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Olhei para trás, mas Riwty não estava mais lá. Pelo menos não de um modo que eu pudesse vê-lo. Então segui em frente, sentindo um pouco de frio nas costas pelo tecido transparente.

Impressionantemente o segurança não me impediu de entrar, apenas acenou com a cabeça para mim. Eu repeti o gesto um pouco insegura.

A festa ainda não tinha muitos homens, mas a cena era muito diferente mesmo assim.

Algumas mulheres estavam sentadas no colo dos homens, um deles, um que eu nunca havia conversado, estava com uma em cada coxa.

Todas estavam com o cabelo solto, o que não era muito comum na vila e haviam encaracolado os cabelos. Os vestidos eram todos muito coloridos, a maioria eu mesma tinha feito.

Elas estavam muito maquiadas, lindas. Pareciam tão lindas como pinturas ou bonecas. Estava encantada olhando tudo ao meu redor.

Não percebi que estava barrando a entrada até que um dos seguranças pediu gentilmente que eu fosse para o lado e sorriu para mim. Corei e fiz o que ele pediu.

Os homens foram chegando e a festa começou a se animar. Uma das meninas tocava piano e outra cantava, sua voz era linda e a música indecente.

Os homens pediam bebidas e entregavam os tostões. Para as mulheres eram cobres. Muitos jogavam as moedas dentro do decote das moças.

Vi uma delas despejar a bebida nos seios e o cliente careca bebeu e lambeu enquanto os apertava. Outra mulher passava a mão no pênis de um dos homens, enquanto a outra o beijava.

O número de mulheres ficou menor que o de homens em apenas 40 minutos. Então as moças contorcionistas desceram.

Elas vieram do segundo andar em fila. A maquiagem das meninas estava agora completa e seus tecidos diáfanos balançavam enquanto elas andavam rebolando.

Era lindo, a música mudou e em vez de piano um violão e tambores começaram a tocar. As meninas se esticaram conforme o som e andavam entre os homens embasbacados.

As meninas douradas circularam pelo salão tirando os tecidos enquanto faziam diversas posições que para mim eram impossíveis. Elas deixaram no corpo apenas uma tanga de tecido transparente. Seus mamilos também estavam pintados de dourado e eu me sentia envergonhada e excitada ao mesmo tempo.

Algumas mulheres puxavam os homens para os quartos, outras despiam-se na sala. Virei para o lado e encontrei Beto encostado na parede bebendo uma caneca de cerveja.

Ele ainda tinha algumas manchas de doce na calça e seu cabelo parecia mais espetado que de costume. Seu rosto também estava corado e seus olhos arregalados, mas recusou as meninas que se ofereceram para ele.

Também pedi uma cerveja para mim e o observei um pouco distanciada, ele não havia se virado na minha direção.

Vi Jeremiah com uma das moças douradas, seu cabelo também era loiro e sua pele bronzeada, isso fazia com que parecesse uma estátua de ouro.

Ele a agarrava com força, suas mordidas pareciam dolorosas e eu me senti enjoada. Nos momentos em que tirava a boca de cima da garota entornava cerveja e forçava a cabeça dela no seu pênis. Até seus gemidos eram nojentos.

As pessoas começaram a se afastar dali, um pouco incomodadas com essa situação. Vários homens pediram para serem levados para os quartos.

Em algum momento ela não o deixou satisfeito ou ele já estava bêbado demais, pois ele socou seu rosto. Antes que pudesse desferir o próximo, dois seguranças o arrastaram para fora. Ele saiu gritando e tentando se soltar.

A menina, cujo olho já estava arroxeando, foi levada para cima. Ela parecia em um estado de choque, seu corpo estava com várias marcas feias. Naquele momento não conseguia ficar ali sozinha.

Beto só me viu quando eu já estava bem perto. Seus olhos ficaram ainda mais arregalados e ele olhou para a caneca de cerveja como se a resposta do que ele estava vendo estivesse ali. Ele me reconheceu?

-Olá

-Boa noite.

Sorri para Beto e ele sorriu para mim de volta.

-Por que está sozinho?

-Vim a trabalho, só fiquei porque as moças insistiram.

Sorri ao ouvi-lo chamá-las do mesmo modo que eu e dona Gema.

-Mas não vai aproveitar a festa?

-Já estou aproveitando. Tenho bebida, boa música, boa comida e agora uma companhia adorável.

-Não vai me dispensar como fez com as outras meninas?

-Você não me ofereceu nada, não é?

Dessa vez dei uma gargalhada.

-Não, estou de folga hoje. Só vim aproveitar a festa, assim como você.

-Então é por isso que está usando uma roupa tão diferente das outras. Qual o seu nome?

Uma parte de mim ficou aliviada por ele não ter me reconhecido, mas a outra simplesmente não entendia. Isso deveria ser magia de Riwty, ele pensava em tudo.

-Vamos manter o mistério, assim fica mais interessante.

Virei-me para olhar a cena, mas sentia Beto olhando para mim. Encontrei Matias no salão, ele beijava uma mulher morena muito bonita. Matias passava a mão no cabelo dela, desfazendo seus cachos.

Meu coração se apertou ao ver aquela cena. Senti pena de Pablo, ele não estava ali. Como Matias podia trair assim? Mas depois de um tempo percebi que ele não fez nada além de beijá-la e suas mãos continuaram no cabelo. Após algum tempo ele lhe deu um cobre e saiu do bordel. Era apenas uma representação.

Olhei novamente para Beto, ele pareceu sentir pois também me olhou. Sorrimos um para o outro e ele pegou minha mão, me puxando para perto.

Eu me deixei ir, ele parecia hipnotizado. Quando estava ao seu lado ele pegou meu braço e traçou os apliques de rosas com os dedos.

Estava prestes a dar um passo para trás quando uma cena à direita me chamou a atenção. Felipe estava esparramado em um dos sofás vermelhos, com uma mulher negra, toda pintada de dourado ajoelhada aos seus pés. Sua boca subia e descia por seu pênis.

Aquilo me deixou congelada, tentei não transparecer sorrindo para Beto, mas não pareceu funcionar, pois ele franziu as sobrancelhas. Por que Felipe podia sempre me pedir para ser fiel a ele e andar com prostitutas? Por que ele as deixava fazer aquilo? Por que eu realmente era fiel se ele não achava isso?

Olhei profundamente para Beto, ele sempre havia sido gentil comigo. Sempre foi carinhoso e preocupado, ele era um doce.

Eu o puxei para um corredor.

-Venha comigo.

Ele pareceu hesitar.

-Hoje é seu dia de folga.

-Não é um trabalho.

-Eu não sei.

Ele relutava, já estávamos em um dos corredores. Alguns casais transavam ali mesmo, se bem que dava mais privacidade que o salão.

Encostei Beto na parede e sorri. Passei uma mão em seu cabelo, tinha uma textura diferente das que eu conhecia, espetava levemente minha mão.

Estávamos tão perto que eu conseguia sentir seu cheiro, ele tinha cheiro de açúcar e coisa assada. Senti vontade de lambê-lo e decidi fazer isso. Ele gemeu levemente. Dei um beijo suave em sua boca, passando a língua por cima dos seus lábios. Ele ainda não me tocava.

Distanciei meu rosto e olhei aqueles gentis olhos castanhos, eram fendas. Ele era tão bonito. Uma expressão de surpresa tomou seu rosto de repente.

-Ellie?

Assustada, dei um passo para trás. A compreensão o atingiu e ele me puxou e colou sua boca a minha com paixão.


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