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Saí da biblioteca para a mesa de café da manhã, todos já estavam lá. As expressões de todos eram de alegria ao me ver. Acabei corando, não estava acostumada a ter muitas pessoas com reações positivas por minha causa. O mais surpreendente era a visível felicidade da minha irmã. Aqueles pensamentos me deixaram ligeiramente melancólica, mas espantei esse sentimento.

-Ficamos preocupados com você, principalmente quando Ester disse que não costuma ficar doente.

Não era bem verdade, eu só costumava esconder isso de todos. Não gostava de faltar ao trabalho, apesar de ter feito muito isso no último mês.

-Peço desculpas por ter preocupado vocês.

-Imagina, minha querida._ A senhora Lint veio até mim e segurou minhas mãos._ Agora vamos comer para você recuperar as forças.

Ela me levou até o aparador, me deu um prato e começou a colocar várias coisas nele. Fatias de queijos diferentes, um parecia ter pontos verdes, o que me fez quase recusar. Fatias de tortas lindíssimas, uma de nozes, uma de chocolate com chantilly e uma de limão. Como não cabia mais nada naquele ela pegou outro.

-Miau.
(Eles estão te engordando para o abate, não coma tudo isso.)

Fiquei indignada com aquilo, mas tentei não demonstrar reação.

-Pobrezinho, você também está com fome, não é?

-Miau.
(Faminto.)

-Não ligue para ele, ontem ele teve a chance de se alimentar muito bem, mas não quis.

-Miau.
(Eu jamais colocaria dentro do meu corpo algo tão imundo quanto aquele homem.)

-Ah, mas agora ele quer. Espere só um pouquinho que assim que terminar de colocar comida para sua dona vou te alimentar.

Ela encheu o segundo prato com frutas, maçã, uvas, amoras, duas fatias de uma fruta com formato de estrela, e para minha alegria, cerejas.

-Depois que ficou doente perguntei para sua irmã o que você gostava de comer, para que tivesse algo bom quando melhorasse.

-Muito obrigada, não precisava se preocupar assim.

-Deixe de bobagem, agora vá para a mesa comer enquanto eu arrumo um pratinho para o seu gato.

Fui equilibrando os dois pratos para a mesa e sentei ao lado de Ester.

-Obrigada por se preocupar comigo.

Ela sorriu e não disse nada, sentia que nossa relação finalmente poderia melhorar.

-Leite, café, chá ou suco, senhorita?

-Aceito chá, muito obrigada senhor Lint.

Ele sorriu e seus olhos viraram fendas, aquilo me lembrou de Beto. Como ele estaria?

Comecei a comer as frutas, não gostei muito da em formato de estrela, então comi só uma fatia. Passei alegremente para o outro prato depois de praticamente limpar o primeiro. Peguei um pedaço de queijo e comi todos menos aquele com manchas verdes. As três tortas estavam tão boas que não consegui escolher uma preferida. Percebi nesse momento que estava tão concentrada na comida que não prestei atenção nenhuma na conversa. Corei e ouvi o que estava sendo dito.

-O rei piorou ontem._ Falou o Senhor lint.

-É muito grave?_ Perguntou sua mulher.

-Os rumores dizem que sim.

-Agora o príncipe vai reger o país. Nossos vizinhos devem estar torcendo para que ele morra e acabe com sua loucura de invadi-los._ Comentou Pá me deixando realmente chocada.

-Miau.
(Vocês não conseguem enxergar a longo prazo.)

Era muito difícil comparar a visão a longo prazo de pessoas normais com seres que viviam até 3 mil anos.

Fiquei me perguntando por que Riwty se dava ao trabalho de participar da conversa, já que somente eu o compreendia. Gostaria de entender mais sobre política, mas além de não ter informações eu realmente não entendia.

-Bem, não posso dizer que quero que o rei morra, mas gostaria que ele abdicasse. Seria o melhor para o país.

A senhora Lint se levantou e como se fosae uma dica, esperou ao lado da mesa. Então, nos levantamos. Não vi o que Riwty havia comido, provavelmente frutas com leite.

-Sua trança é linda.

-Miau.
(Muito obrigada, sei que tenho vários talentos, mas agradeço pelo reconhecimento.)

Quase revirei os olhos, mas consegui me controlar.

-Obrigada senhora Lin..._ Parei ao ver seu olhar_ senhora Belinda.

-Bem melhor, senhorita.

-Não sabia que fazia tranças._ Comentou Ester.

-Aprendi com a dona Gema.

-Ah, quem sabe na volta eu peça para ela me ensinar também, ou você.

Sorri sem dizer nada. 

-Bem, Ester e George vão passear pela cidade, enquanto nós duas vamos comprar o resto de suas roupas e alguns sapatos. Eu e ela já fizemos isso ontem. Nós nos encontraremos para almoçar em um dos meus restaurantes preferidos e depois iremos aproveitar a tarde.

-Tudo bem.

Fiquei um pouco triste de que não aproveitaria o passeio da manhã, mas como tinha visitado o museu particular do conde, era justo.

AceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora