Reaparecemos em uma parte estranha da floresta. Teria caído se Riwty não estivesse me segurando, nas poucas vezes em que fiz isso pensei que havia perdido meu estômago, não foi diferente dessa vez. Sentindo minha fraqueza, o fae se sentou no chão comigo no colo.
-O que aquela monstruosidade descobriu?
-Ele acha que um fae escolheu um humano na região.
-Como ele concluiu isso?
-As pessoas e os animais desaparecidos.
Riwty não demonstrou nada, apenas se sentou no chão e deu um tapinha no espaço ao seu lado, indicando para eu me juntar a ele. Fiz o que ele pedia, enquanto esfregava minhas têmporas para evitar a dor de cabeça que se formava.
-O que vamos fazer?
-Você quer se mudar?
-Não, tenho minha família, meu emprego. Não quero sair daqui.
-Então não podemos fazer nada. Matar aquele homem logo depois de ele contar suas suspeitas seria confirmá-las.
-Você precisa parar de caçar pessoas e animais da fazenda.
-Vocês deveriam me agradecer, as únicas pessoas da região que eu matei foram as que eram lixo humano, o mundo está melhor sem elas.
Fiz uma careta, porque não podia discordar totalmente dele.
-Ainda assim chama muita atenção.
-Quer que eu pare de comer ovelhas também?
-Sim.
-Isso é um absurdo. Você quer que eu coma o quê?
-Eu te alimento.
-Não, você alimenta um gato. Minha forma fae não se sustenta com apenas aquilo.
-Então cace na floresta. Animais, não humanos.
Dessa vez foi ele quem fez uma careta.
-Não gosto muito de animais silvestres. Eles têm muito músculo e pouca gordura, não é como uma ovelha suculenta.
Revirei os olhos.
-Sinto muito, mas é o que podemos fazer por agora.
-Já que estamos tomando todas essas precauções você deveria me deixar fazer uma ligação mental entre nós.
-O que seria isso?
-Podemos nos comunicar mentalmente, projetando nossos pensamentos na cabeça um do outro.
-Você vai ler minha mente?
-Só aquilo que projetar para mim.
Não sabia se gostava daquilo, mas Riwty falava muito, então era uma maneira de não sermos descobertos. Se eu precisasse de alguma coisa também poderia pedir à distância, eu acho.
Acenei com a cabeça.
-Você precisa aceitar o favor.
-Favor?
Fiquei indignada, ele queria cobrar aquilo?
-Sim, eu ficar vivo te mantém viva.
O fae sorriu maliciosamente para mim. Decidi não falar mais uma vez que a culpa de tudo aquilo estar acontecendo era dele. Balancei a cabeça e falei a palavra maldita.
-Aceito.
O sorriso de Riwty dobrou de tamanho e senti o puxão em direção a ele ser quase físico dessa vez.
"Olá"
A voz em minha mente me assustou. O fae se paroximou de mim e me segurou pela cintura.
"Você vai se acostumar"
Riwty lambeu minha orelha e senti vontade de gemer. Ouvi sua risada rouca em minha mente ao mesmo tempo que senti seu pau me pressionando pelas roupas.
-Preciso voltar para a padaria.
"Estraga prazeres"
-Você pode falar agora, não tem ninguém aqui.
"É muito mais divertido assim."
Finalmente me passou pela cabeça que ele podia estar planejando entrar em minha mente há algum tempo. Aquilo me deixou levemente irritada, como se tivesse sido manipulada.
"Eu sou um fae, manipular faz parte da minha natureza."
-Então você realmente estava planejando isso?
-Talvez.
Senti seu sorriso em meu pescoço.
-Por quê?
-Precisamos voltar para o padeiro.
Nem tive tempo de revirar os olhos antes de virarmos fumaça.
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Aceito
FantasyOs fae são criaturas da floresta, lá eles vivem e predam. Porém, quando escolhem um humano a vida do mortal muda para sempre, pois ganhará todos os favores que quer do fundo do coração. Porém, a lenda também diz que esses favores têm um preço, a alm...