Frísia – Primavera, Março de 835 d.C.
Após vencerem os francos e frísios a cidade foi saqueada. Enquanto guerreiros rudes e escudeiras revistaram tudo e espoliavam os mortos, Brunilde procurou sua tia.
Encontrou-a estendida na relva com uma lança enfiada na barriga.
— Tia! – chamou-a apertando seu ombro gentilmente.
Varda abriu os olhos lentamente, um filete de sangue escorria por seus lábios.
— Brunilde, minha sobrinha...
— Tia, não fale, por favor – pediu apalpando o ferimento levemente, a lança se cravara fundo.
— Ao menos rachei a cabeça do homem que me acertou – disse e a jovem observou um soldado franco com a cabeça rachada, seu elmo partido em dois, a machadinha dela cravada fundo.
— Tia... – disse sentindo as lágrimas escorrerem por sua face. Varda era a única parente viva, além do pai, e a amava muito, fora ela quem a treinara e a transformara em uma escudeira de renome.
— Me dê minha machadinha, quando as Valquírias vierem me buscar tenho que estar segurando seu cabo.
Brunilde se levantou e retirou a arma que saiu com dificuldade da cabeça do franco morto, colocando-a no peito de sua tia que a segurou com força.
— Não chore, criança, esse é nosso estilo de vida – murmurou com um esgar de dor ao perceber as lágrimas no rosto da jovem.
Varda demorou duas horas para morrer e durante todo esse tempo a jovem ficou ao seu lado confortando-a e relembrando os momentos que compartilharam juntas.
Brunilde juntamente com sua tripulação e os guerreiros que seguiam Varda a levaram para longe do campo de batalha, descendo o rio. Colocaram-na então em um bote que pegaram na cidade, juntamente com seu escudo e armas, coberta de galhos e relva seca, em seguida a jovem fez uma elegia em memória de sua tia:
Erga-se agora sobre a quilha
A brisa do oceano em seu rosto é fria
Que nesse momento não lhe falte coragem
Aqui termina sua vida selvagem
Para aqueles que sorriem para a morte
Os Deuses reservam a melhor sorte
Com homens na vida você teve prazer
Um dia todos devem morrer
Colocou, então, um archote aceso e ficou observando os galhos começarem a arder. Duas escudeiras empurraram o bote para as águas do rio e a correnteza o levou enquanto as chamas o consumiam e o sol subia no horizonte.
Seus guerreiros voltaram para a cidade enquanto ela ficou sentada na beirada do rio, pensando na vida e morte de sua tia. Dormiu deitada na relva e acordou horas depois.
Voltou perto do entardecer, os vikings ainda comemoravam a vitória, uma escudeira de sua tripulação correu até ela, era uma jovem de vinte e cinco anos que a acompanhara em sua aventura em Al-Andalus.
— Brunilde, você precisa correr...
— O que foi Helga? – perguntou preocupada com a expressão de sua companheira.
— Ibrahim, ele está aqui...
— O quê? Como? Onde? – perguntou apressando o passo em direção a praça do mercado onde todos se aglomeravam.
— Ele trouxe uma proposta de paz, mas Haestin o prendeu, diz ele que irá fazer um blót10 aos deuses e oferecerá o árabe e outros prisioneiros para agradecer pela vitória.
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A GUERREIRA INDOMÁVEL
Romance"O que acontece quando uma jovem guerreira se vê entre o amor e sua convicção?" Século IX d.C., a península ibérica dominada pelos árabes se vê envolta em fortes tensões sociais. Uma embaixada enviada pelo último rei cristão à Mérida tem o objetivo...