Capítulo 12

208 35 17
                                    

Desculpem a demora estava escrevendo os capítulos finais do volume II

Mérida – Primavera, Maio de 833 d.C.

A feira de Mérida estava movimentada, tendas coloridas estavam espalhadas na campina no entorno da cidade, comerciantes gritavam apregoando suas mercadorias. Vendia-se de tudo; de tecidos vindos do oriente a pedras preciosas, de incensos raros a animais selvagens da África.

Médicos árabes e judeus atendiam seus pacientes no interior de pequenas tendas, muitos moçárabes os procuravam.

Era uma ocasião festiva, negócios eram feitos, casamentos celebrados, alianças entre clãs forjadas e desfeitas, esmolas distribuídas entre os pobres pelos ricos, conforme determinava a lei islâmica.

A tolerância religiosa no emirado permitia a convivência pacífica, embora não sem certa tensão, entre muçulmanos, moçárabes e judeus.

Havia espetáculos de artistas itinerantes, pessoas de locais distantes apareciam para apresentarem sua arte: filósofos das mais variadas vertentes discutiam em frente aos expectadores espantados, malabaristas egípcios mostravam suas habilidades, teatros de marionetes impressionavam as crianças, mas o que todos apreciavam e esperavam ansiosamente eram os torneios.

Eram vários os tipos de disputas; lutas com cimitarras e espadas, duelos montados nos quais se exigiam não somente habilidade com a espada e lança, mas principalmente no controle da montaria, lutas com as mãos livres e disputas de arqueiros, além de outras. Algumas delas eram usadas para cobrar dívidas de honra ou para decidir conflitos tribais, evitando assim banhos de sangue desnecessários.

O próprio Emir Abderramão II compareceu com seu séquito de cortesãos, concubinas e ministros, escoltados por uma tropa de elite de cavalaria e infantaria, uma vez que a situação em Mérida estava calma há quatro anos, desde a última rebelião de Abd al-Ŷabbãr.

Este estava sentado juntamente com o Emir e walí de Mérida, em meio a almofadas e coxins, debaixo de um toldo colorido em um tablado largo de dez pés de altura de onde podia se avistar o local do torneio, enquanto escravos e servos serviam os mais variados pratos em travessas de prata, além de água e sucos, uma vez que a lei islâmica proibida o álcool e ao menos em público os walí, alcaides e ministros mantinham as aparências.

Em um tablado no lado direito, um pouco mais baixo, estavam dignitários e convidados, entre eles uma embaixada do reino das Astúrias que chegara um dia antes.

A prova do dia era o torneio de cavalaria, o mais aguardado. Os contendores deviam provar sua habilidade no combate montado. As cimitarras não possuíam corte, mas ainda assim podiam causar lesões, assim como as lanças que tinham apenas uma ponta de madeira rombuda, no lugar da lâmina.

Jamila estava no local destinado aos competidores, como todos, ela usava calças brancas de tecido grosso e botas de couro, uma couraça feita de couro e placas de ferro por cima de um camisolão de algodão protegia seu tronco. Por cima dela uma túnica tradicional da cavalaria árabe, na cor branca, completava a indumentária.

Grevas de couro protegiam seus antebraços e canelas. Um turbante, também branco, cobria o elmo que usava na cabeça, uma cimitarra estava embainhada presa à cintura por um cinto de couro que a cingia. Completava seu equipamento um escudo redondo de metal e uma lança sem a ponta de ferro, impedindo a penetração nas couraças peitorais.

A jovem acariciou o pescoço musculoso de seu garanhão, um belo animal branco como a neve das montanhas e um tanto indócil. Fora um presente de seu pai e somente ela conseguia montá-lo. O animal resfolegou satisfeito e balançou o pescoço, batendo uma das patas contra o solo.

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora