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Muitos empregados estavam ali e me deram bom dia ao mesmo tempo. Respondi e observei o cômodo.

As paredes eram de um tom muito bonito de lilás, o chão era de uma cerâmica roxa e um lustre pendia do teto com cristais da cor das paredes.

Os móveis eram de madeira branca, o que me dava a sensação de casa de bonecas.

-Miau.
(Eu me sinto sufocado nessa casa)

Eu entendia o que ele queria dizer. Peguei Bolinho no colo e fui em direção à grande janela.

Atravessei o cômodo que tinha uma mesa enorme e um aparador encostado na parede, que estava sendo coberto por vários tipos de comida. Senti meu estômago roncar.

-Miau.
(Você está em uma casa chique, não pode comer feito um porco.)

Bufei e continuei andando até a janela. A vista dava para os fundos da casa, onde havia um jardinzinho cheio de flores.

Era um lugar muito bonito, que tipo de vida era aquela? Deveria ser estranho ter tantas pessoas fora da sua família andando pela sua casa o tempo todo.

Eu queria explorar a casa, será que havia uma biblioteca? Gostaria de ver aquele jardim de perto e conhecer a cidade. Estava louca para conhecer a cidade.

Não sei quanto tempo passei olhando a vista, mas só saí de lá quando ouvi meu nome.

A senhora Lint e o marido estavam pegando a comida no aparador e sinalizaram para que eu me juntasse a eles.

O móvel estava coberto pelos mais variados tipos de comida. Vários pães, frutas, sucos e doces dispostos. Senti meu estômago roncar e peguei um prato.

Coloquei um croissant, uma fatia de bolo de chocolate com recheio de morango, uma tortinha de uva e alguns biscoitos amanteigados. Para beber fiz um chá de camomila com leite.

Sentei à mesa com eles e o casal sorriu para mim, eles eram muito simpáticos. O prato da senhora Lint continha apenas frutas, algumas que eu não conhecia e ela tomava café. Já o marido tomava chá e comia alguns tipos de pães com geleia.

-Espero que tenha passado bem a noite, querida.

-Sim, senhora Lint. Dormi feito uma pedra, o quarto é muito confortável.

-Já pedi para que me chame de Belinda.

-Perdão, preciso apenas me acostumar.

-Posso dar alguma fruta para o seu gato?

-Pode sim, mas ele prefere carne, então não sei se vai comer.

-Miau.
(Claro que vou, ninguém teve a decência de me alimentar.)

Para mim, dois homens gordos e grandes como aqueles que ele devorou deveriam ser suficientes para uma semana.

Belinda levantou da cadeira e colocou leite em um pires para Bolinho, além disso colocou um morango, alguns pedaços de maçã e de manga em um pratinho. O gato atacou a comida.

A senhora Lint aproveitou para coçar o gato e o interesseiro ronronou para ela. Será que todos os fae eram assim?

Nesse momento Pá e Ester chegaram. Ela usava o último vestido que eu havia feito para ela. Ele era marrom, com um decote quadrado que valorizava seus seios e de mangas curtas. Tiras finas de renda branca davam um destaque ao tecido.

-Seu vestido é muito bonito Ester.

-Obrigada, foi Ellie que fez. Ela é uma costureira extremamente talentosa.

Eu corei, minha irmã não tinha o costume de me elogiar. Tentei demonstrar minha gratidão com os olhos e ela me devolveu um sorriso amável. Talvez ainda existissem esperanças para nós.

Pá e Hiroshi entraram em uma discussão animada sobre a situação do país.

-A situação do nosso rei está péssima, sua saúde mental e física vem piorando significativamente. Parece que foi encontrado andando pelado pelo jardim do palácio e você sabe que a cidade real tem temperaturas muito baixas nessa época do ano. Ele quase morreu, está de cama até agora com uma pneumonia severa._ Falou Hiroshi

-Bem, eu odeio desejar o mal das pessoas, mas se ele morrer o nosso país não entrará em guerra._ Respondeu Pá.

-Sim, essa situação seria péssima para a economia. Pelo menos o príncipe tem a cabeça no lugar.

-Miau.
(Não sei aonde, aquele garoto só pensa em poder. Não sei como Haily escolheu ele, é provável que tenha usado a magia do fae para enlouquecer o próprio pai e assumir o poder mais cedo.)

Fiquei assustada ao receber aquela informação, mas me lembrei que a fae havia dito que ele era um general, com esse cargo ele saberia esse tipo de informação.

Bolinho pulou no meu colo e continuamos a comer. Ester e Belinda falavam sobre o enxoval e a conversa sobre política havia acabado.

Nesse momento, três crianças de uns 10 anos entraram correndo. As duas meninas eram extremamente parecidas com o senhor Lint e o menino era uma versão infantil da mãe.

-Mamãe, papai._ gritaram as crianças.

-São trigêmeos?_ perguntei, não conseguindo controlar minha curiosidade.

-Sim, apesar de Eliot não se parecer em nada com Sakura e Naomi.

-São nomes lindos.

-Obrigada, Sakura era o nome da minha avó e Naomi é o nome da minha mãe.

-Sua mãe mora aqui?

-Não, ela mora com minha irmã e o marido, minha mãe é muito apegada ao nosso local de origem às tradições da nossa etnia.

O café da manhã foi muito animado com as três crianças no local e eu me senti verdadeiramente feliz e acolhida em muito tempo.

AceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora