Aceito

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A senhora Lint fez questão que aproveitássemos o fim da manhã e a parte da tarde para começarmos as compras, pois ficaríamos apenas uma semana. Deixei Bolinho no quarto sabendo que Riwty se transformaria em outro animal para me seguir.

Desci as escadas e encontrei as duas já me esperando. Um criado abriu a porta para nós, creio que era o mordomo, mas estava tão cansada na noite anterior que não reparei bem no rosto dele.

-Prontas?

Assentimos e ganhamos a rua. Pá e o senhor Lint ficaram em casa conversando e jogando cartas. Belinda achou que deveríamos ir a pé para conhecer melhor a cidade.

Durante o dia a capital era ainda mais bonita. Todas as ruas eram pavimentadas com pedras avermelhadas hexagonais.

As calçadas tinham grandes quadrados bem espaçados da mesma pedra da rua, entre os grandes blocos havia grama e pequenas flores coloridas.

As casas eram muito bonitas, todas grandes e recuadas, feitas de tijolo ou pedras. Não vi nada parecido com nossas pequenas habitações da vila. Infelizmente a cidade não deveria ser toda assim.

Quando chegamos a um local com várias lojas e restaurantes, as casas haviam diminuído muito de tamanho e algumas pessoas viviam em apartamentos em prédios estreitos de três ou quatro andares.

A capital era completamente diferente da minha pequena vila, então era normal eu estranhar tudo. Porém, uma coisa me incomodava imensamente, não havia árvores. Nenhuma de nenhum tipo em lugar algum pelo qual passamos e já estávamos andando faziam 40 minutos.

-Belinda, onde estão as árvores?

-Depois da zona rural da cidade.

-Não tem nenhuma aqui? Nem mesmo uma pequena?

Seu rosto ficou sombrio.

-Não, queremos ao máximo evitar a presença dos fae. Então desde que o conde se converteu à religião unificadora, as árvores foram cortadas.

-Você também é dessa igreja?_ Perguntou minha irmã com um expressão indignada.

-Não, não faço parte daquele grupo de lunáticos.

Eu e minha irmã sorrimos com sua descrição.

-Mas também detesto aquelas criaturas. Elas escolhem qualquer humano, independente da vontade dele e quando vão embora deixam apenas um caco para trás. Além disso, muitos nos caçam. Não que eu ache que deveríamos sair a procura deles para matá-los, mas que isso deveria ocorrer quando invadissem nossas terras. Que fiquem pelas florestas onde pertencem.

Eu fiquei impressionada com a veemência de suas palavras e tentei não demonstrar espanto.

-Bem meninas, como as costureiras precisam de tempo para fazer os vestidos, creio que deveríamos nos preocupar com isso hoje.

Nós duas concordamos, eu ainda um pouco atordoada com o discurso da senhora Lint e Ester completamente animada para fazer compras.

Paramos em um loja com uma vitrine que ia da calçada ao teto. Era uma casinha de telhas vermelhas e paredes de cor creme. As portas duplas eram de uma madeira da mesma cor das telhas.

A vitrine exibia três manequins usando estilos diferentes de vestidos. Um não tinha alças nem mangas, o outro exibia as pernas a partir dos joelhos, o que me deixou verdadeiramente chocada e o terceiro mostrava um modelo normal.

-As mulheres da capital mostram as pernas?_Perguntei surpresa.

-Recentemente tivemos uma onda de imigração do país vizinho e lá as mulheres mostram sim. Então, algumas modistas fazem vestidos para essas mulheres.

-De que país elas vem?

-De Právia.

-Por que tantas pessoas migraram?_ perguntou minha irmã.

-Parece que eles entraram em guerra com os fae, queriam exterminar todos os que viviam nas florestas. Não foi apenas um grupo religioso que resolveu isso, mas uma decisão oficial. Parece que está sendo uma chacina, os fae não estão poupando ninguém. As mulheres, os idosos e as crianças conseguiram asilo político aqui, os homens com menos de sessenta anos precisam de permissão para entrar.

-Por todos os condados.

-Pelo visto você também não é da igreja. Todos que são da religião unificadora dizem: pelo grande unificador ou qualquer variação.

Sorri meio sem jeito, se ela soubesse quão longe eu estava de ser unificadora.