Dois a dois

Culpa

- Baby, não faça isso. - fecho os olhos e respiro fundo. Jisoo inventou de me fazer uma massagem porque estou presa em um projeto e não consigo desenvolvê-lo.

- Fazer o que? - ela desliza a boca em minha nuca.

- Me provocar, Chu. Me desconcentrar. - ela aperta meus ombros com mais força e desliza os polegares em minhas omoplatas, pressionando nos pontos certos.

- Eu só quero que você relaxe, Jendeukie. - ela sussurra baixinho.

- Você está mentindo. - ela ri ao me ouvir.

- Você não acredita em mim, Jendeukie? - aposto que ela está fazendo beicinho.

- Não, você quer transar. Isso sim. - balanço a cabeça em negação.

- Estou aqui tentando te fazer relaxar e você está pensando essas coisas absurdas sobre mim? - o tom ofendido dela quase parece real.

- Então você não quer transar? - me levanto e me encosto na mesa, cruzando os braços ao encara-la.

- Não foi isso que eu disse. - ela faz beicinho e se aproxima de mim - Eu só quero fazer algo bom para minha noiva maravilhosa relaxar, se ela quiser fazer isso transando, eu me sacrifico por ela. - ela apoia as mãos na minha cintura e reviro os olhos.

- Céus, Jisoo, tem uma semana que não transamos e você está assim. Desesperada. - dou um tapa em seu braço e envolvo os braços em seu pescoço.

- Você não pode me culpar por ser viciada em você. - ela dá um beijo em meu queixo - Não pode me culpar por sentir saudades de você - outro beijo na ponta do meu nariz - E nem por amar você. - ela sela nossos lábios rapidamente.

Encosto a testa na dela e respiro fundo. Acaricio sua nuca e ela me abraça com força. Enfio o rosto no pescoço dela e ela acaricia minha cintura.

- Vamos. - ela me aperta contra si.

- Onde? Não estou no clima para transar. - a empurro e ela não se move.

- Vou ignorar o que você disse. - ela pigarreia - Vamos no cinema, andar a toa, fazer o que você quiser.

- Mesmo? - olho para ela surpresa e ela bufa irritada enquanto me arrasta para fora da sala.

Jisoo acabou cochilando na maior parte do filme, mas pelo menos ficamos abraçadas o tempo todo e de alguma forma, isso ajudou.

Agora, eu que estou quase dormindo, enquanto estou deitada no braço dela e ela está olhando para o céu.

Ela teimou comigo e fez questão de comprar um cobertor para deitarmos no parque. Chega a ser engraçado, nós duas de roupas sociais, deitadas no parque, no meio da tarde.

- Chu. - digo baixinho e ela começa a acariciar minha cintura.

- Sim, Jendeukie? - ela diz sem olhar para mim.

- Você está mesmo feliz? - digo e ela me olha, as sobrancelhas franzidas.

- Por que está me perguntando isso?

- Porque eu quero saber. - faço beicinho.

- Óbvio que estou feliz, por que? Você não está? O que eu posso fazer para você ficar feliz? Há algo que eu possa fazer? - ela tira alguns fios de cabelo do meu rosto e me olha com preocupação.

- Chu, você é muito boa comigo. - pego a mão dela.

- Você vai terminar comigo? - ela está com os olhos arregalados.

- O que? - agora eu estou confusa.

- Você começou falando sobre eu estar feliz. Agora diz que sou boa com você. Você vai terminar comigo, não é? Posso saber o motivo?

- Jisoo, do que você está falando?

- Eu não sei, estou em pânico. Você vai terminar comigo. - ela desvia o olhar e fica observando algumas crianças brincando. - Mas tudo bem, se é o que você quer. Se é o que te fará feliz, o que posso fazer? - reviro os olhos ao vê-la divagando.

- Eu não vou terminar com você. Nem agora e nem nunca. - digo e ela me observa com curiosidade.

- Então por que você está me fazendo essas perguntas estranhas?

- Eu queria ter certeza que você está bem comigo. Se não te falta nada. - apoio a mão na bochecha dela e ela fecha os olhos, colocando a mão sob a minha.

- Jendeukie. - ela diz baixinho - Sinto falta do seu arroz frito com kimchi.

- Você não consegue me levar a sério, não é mesmo? - dou alguns tapas nela e ela começa a rir.

- PPOOOOOOOOOOOONNNNGGG! - ela se levanta em um pulo - Vou comprar sorvete, já volto.

Respiro fundo e tento acalmar minha mente e meu coração. Não há nada errado entre mim e Jisoo, então por que continuo sentindo esse incômodo no coração?

Tudo é por causa do trabalho? Estou me colocando tanta pressão assim? Olho para cima e vejo que o tempo está começando a ficar nublado. Solto um suspiro pesado.

Engraçado: quando Jisoo estava aqui, estava sol, Jisoo saiu e agora está ficando nublado. Acho que minha vida é assim. Sem Jisoo, tudo se torna triste, frio e exaustivo.

Jisoo é a minha felicidade, meu porto mais do que seguro, minha paz e meu sol. Sem Kim Jisoo, é como se toda a alegria do mundo fosse sugada.

- JENDEUKIE! - ela grita e enfia a casquinha no meu rosto, sujando meu queixo.

- Não sei porque ainda me surpreendo com suas molequices. - reviro os olhos e pego a casquinha.

- Eu sujei, eu limpo! - ela diz sorridente enquanto se senta em frente a mim, aproximando o rosto do meu e me olhando com expectativa, além do sorriso travesso nos lábios.

- O que você está aprontando? - começo a rir ao vê-la se aproximar e meu coração se acelera. É sempre assim quando Jisoo está perto de mim. Meu coração batendo mais rápido.

- Jendeukie - ela diz baixinho e da um beijo em meu queixo, dando uma leve mordida - Não vejo a hora de nos casarmos.

- Você é uma das pessoas mais empolgadas que eu já conheci para querer se casar.

- Sim, eu sou, porque não é em toda vida que encontramos nossas almas gêmeas e nessa vida eu encontrei você. - Jisoo é tão brega e romântica, me fazendo derreter como nunca.

- Eu amo tanto você. - apoio a mão na nuca dela e a beijo rapidamente - Quero que o tempo passe logo, mas quero que também demore.

- Por que? - ela lambe o sorvete e isso me causa arrepios.

- Porque não vejo a hora de passar o resto dos meus dias com você. - digo sem tirar o olhar da boca dela, mas meu celular começa a tocar. Olho no visor e vejo que é minha mãe.

Atendo mesmo assim e fico esperando ela falar. Depois das palavras que ela diz, é como se travassem meu cérebro. Não consigo reagir.

- Jennie! - Jisoo está olhando de mim para o celular - O que aconteceu? Você estava na ligação e....

- Meu pai teve uma parada cardíaca, por nossa culpa. - sinto as lágrimas começarem a molhar meu rosto.

*obs - cap não revisado.