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-O que está fazendo aqui Felipe? Essa área não é para clientes.

-Sim, precisamos que saia._ Completou Beto.

-Eu vim ver essa daí, implorar, fazer qualquer coisa para ficar comigo de novo, mas vejo que não só seguiu em frente, como já partiu mais um coração.

Beto ficou bem mais sério, como se aquelas palavras o atingissem.

-O que há de errado com vocês homens? Eu nunca prometi nada para nenhum dos dois, ambos sabiam que eu era comprometida, Felipe posso até concordar que foi enganado no começo, mas depois não. Quantas mulheres você ficou no processo de me fazer sentir ciúmes Felipe? Homens fazem isso sempre e prometem todo um futuro com a pobre garota. Não fiz nada de errado. Meu noivo e eu temos um acordo e é com ele que eu vou me casar. Não devo satisfação para mais ninguém além dele.

-Me desculpa, eu não devia ter te acusado assim. Eu aceito qualquer coisa, qualquer migalha, pode ter quantos amantes quiser, só volta para mim. Eu não sou mais o mesmo sem você. Mal consigo trabalhar, bebo para fazer a dor diminuir, mas só penso em você. Por favor, tenha pena de mim.

Felipe realmente estava destruído, o cabelo ensebado, as roupas rasgadas e amarrotadas, o olhar desvairado. Mesmo sabendo que não era minha responsabilidade, me senti um pouco culpada.

-Eu não quero mais fazer sexo com você.

Ele ficou um tempo paralisado.

-Tudo bem, mas podemos conversar, ficar abraçados, andar no seu cavalo. Qualquer coisa, eu aceito qualquer coisa.

Pressionei minha boca e acenei com a cabeça, segurando minhas lágrimas.

-Eu preciso que você vá agora, te encontro no celeiro à noite.

Felipe concordou e saiu cambaleando.

-Acho que não deveria ter feito isso, vai alimentar as esperanças dele.

-Eu não sabia o que mais eu poderia fazer.

- Vai mesmo se casar com Pablo, não é? Não consigo entender... Não importa, você está certa, não nos prometeu nada. Quer que eu vá contigo mais tarde? Ele pode ser agressivo do jeito que está.

-Sim, eu gostaria. Obrigada, Beto.

Trabalhamos o resto do dia em um silêncio melancólico, nós dois claramente perdidos em pensamentos. A dor pela ausência de Riwty me deixava irritável, então fui indelicada com um ou dois clientes grosseiros. De tempos em tempos esfregava meu peito, como se para diminuir o puxão.

Vi uma coruja branca em uma árvore em frente à porta dos fundos da padaria quando saímos dali. Beto e eu continuávamos em silêncio. Talvez eu não devesse ter sido tão má com ele, se Riwty conseguisse eu não teria mais noivo. Se bem que com Elise sendo uma transviada eu não precisava me preocupar que ela não conseguiria um marido pela falta de dote.

Eu estaria livre. Definitivamente livre. Poderia me casar por amor, ou simplesmente não me casar. Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios.

-O que foi?

- Só acabei de perceber que a vida pode ser muito melhor do que eu tinha planejado.

Confusão e depois esperança brilharam nos olhos do homem ao meu lado.

-Mas não tenho certeza de nada._ tentei emendar para que Beto não depositasse muita fé em minhas palavras.

Paramos em frente ao celeiro e a coruja estava em outra árvore próxima. Logo entendi que aquele era o fae que Riwty havia destinado para me vigiar e percebi que minhas irmãs estavam sem qualquer proteção. Precisava voltar logo para a taverna.


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