Capítulo 33

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Trujillo — Outono, Outubro de 835 d.C.

Brunilde observou as muçulmanas, todas usavam botas, calças e túnicas, seus cabelos escondidos debaixo de um turbante, eram todas solteiras e voluntárias, entre dezesseis e trinta.

Ao contrário de Mahmud que achava que mulheres deveriam ficar dentro de casa cuidando da família, Suleymán não pensava dessa forma, pois sugeriu que a escudeira treinasse voluntárias para servirem sob as ordens de Jamila.

E era isso que a escudeira e suas companheiras faziam, às trinta e cinco jovens arfavam após uma série de exercícios manejando a espada e o escudo. Apesar de extenuante, isso lhes daria força física e agilidade, essencial para uma mulher vencer um homem em combate.

Quisera acompanhar Jamila até Mérida, mas ela não aceitara alegando que a jovem estava ainda muito fraca pela longa viagem da Frísia até Al-Andalus.

Encontrara também seu pai, Yusuf, ele a abraçara emocionado ao vê-la, lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Minha filha — dissera com voz embargada.

— Meu pai — respondera com orgulho de sua linhagem, afinal era filha de uma renomada escudeira e de um guerreiro de terras distantes que conquista a confiança do próprio Ragnar Lothbrock.

Passaram horas conversando após ela tomar um longo banho e comer e beber até se saciar. Ele ficara orgulhoso com a atitude de Ibrahim.

— Nunca duvidei da coragem dele, com certeza ele adentrou no paraíso de Alá, pois foi virtuoso em seu caminho na terra — dissera consolando– a.

— Pois eu espero que as Valquírias o tenham buscado, assim poderei vê-lo, quando chegar minha hora, no Valhala — respondera sentindo as lágrimas escorrendo pela face.

Mas agora, mais de um mês depois que Jamila a encontrara, se sentia em forma novamente, embora seu coração ainda chorasse a morte de Ibrahim. Ela se sentira culpada por não tê-lo salvado, mas Jamila e seu pai a tranquilizaram, maktub, dissera explicando o estranho conceito. Estava escrito que ele morreria daquela forma, ao menos ele mostrara seu valor como um verdadeiro guerreiro berbere.

Estava ansiosa por notícias da rebelião, mas a única notícia que chegara era que a cidade de Mérida estava novamente sob o cerco do exército do Emir.

— Mais uma vez! Dessa vez com vontade — gritou para afastar seus temores, obrigando as muçulmanas a aplicarem uma sequência de golpes pré-estabelecidos com a espada. 

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora