Traição

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KJ's POV

- Como estão as coisas? - Soojin diz enquanto tento ler o mesmo contrato pela quinta vez.

- Eu não sei mais. - suspiro e jogo os papéis na mesa, esfregando meu rosto - Céus, eu não sei, Soojin. Jennie está diferente, cada dia mais distante, mais fria, mais indiferente.

- Culpa?

- Eu não faço ideia. - engulo em seco ao sentir minha garganta arder - Eu não posso chegar perto dela, que ela fica irritada e me afasta. Nem ao menos um abraço.

- Ela tem ficado no hospital? - ela suspira e pega minha mão.

- A maior parte do tempo e cuidando de poucas coisas das empresas deles.

- Tem quanto tempo?

- Um mês e alguns dias. - giro na cadeira e fico olhando pela janela - Jennie não é mais a mesma pessoa pela qual me apaixonei, Soojin. E eu não sei se é algo temporário ou se é uma mudança definitiva.

- O que você vê nos olhos dela?

- Ódio e mágoa. Como se eu fosse a culpada por tudo. Engraçado, não é? Eu a defendo da família babaca que ela tem e agora ela está me odiando por causa deles. - começo a rir do quão insano o destino pode ser.

- Vocês deveriam conversar.

- Conversar o que? Para ela gritar e jogar mais a culpa em mim? Dizer que se não fosse por mim, o pai dela estaria bem?

- Ela disse isso? - Soojin parece estar boquiaberta.

- Ainda não, mas é isso que eu escuto na minha mente quando olho nos olhos dela. Eu perdi toda a empolgação para me casar com ela. Eu não sei mais o que fazer com tudo isso, Soojin.

- Sooya...

- Até um mês atrás, eu tinha certeza que ela era o amor da minha vida e agora? Agora eu nem sei porque ainda estamos juntas!

- Você precisa extravasar essa sua raiva e todos sentimentos acumulados, antes que você cometa alguma loucura no impulso. - Soojin se aproxima e me puxa pela mão, me fazendo levantar.

- Você tem alguma ideia? Porque meu jeito preferido de extravasar sentimentos é transando, já que não tenho minha suposta noiva, você vai transar comigo? - digo só para vê-la corada e começo a rir, mas ao mesmo tempo, Jennie entra pela porta. - Jennie!

- Eu não acredito. - ela continua parada na porta. - Eu realmente não acredito que há tantas coisas acontecendo e você está reclamando por não poder transar. - ela se vira e sai pela porta

- Merda, não, Jen, você entendeu errado - saio correndo atrás dela e a alcanço quando ela já está chegando no elevador. A puxo pelo braço, mas ela se vira e me empurra, já chorando.

- Não encosta em mim! Não me chama de Jen ou de qualquer apelido, não depois de descobrir que você está me traindo. - ela começa a me encher de tapas e percebo que estamos no meio da empresa. Seguro no braço dela com força, enquanto tento me acalmar e a arrasto de volta para minha sala.

- Depois eu ligo para você. - digo para Soojin e ela apenas acena com a cabeça. Empurro Jennie para dentro da sala e fecho a porta, a trancando. - Vamos, grite tudo que você quer gritar. - cruzo os braços e fico olhando pela janela.

- Você é tão cara de pau, Kim Jisoo. - ela diz entre as lágrimas e eu respiro fundo - Eu achei que você tinha o mínimo de decência e respeito por mim.

- Eu não vou falar sobre o que você ouviu, até que você esteja calma o suficiente.

- Eu nunca vou estar calma o suficiente. - ela diz irritada.

- O que você quer falar comigo? - digo depois de alguns minutos, quando percebo que ela parou de chorar.

- Meu pai vai sair do hospital hoje.

- Fico feliz por vocês.

- Você queria que ele morresse, não é?

- Eu não disse isso em nenhum momento. - ergo uma das sobrancelhas para ela.

- Minha mãe tinha razão sobre você. - ela balança a cabeça em negação.

- Do que você está falando, Jennie?

- Achei que você ficaria, no mínimo, contente pelas coisas estarem melhorando.

- Melhorando? - dou uma risada sarcástica - Estou explodindo de felicidade, Jennie, UHUUUUL - ergo as mãos para cima fingindo comemorar - Agora posso voltar para a minha realidade? Onde não tem nada melhorando?

- Pare de ser egoísta, pelo menos uma vez! - ela altera o tom de voz e agora estou realmente surpresa.

- Egoísta? Você está me chamando de egoísta? - me aproximo dela - Eu estive aqui todos os fucking dias desde que isso começou. Eu estive ao seu lado te apoiando e tudo que você faz é me afastar, me tratar com frieza e indiferença.

- Lá vamos nós de novo. - ela cruza os braços - Vamos, me culpe por você estar assim porque não faz sexo a mais de um mês.

- Inacreditável. - dou um passo para trás - Eu nunca te cobrei ou te forcei a nada, a única coisa que eu queria era ao menos um abraço. - fecho as mãos com força - UM ABRAÇO, JENNIE, E NEM ISSO EU RECEBO QUANDO CHEGO EM CASA, APENAS O SEU MALDITO TRATAMENTO DE GELO! - apoio as mãos na mesa e fecho os olhos. - Você ainda quer se casar? - digo sem olhar para ela, mas há apenas o silêncio.

- Eu vim te dizer que como meu pai sairá do hospital hoje, vou para casa ajudar minha mãe com o que ela precisar. - me viro enquanto ela fala e estendo a mão, com a palma da mesma virada para cima - O que?

- Me devolva a aliança. - cerro os dentes para não chorar. Que belo fim para uma péssima história de amor. - Vamos, me devolva. Você não quer mais se casar, não precisa mentir para mim.

- Quer aproveitar com Soojin e ficar com a consciência tranquila? - ela diz com deboche enquanto tira a aliança. Me aproximo dela e coloco as mãos em seus braços.

- Nunca mais diga nada de Soojin. Eu não aceito você falar nada sobre ela porque você não tem nenhum direito e, muito menos, motivo para isso. - aperto os braços dela - Volte para o armário, para sua família homofóbica e babaca, volte a ser o que eles querem que você seja se é isso que te fará feliz, mas nunca mais fale de Soojin.

- Você está me machucando, Jisoo. - ela diz baixinho, enquanto tenta se soltar das minhas mãos.

- Você acabou de destruir meu coração. O que é um aperto no braço comparado ao que você fez comigo? - dou um sorriso irônico para ela e a empurro, me viro de costas para ela.

- Vou buscar minhas coisas e deixar a chave.. - a voz dela está embargada e ergo a mão para ela se calar. Respiro fundo algumas vezes antes de me virar para ela de novo.

- Pode ficar com tudo aquilo. - ando até a porta e abro.

- É a sua casa. - ela me olha confusa. O rosto dela está tão inchado e vermelho.

- Eu não quero nada que tenha qualquer lembrança de você e aquele lugar está repleto disso.

- Mas há suas roupas e...

- Qual a parte de eu não quero nada relacionado a você, você não entendeu? - arqueio a sobrancelha para ela - Só vou passar lá para pegar Dalgomie, as coisas dele e documentos. Espero não te encontrar. - pigarreio para afastar a vontade de chorar - Agora, pode ir, eu tenho coisas importantes a fazer, Kim.




*obs - cap não revisado.

Dois a doisOnde histórias criam vida. Descubra agora