52- Você é Uma Peste

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Oiii, estamos de volta!

Para quem não encontrou a playlist no Spotify pelo link, o nome dela é: Santuário (Gizelly e Marcela)

E aí, quem vocês acham que é na ligação?

Boa leitura e até quinta ♥️

(...)

Os 5 segundos que o celular levou vibrando na mão de Marcela foi como se fossem 5 horas. Foi como se um filme passasse por sua cabeça, rápido e desastroso. Aqueles filmes que começam com todo mundo feliz e do nada algo aparece para destruir tudo. Ficou tão chocada que a sua mão tremeu, o aparelho vibrando entre os dedos.

- Marcela? - Gi a chamou, tinha acabado de conhecer e abraçar Enzo.

Isso a fez voltar a realidade. Respirou fundo e apertou o botão vermelho, encerrando a ligação antes mesmo de iniciar. Colocou em modo avião e guardou de volta no bolso. Com um sorriso, foi até a mais nova e passou o braço por sobre os ombros dela.

- Conheceu a pessoa mais carente dessa casa? - Perguntou, já rindo da careta que Mariane estava fazendo.

- Por que você não vai dar uma volta de vassoura, bruxa?

- Vou te mostrar a bruxa - mas Marcela ria.

Mari estava cumprimentando Enzo também e depois abraçou o pai de Marcela, que também considerava como se fosse seu. Acabou sorrindo com a cena da melhor amiga rindo muito a vontade com Gizelly do lado. Ivy também ria e nesse momento seus olhos se encontraram, sorriu para ela. Superficialmente parecia que tudo estava perfeito, mas sabia que qualquer coisinha poderia desmoronar tudo.

Por esse motivo, preferia ficar de olho em tudo. Observar as coisas de fora fazia com que tivesse uma visão mais ampla de tudo que estava acontecendo. Olhava com atenção cada reação de todos ali. Enzo parecia buscar uma realidade alternativa para se enfiar, era o que percebia ao vê-lo focado somente na cena do filme de ação que passava na televisão. Mariane tentava encontrar apoio nos braços de qualquer pessoa, a personalidade era totalmente oposta de Marcela e Enzo. Ela era a mais carente, a que mais precisava de cuidados. O patriarca parecia perdido e triste, sentia vontade de abraça-lo somente de olhar a expressão que sabia muito bem ser tudo fachada.

E Marcela... Cresceram juntas, conhecia a melhor amiga mais do que a si mesma. Desde pequenas, sabia tudo o que ela estava pensando. Quando brincavam juntas, seja de supermercado, seja de professor, ou até mesmo de boneca mesmo, sabia tudo o que ela estava pensando e o que ela preferia fazer. Marcela era o tipo de criança que dividia os brinquedos com todo mundo e ainda assim deixava as crianças brincarem quando elas tentavam mandar em suas coisas. Tratavam-na mal e ela não mandava ninguém embora, não terminava a brincadeira, só saía. Ela não conseguia ser má com ninguém e, mesmo chorando, no dia seguinte estava brincando com as mesmas crianças como se nada tivesse acontecido.

E hoje não era diferente, Marcela não havia mudado nada. Ela não conseguia ser má com as pessoas, não guardava rancor por muito tempo. Tudo que ela sofria era acumulado em alguma parte de seu interior, mas sabia que ela mesma não notava isso acontecer. E, como criança, todo aquele acúmulo a fazia sentir mal alguma hora e no fim ela estava chorando por coisas que nem sabia mais que existiam.

Sempre esteve com ela em todos esses momentos. Quando as meninas implicavam com ela, sempre se pôs na frente para defendê-la, catava os brinquedos e a arrastava para longe, mesmo ouvindo protestos dizendo que estava tudo bem. Agora era assim que sentia que Marcela estava agindo. Sua melhor amiga mediava tudo, consolava a todos e no fim acabava com os sentimentos acumulados, fazendo-a mal. Mas não deixaria isso acontecer de novo.

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