Marcela estava saindo do elevador com Ivy quando o celular tocou no bolso traseiro da calça. Não parou de andar por entre os carros no estacionamento, mesmo não reconhecendo o número que aparecia na tela de seu aparelho. Deslizou o botão para o lado e atendeu a ligação, o levando até a orelha.
- Alô? - Disse, com as sobrancelhas franzidas. Já ia dar uma da manhã.
- Marcela?
- Gizelly? - Má parou na mesma hora, Ivy não viu, bateu em seu corpo e gritou um "ai" que ecoou pelo estacionamento vazio. - Meu Deus, de quem é esse telefone?
- É da minha mãe, ela me emprestou escondido. Meu pai está dormindo - a morena sussurrava do outro lado da linha. - Eu só liguei para saber como você está. Estou com saudades.
Marcela bufou.
- Essa não é a questão, você sabe, né?
- Eu sei, mas não quero que você faça nada precipitado. Está bem?
A loira cruzou os olhos com os da morena a sua frente, que não entendia nada do que estava acontecendo. Ficou alguns segundos em silêncio e finalmente respondeu a namorada:
- Tudo bem... - suspirou ao dizer. - Mas quero que você saiba que não concordo nem um pouco com o que o seu pai está fazendo. E também não admito que você termine comigo por causa disso.
Agora foi a vez de Gizelly ficar em silêncio, algo que durou alguns segundos a mais. Marcela esperou pacientemente.
- Certo... - foi tudo que ela disse. Em seguida se ouviu o barulho de alguém batendo na porta e mais um segundo de silêncio. - Agora eu preciso desligar, minha mãe está pedindo o celular, parece que meu pai acordou para ir ao banheiro.
- Toma cuidado...
- Eu te amo - Marcela sentiu um nó na garganta ao ouvir a namorada. - Nunca se esqueça disso.
Antes mesmo que a loira pudesse responder alguma coisa, até mesmo dizer que também a amava, a ligação caiu. Foi encerrada pela aluna. Então bloqueou o aparelho ao tirá-lo do ouvido e o colocou de volta no bolso, aonde estava antes.
- O quê houve? - Ivy perguntou assim seus olhos tornaram a se encontrar.
- Ela me pediu para não fazer nada precipitado - explicou.
- E o que você vai fazer? Vamos subir então?
- Claro que não, eu vou lá.
- Ué?
- Ela não me fez prometer nada - Marcela deu de ombros e saiu andando na frente outra vez. - Você vem?
- Óbvio.
Ambas entraram no carro da loira, que dirigiu em silêncio pelas ruas da Barra da Tijuca. Dentro do veículo estava um silêncio absoluto, embora houvesse uma confusão de palavras tomando conta da mente de Marcela. O aparelho de som estava desligado e do lado de fora quase não se via carros passando. Ivy estava associando tudo aquilo como uma ida a um cemitério, um cemitério que prometia virar uma bagunça tremenda. Estava indo pela melhor amiga, mas confessava que também estava curiosa para saber como seria o desfecho da briga.
Era fofoqueira, o que poderia fazer?
Não demorou muito para que a loira estacionasse o carro na rua lateral ao condomínio. Como já era uma da manhã, a rua estava vazia. Era dia de semana e raramente passava alguém a pé, vez ou outra passava um carro em alta velocidade, provavelmente preocupado com assalto.
Assim, juntas, foram até a portaria.
(...)
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Santuário
ParanormalEstudar os Santuários Marítimos do Brasil sempre foi um sonho que Marcela, professora universitária da UFRJ, sonhava em fazer desde que decidiu seguir carreira no ramo da biologia marinha. Mal sabia ela que o verdadeiro santuário estava bem mais pr...