Santuário

90- Jogo é Jogo, Amor é Amor

- Essa parte aqui do armário vai ser minha - Gizelly tirava as roupas da namorada e colocava tudo amontoado do lado direito do guarda-roupa.

Marcela estava deitada na cama somente de pijama, deitada ao lado de uma Ivy que mexia no celular e bocejava ao mesmo tempo. A loira acompanhou o bocejo com outro, sem conseguir evitar, e olhou para o lado de fora da janela aberta do quarto. O céu estava estrelado, pois a temperatura ainda estava quente. Não como nos outros dias, mas se recusava a ligar o ar-condicionado enquanto Gizelly não sossegasse o cu e deitasse na cama de uma vez por todas.

- Gizelly, vai dar quatro da manhã. Vem deitar e amanhã você vê isso - Má bocejou outra vez e se virou. - E vocês, o que estão fazendo aqui ainda? Vão embora.

- Isso é jeito de você tratar a gente? - Rafaella fez careta para a amiga e jogou uma carta sete no meio da pilha sobre o tapete.

Estavam sentadas no chão junto com ela, Bianca, Mari, Carol e Hari. As cinco jogavam Uno e estavam bastante concentradas na partida. Quando Marcela chegou junto com as meninas, as cinco estavam esperando na portaria. Elas acompanharam a novela desde o início, pois sempre uma contava para a outra tudo que estava acontecendo. Agora estava todo mundo ali na casa da loira, com uma animação surpreendente para o horário elevado.

- A gente estava preocupada com vocês - Bianca tirou uma das duas cartas que tinha na mão que jogou no topo da pilha. - Uno!

- Você já está de Uno, minha filha? - Mariana fez uma careta, sabendo que provavelmente ela fecharia o jogo na próxima rodada. - Está escondendo carta.

- Seu cu, eu sei jogar.

Na cama, a professora de biologia bocejou novamente enquanto desviava a atenção entre a namorada e o restante das inconvenientes. Era impressionante como elas conseguiram realmente ignorar o que estava acontecendo em volta. Ivy continuava mexendo nas redes sociais enquanto sorria feito uma idiota ao ver os comentários em uma foto dela com Mari. As cinco no chão seguiam o jogo como se valesse dinheiro, o que acabou sucedendo em uma carta preta em cima de Bianca.

- Come um +4, minha filha - Rafa sorriu para a namorada.

- Que isso, amor? Pensei que estivesse do meu lado.

- Jogo é jogo, amor é amor.

- E um lance é um lance - Carol completou contando, o que fez com que as meninas começassem a rir.

- Uno - Mari sorriu e piscou para a professora de natação, que até tentou na rodada matar a jogada, mas conseguiu bater mesmo assim.

- Vocês duas jogam contra mim, que ódio - Bia revirou os olhos e as meninas riram.

- Você nunca aceita perder, né? - Hari perguntou, mas também ria.

Para Marcela, tudo aquilo foi durou uma brutal eternidade, mas ainda assim estava feliz por elas estarem ali enchendo o saco. Até Natasha resolveu dar as caras no quarto e acabou sendo paparicada por elas. Havia sido um dia cheio e perturbado, porém pela primeira vez em mais de 48 horas, tudo parecia estar no local certo, sem tirar e nem por.

Estava feliz por estar perto de Gizelly outra vez, a essência dela iluminava tudo em volta. Era como se o dia ficasse mais colorido, como se o brilho e o contraste estivessem na proporção perfeita, independentemente de como estivesse o clima. Esse era um dom que só ela tinha e esse era outro motivo por qual Marcela a amava profundamente. Por isso nem pensou duas vezes em ir busca-la e trazê-la para morar consigo, embora soubesse que ela tivesse dinheiro suficiente para alugar um apartamento enorme no Leblon, que era o bairro mais caro do Rio de janeiro.

Era quase 5 horas da manhã quando as meninas se espalharam pela casa para dormir. Felizmente a morena havia terminado de arrumar o diacho das roupas no guarda-roupa e, antes de se deitar o seu lado, tomou uma chuveirada rápida e trocou a roupa que vestia, embora também fosse de dormir. Afinal saíram da casa dela do jeito que ela estava, ou seja, de camisola.