ganha com isso?

A loira ficou tensa.

- Será que ele desconfia de alguma coisa?

- Não, ele pensa que você é a Ivy. Não quer que eu dê mais trabalho para ninguém e por isso me deu o carro.

Isso era uma coisa boa, Marcela sabia disso, afinal ela não precisaria ficar esperando até tarde o ônibus e nem precisaria de carona também. Mas por dentro ficou um pouco sentida por não poder ir embora com ela mais todos os dias, como faziam normalmente. Era o único momento que tinham juntas durante a semana sem ninguém por perto e agora não teriam mais.

- Marcela, eu tenho uma coisa muito séria para te pedir - Gi falou depois de alguns segundos. Dirigindo, olhou em volta e avistou um acostamento na área central do Rio. - Vou até estacionar um segundo para poder olhar nos seus olhos.

Marcela franziu as sobrancelhas.

- E precisa mesmo estacionar? O que é tão sério? Não vai me deixar mais atordoada do que eu já estou, Gizelly.

Sem responder de imediato, a aluna encostou o carro e colocou a marcha em ponto morto. Então tirou o cinto de segurança e se virou para Marcela, pegou as mãos alvas e respirou fundo. Marcela ficou nervosa, ela estava séria demais.

- Marcela, por tudo que é mais sagrado no planeta Terra - ela começou. - Eu sei que está tudo difícil, mas você não tinha ninguém melhor para te substituir não? - Marcela não acreditou e riu. - Meu Deus do céu, eu não vou aguentar mais um dia com aquele homem falando coisa com coisa, passando seu slide e lendo o texto sem saber explicar. Eu vou surtar, cara, pelo amor de Deus, eu te imploro.

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