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Acordei cedo e arrumei minhas coisas, ia deixar o baú na taverna mesmo, mas os tecidos eu precisaria levar.

-Mariane.

-Oi.

-Estou saindo, tranque a porta.

Ela concordou com a cabeça e saí com todas as minhas coisas escada acima. Carregar um baú era sempre desconfortável, mas não tinha jeito.

Fui para o quarto que eu costumava usar no fim do corredor e encontrei uma cena que me deixou com raiva. Pablo e Matias estavam transando lá dentro.

Matias estava ajoelhado na frente de Pablo chupando seu pênis, fiquei roxa de vergonha. Como eles não perceberam minha entrada, já que a porta estava aberta para meu maior desgosto e irritação.

Joguei o baú no chão e eles pularam, acho que Matias mordeu meu noivo porque Pablo xingou.

-Vocês não aprendem nunca?

Eles começaram a se vestir e eu fechei e tranquei a porta.

-Miau
(Esses dois se comportam como crianças, não têm juízo.)

-Desculpa Ellie.

-Não podia pelo menos ser no seu quarto?

-Eu preciso ir trabalhar.

Abri espaço para Matias sair e fiquei encarando Pablo.

-Pode pegar esse baú para mim e colocar ao lado da parede?

Pablo fez o que pedi sem me olhar, ele parecia envergonhado, mas eu não aguentava mais seus arrependimentos.

Não tentei falar nada, de que o pai dele poderia ter aparecido e ser forçado a ver aquela situação, ou o irmão ter vindo de surpresa, o que seria uma tragédia.

Simplesmente peguei uma bolsa de pano e guardei meus tecidos e linhas, saí dali e fui para a cozinha da taverna.

Pá me deu alguns biscoitos e um leite quente. Que também serviu para Bolinho.

Saí para o trabalho depois de dois dias de molho. Encontrei Beto e dona Gema ocupados na cozinha.

-Bom dia, vovó, Beto.

Beto sorriu largamente para mim, seus olhos puxados virando fendas em seu rosto. Ele realmente era muito bonito.

-Bom dia Ellie, sentimos sua falta por aqui.

-Mil desculpas pelas faltas.

-Claro que um par de mãos a mais é sempre útil, mas estava falando da sua companhia.

Sorri um pouco embaraçada e comecei a arrumar o balcão. Dona Gema retirava do forno uns biscoitos cor de rosa, aquilo chamou minha atenção, nunca tinha visto aqueles.

-Quer experimentar, minha florzinha? São de cereja.

Corri para a bandeja e peguei um, eram maravilhosos.

-Posso pegar mais?

-Claro, essa é apenas uma fornada de teste. Estou testando novas receitas para a festa das meninas da rua 3.

Era assim que eu e dona Gema nos referíamos às prostitutas da vila.

-Não sabia que haveria uma festa.

-Não é para as mulheres saberem, assim os maridos podem comparecer sem complicações.

-Quando vai ser?

-No domingo à noite. As meninas pediram que você entregue os vestidos nessa data, te pagarão o triplo se conseguir.

O triplo era muita coisa, daria para separar uma quantia para o dote de Elise e comprar algumas contas e uma tinta para reformar uma saia antiga e desbotada.  O único problema é que o tempo era muito curto, não dormiria essa semana.

AceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora