- Raio de sol.
Coro violentamente quando Diogo me cumprimenta com esse apelido, quando eu, Evangeline e a Madrasta entramos na loja de seus pais. Viemos para os últimos ajustes nos vestidos, e sou recebida assim. A madrasta nem liga, mas Evangeline percebe. E isso que me faz ficar nervosa.
Com certeza ela falará com a mãe assim que possível. Ou no pior momento. E uma hora ou outra vai cair nos ouvidos de Ella, de uma forma errada e retorcida.
Lanço um olhar de aviso, para ele, mas não tenho certeza se entendeu, já que foi chamar a mãe, que está nos fundos da loja.
Essa semana parece ter tido um avanço, depois que ele enviou vários buquês para Ella, a menina abaixou a guarda para ele. O perdoar é a palavra certa, e somente isso aconteceu. Diogo acredita que seja um grande avanço, mas eu ainda acho que não é nada. Ella não parece estar se apaixonando por ele.
Mas mesmo assim, Diogo não pode ficar me chamando por apelidos. Além de pegar mal, Ella pode entender as coisas completamente diferente do que realmente são.
Me sento em um dos sofás dispostos na loja, preparada para a tortura da hora seguinte. Meu amigo não aparece mais, enquanto estamos fazendo os ajustes finais, nem depois, quando vamos embora. Mas recebo um bilhete seu, quando chego em casa. Ele foi liberado mais cedo e está me esperando na cachoeira.
Troco de roupa rapidamente, e aproveito para me libertar do espartilho. Aviso à madrasta onde vou, mas ela nem liga, então aproveito para ir tranquilamente.
Pulo a cerca, atravesso o campo florido e entro na floresta, cantarolando uma música da Katy Perry e morrendo de saudades da minha amada playlist.
Encontro Diogo em cima da grande pedra, todo molhado e sem camisa. Aí. Meu. Pai.
- Quer nadar? - ele pergunta, quando estou perto o suficiente para ver as gotas d'água descerem por seu abdômen.
- Não trouxe biquíni. - brinco, subindo na pedra. Quando chego ao seu lado, ele pergunta o que é biquíni. - É uma roupa de banho feminina. Do século XXI.
- Suponho que sejam leves.
- Tão leves que o senhor, do século XVIII, ficaria encabulado. - solto uma risada sarcástica e me sento na ponta da pedra. - Esse vestido é horrível, pesado e quente. Não dá pra nadar com ele.
- Tire. - ele dá de ombros e desce da pedra. - Estamos só nós dois aqui, você pode ficar só de chemise sem nenhum problema.
Coro só de pensar na ideia. - Tem certeza?
- Claro! - ele afunda os pés no rio, levanta a cabeça e volta a me olhar. - Fazemos isso desde sempre.
Suspiro, sem certeza se vou ou não. Ele está apenas de calça, que está dobrada até embaixo dos joelhos, e se eu ficar só com o camisolão branco... Quando sair da água ele ficará transparente.
- Não acho que Ella concordaria com isso. - comento, o observando entrar na água.
- Realmente... - ele assente, fazendo seu cabelo, preto e molhado, brilhar como se estivesse com glitter. - Mas não precisamos contar à ela.
Reviro os olhos. Ele sempre tem resposta pra tudo, e isso é irritante. Estou acostumada a sempre ser eu quem tem a resposta na ponta da língua, sempre. Quando estou com o garoto de cabelos pretos, me perco no meio da frase, ou às vezes nem encontro a primeira palavra.
E ele sempre arruma uma forma de me convencer, como agora. Só tenho motivos para negar um mergulho no rio com ele, mas não consigo dizer não. Ele parece estar seguro, que nada demais irá acontecer, e isso passa para mim.
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O Que Os Contos Não Contam
FantasyAyla, Eloise e Íris são trigêmeas, mas a única coisa em comum é o amor pelos livros de contos de fadas. Principalmente pelas adaptações. As três vivem em pé de guerra, sempre discordando uma da outra, mas quando Íris acha uma nova adaptação tudo mud...