— Bibbidi Bobbidi-Boo...? Nos leve até Íris... — Ayla pede ajuda com o olhar, mas também não sei o que rimar. — Mesmo que esteja no sul!
Tampo minha boca com a mão, para abafar a risada. Diogo, noivo de Ayla (por mais estranho que seja), gargalha sem nenhum pudor; nunca pensei que Ayla ficaria com um cara assim.
— Porque não deu certo? — ela resmunga para a varinha de condão da Fada Madrinha.
— Receio que precise de mais certeza. — Vitório opina, com os braços cruzados, ao mau lado. — Agora que encontrou a rima pode dizer com mais afinco.
— Não quero te apressar — a interrompo, desviando sua atenção. —, mas estamos há muito tempo aqui, e meu estômago está roncando.
— Já passou do horário de almoço — Diogo lembra, conferindo as horas em seu relógio de bolso.
Com o cenho franzido, minha irmã assente e respira fundo. Algumas mechas loiras que estavam jogadas em seu rosto flutuam com a respiração pesada. Ela está tão concentrada que nem percebe isso.
— Bibbidi Bobbidi-Boo, nos leve até Íris mesmo que esteja no sul! — ela exclama com força.
No segundo que termina a frase há uma explosão de luz em volta de nós quatro. Vitório me puxa para perto enquanto seguro a mão de Ayla, que está nos braços de Diogo.
Tudo acontece muito rápido, em questão de meio segundo já não estamos mais na margem da cachoeira e viemos parar na frente de uma livraria.
Olho em volta e há uma praça com várias pessoas, mas ninguém percebe nossa chegada súbita.
— Bem, acredito que não tenha esquecido nenhum órgão no meio do caminho. — Diogo comenta, enquanto confere se Ayla está bem.
Ela dá um sorriso irônico e guarda a varinha em sua bolsa de couro.
— Onde está sua irmã? — Vitório pergunta, olhando pela praça. — Disse que é parecida com a srta. Ayla, mas não a vejo em nenhum lugar.
— Deve estar por aqui — Lalá afirma. — A varinha não nos traria no lugar errado. Acho...
Escuto um burburinho e me viro na direção. Homens saem de uma taberna e caminham com convicção em direção à praça. Algumas mulheres e crianças vão embora, outros abrem caminho.
Dois homens vão na frente do grupo, um moreno com topete, que ameaça cair em seus olhos a qualquer momento, e um loiro, com os cabelos roçando os ombros. Os dois conversam entre si, gesticulando bastante, ambos ansiosos e com raiva estampada em seus rostos.
— Eu conheço o de cabelos pretos. — Vitório comenta. — É um caçador muito conhecido, o melhor desse reino. Se chama Gaston.
Arregalo meus olhos e encaro Ayla, que me encara da mesma forma. Íris veio parar no conto da Bela e a Fera!
— O senhor poderia falar com ele? — minha irmã pede a Vitório. — Pergunte o motivo da confusão.
— Claro. Volto num instante.
Vitório se dirige aos homens com o queixo erguido. Gaston o recebe bem, mas ainda está tenso; algo sério está acontecendo.
Os dois conversam por uns dez minutos, e o homem loiro entra na conversa justo quando penso que estão acabando.
— Espero que não estejam falando sobre mulheres — Diogo comenta. — Vou lá apressa-lo.
O moreno se dirige até Vitório e os dois homens com uma postura relaxada. Ele sorri para o grupo quando chega, e eles riem de algo que diz. Daqui consigo ver que o ar ficou uns dez quilos mais leve.
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O Que Os Contos Não Contam
FantasyAyla, Eloise e Íris são trigêmeas, mas a única coisa em comum é o amor pelos livros de contos de fadas. Principalmente pelas adaptações. As três vivem em pé de guerra, sempre discordando uma da outra, mas quando Íris acha uma nova adaptação tudo mud...