9- Foda-se

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Oiii. Cheguei trazendo mais um capítulo lindo e cheiroso ♥️

Espero que gostem 🥰

(...)

Marcela tentou se convencer de que a morena não fez falta na segunda e muito menos na terça, mas quem estava tentando enganar. Nem a música que tocava no rádio, de sua playlist, parecia a mesma sem ela cantarolando tudo errado do lado.

Era uma sensação esquisita. Não era como se fosse morrer só porque a garota agora estava indo embora com outra pessoa, mas quando ela chegou com a amiga na sala de aula, precisou reprimir um suspiro. Estava mais uma vez linda demais, mesmo que as roupas não estivessem bem ajustadas ao corpo. Julgou serem de Ivy, afinal a diferença física das duas era enorme, totalmente diferente da filha do diretor do AquaRio.

- Vamos a alguns avisos, tudo bem? - Ao indagar, pegou três maços de folhas A4 e as segurou no braço, deixando-as separadas por seus dedos. - Como eu disse na segunda, a prova é toda discursiva. Temos três provas diferentes, logo não adianta colarem. Se tentarem mesmo assim, adianto que a turma toda leva zero.

- Quê?! - Os alunos exclamaram.

- Isso mesmo. Se um for pego colando, a turma toda leva zero.

- Que isso professora? Cadê o seu eu bonzinho dos outros dias?

- Exatamente por isso. Eu sou boazinha, Luiz, mas não quero que montem em mim. Expliquei a matéria toda de novo, tirei dúvidas, dei trabalho, então o mínimo que eu espero de vocês é que não colem.

Ninguém respondeu nada. Sabiam que estava certa nesse quesito. Havia ajudado a todos da forma que podia, agora era com eles.

- Para quem estudou, a prova está fácil - começou a distribuir as folhas, intercalando as mesas. - Não virem a prova até eu mandar.

Ao colocar a prova virada para baixo na mesa de Gizelly, seus olhos se encontraram de forma intensa. Ninguém em volta pareceu perceber o princípio de uma tempestade que se formava toda vez que a troca de olhar durava mais que um segundo.

- Guarda o estojo - disse, séria, e se voltou para a turma. - Somente lápis, caneta e borracha sobre a mesa, por favor.

Mais alguns muxoxos, como sempre, e somente dessa vez Marcela soltou um sorriso. Eles eram um bando de reclamões, era impressionante, mas não podia dar mole, senão não teria mais volta. O pior erro de um professor era se deixar ser dominado pelos próprios alunos.

Não costumava ser uma professora muito rígida, muito pelo contrário, era simpática e brincava com todos os alunos. Gostava de conhecer a todos, suas histórias de vida, era legal conhecê-los melhor. Geralmente acabava virando algum tipo de psicóloga, mas gostava de dar conselhos e vê-los bem. Era muito raro ter trabalho com algum, embora sempre tivesse aquele que faltava demais ou que não queria nada com a vida. Ah, nesse caso era reprovação na certa e não havia quem a fizesse mudar de ideia.

Sempre foi muito boazinha, mas tudo tem seu limite. Então não tinha pena alguma de reprovar alunos faltosos e principalmente aqueles que passavam a aula inteira distraídos de alguma forma. Quer dormir na aula? Fique a vontade, mas depois não reclame se precisar de um décimo para passar na matéria.

Durante a prova, permaneceu sentada na frente da mesa observando os alunos atentamente.  A cada cinco minuto, levantava e passeava pelos corredores por entre as carteiras e olhava mesa por mesa, buscando por possíveis movimentos suspeitos. Gostava de amedrontá-los e aquele que colava sempre dava os sinais claros. Fingir que está pensando era o pior de todos eles.

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