Capítulo 82

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Talyata — Outono, Novembro de 836 d.C.

O combate se estendeu por toda a tarde, os vikings haviam recuado para próximo das embarcações, após serem surpreendidos pelo ataque da calaria que aproveitara a distração provocada por Brunilde.

Ibrahim estava atendendo os feridos, mas ao ouvir o som da batalha cada vez mais alto subiu no teto destruído do edifício e observou a sua volta.

Uma parte da paliçada fora rompida pela infantaria árabe e um combate feroz se travava nas proximidades, logo depois um grupo de cavaleiros invadira o acampamento pelo lado oeste se chocando contra a retaguarda da barreira de escudos, em uma confusão de cavalos, homens, lanças e espadas.

O estrépito da batalha se tornou ainda maior e por um momento ele pensou que os vikings seriam derrotados e fugiriam para as embarcações, se isso acontecesse, aquela seria sua chance de escapar no meio da confusão.

Mas Bjorn que lutava na barreira de escudos conseguiu deter seus guerreiros e reforços foram enviados, o que possibilitou deter os cavaleiros equilibrando a luta.

O sol estava quase próximo do horizonte e em breve a noite chegaria encontrando os dois exércitos ainda se enfrentando, sem um resultado definitivo. Fogueiras na retaguarda já ardiam, prontas para iluminar o campo de batalha. Conhecia os vikings e sua forma de lutar e sabia que a chegada da noite não os impediria de continuarem combatendo.

Antes de descer para o pátio, onde havia inúmeros feridos e chegando cada vez mais, ele olhou para o rio. Da outra margem, bolas de fogo subiram em um longo arco e caíram próximas as embarcações.

— Por Alá – murmurou impressionado. Já lera em um manuscrito grego antigo sobre aquele tipo de arma. Eram bolas incandescentes usadas como projéteis de artilharia, conhecidas como "fogo grego", embora o segredo de sua fabricação houvesse se perdido no tempo, ele sabia que os bizantinos conseguiam fabricá-la. Como elas foram parar em Al-Andalus era um mistério.

Sem perder tempo ele desceu para cuidar dos feridos, esperançoso de que alguma embarcação fosse atingida, se havia algo que um viking temia era perder seu drakkar.

***

Brunilde lutava com selvageria, seu escudo e machado estavam manchados de sangue, assim como seus trajes.

A tropa que comandava conseguira empurrar a barreira de escudos viking para o interior do acampamento.

Havia corpos mortos e desfigurados espalhados por todo o chão, o solo estava escorregadio com a quantidade de sangue e vísceras que o encharcavam, obrigando todos a firmarem bem os pés, pois uma queda era morte certa.

De repente ela avistou Bjorn gritando ordens, após serem surpreendidos pela cavalaria árabe. Ela sorriu intimamente, o plano dera certo, agora bastava as catapultas fazerem seu serviço e incendiarem as embarcações.

Ela avançou por entre os guerreiros e se posicionou na frente do filho de Ragnar.

— Bjorn Ragnarsson! – gritou em escandinavo — Me enfrente!

O viking se voltou ao ouvir seu nome sendo gritado e arregalou os olhos de surpresa ao ver Brunilde.

— Você luta contra seu próprio povo? – gritou ele se aproximando.

— Vocês me expulsaram e me deixaram para trás! – respondeu enfurecida e avançou aplicando um golpe com seu machado contra o escudo dele.

Trocaram alguns golpes enquanto a luta prosseguia a volta deles.

— Tentei ajudá-la e ao seu amante! – gritou ele aparando um golpe e contra atacando com sua espada, obrigando-a se defender com o escudo — Ibrahim está vivo e se encontra no acampamento! – completou se afastando do ataque de um árabe, cortando-lhe a lateral do corpo.

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora