Mérida – Verão, Agosto de 833 d.C.
Yusuf se aproximou de Brunilde com o coração disparado de emoção. Durante a viagem até Mérida ele a observara atentamente, a jovem tinha os traços da mãe, a cor dos olhos, o trejeito, apenas o cabelo e uma aparente calma pareciam ter sido herdados dele, mas ele não conseguira coragem de contar que era seu pai. Será que a jovem entenderia que não fora por opção sua que a abandonara para trás?
Jamila a tomara e a suas companheiras sob seus cuidados como guarda-costas, alojando-as na mesma ala de seu quarto no palácio. As guerreiras logos se integraram à tropa de cavalaria de sua protegida, treinando com os demais guerreiros.
Yusuf, orgulhoso, observou-a treinar com suas companheiras, elas chocavam os escudos entre si e simulavam golpes com espadas e as mortíferas machadinhas. A hora do almoço se aproximava e ela encerrara o treino para que todas pudessem se refrescar antes de se alimentarem.
— Brunilde, poderia me dar um minuto e sua atenção? – perguntou em escandinavo.
— Sim – respondeu após dispensar as demais guerreiras.
Deixou o escudo encostado na parede e após retirar a couraça de couro molhou os cabelos na fonte de água, em seguida encarou-o com olhar penetrante.
— Você fala bem minha língua – disse por fim, após um minuto de silêncio.
— Eu vivi entre os nórdicos por um tempo – disse criando coragem.
Brunilde ergueu uma das sobrancelhas demonstrando curiosidade.
— Eu sou seu pai – afirmou sentindo uma emoção que ameaçava levar lágrimas a seus olhos.
— Meu pai morreu – rosnou a jovem em resposta.
— Sua mãe se chamava Ingrid, sua tia se chama Varda, elas viviam na aldeia de Nordwein – afirmou — sou Yusuf, vivi entre os vikings, vindo das terras dos Khazires.
— Pai? – perguntou aparentemente emocionada, mas logo recobrou a frieza — Você nos abandonou!
— Não! Eu participei de uma excursão com Ragnar na Britânia, fui capturado e transformado em escravo sendo enviado para uma galera, dois anos depois fui salvo pelo pai de Jamila.
— E por que não voltou?
— Eu tinha uma dívida de honra com o homem que me libertou da escravidão, ele é um grande Jarl – respondeu com voz triste — depois, quando a dívida parecia paga, muitos anos haviam se passado.
— Eu entendo...
— Me perdoe, filha... – pediu emocionado estendendo os braços para a jovem.
— Não sei se posso, preciso de tempo para pensar – respondeu e se afastou deixando Yusuf sozinho e imensamente triste.
Ele deixara sua filha com a tia materna e partira com Ragnar, isso não queria dizer que a culpava pela morte da mãe ou que não a amasse, pelo contrário, a amara incondicionalmente desde que Ingrid lhe dissera estar grávida.
Fizera incontáveis planos, mas Alá achara por bem levar sua esposa, deixando-o sozinho com uma criança recém-nascida.
Nunca tivera experiência com crianças e se assustara com tamanha responsabilidade. Poderia ter ficado na aldeia, havia muitas mulheres interessadas nele, mas a dor que sentia pela perda da mulher o fizera se juntar a expedição de Ragnar, imaginara que voltaria em breve para Brunilde, mas os caminhos de Alá eram insondáveis e ele acabara vindo parar na casa do Sheik.
Afeiçoara-se a Jamila e a educara e amara como quisera fazer com sua filha.
Agora o destino novamente o surpreendera, sua filha que considerava perdida para sempre fora colocada em seu caminho.
A pequena criança da qual se despedira se transformara em uma grande guerreira.
Cabia a ele conquistar seu respeito e afeto.
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A GUERREIRA INDOMÁVEL
Любовные романы"O que acontece quando uma jovem guerreira se vê entre o amor e sua convicção?" Século IX d.C., a península ibérica dominada pelos árabes se vê envolta em fortes tensões sociais. Uma embaixada enviada pelo último rei cristão à Mérida tem o objetivo...