A falta de você

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A última vez que estive em nosso apartamento, ele estava lá. Agora a casa estava vazia. Passo a mão lentamente pelo piano e vou em direção ao nosso quarto. Tudo está exatamente como da última vez. 

Sua camisa branca preferida da "Fear of God" estava jogada do avesso em cima da cama junto com sua calça preta larga de ficar em casa. Ando pelo closet dele e vejo tudo que ele gostava de usar... Suas bandanas da "Supreme" para prender seu cabelo para não cair no rosto, alguns dos seus óculos de leitura e suas várias pastas de trabalho.

Coloco a mão na minha barriga e penso em como vou conseguir passar esses quase sete meses da gravidez sem ele por perto para me apoiar. Sem ele para me colocar no colo e me abraçar para eu dormir. Sem ele para cozinhar para mim cantando de um jeito desengonçado. 

A falta dele me doía na alma. Sento em um canto da sala perto do quadro que trouxemos do Rio de Janeiro e começo a chorar. 

Choro descontroladamente por não ter ele perto de mim nesse momento tão importante das nossas vidas.

Minha irmã estava trancando a faculdade e embarcando para Seul em dois dias para me fazer companhia. Com ela, eu iria me sentir menos sozinha mas, mesmo assim, eu queria ele. E eu só o teria no próximo feriado coreano e isso ainda levaria 3 longos meses.

Apesar de ter os rapazes, Bong Do, Sejin e até Bang PD por perto, nada iria me fazer compensar a falta dele.

Abraço meus joelhos e me encolho chorando ainda mais... Então me lembro que tocávamos "Spring Day" no piano e a letra me aparece na mente...

"Quanto mais terei que esperar?
Quantas noites mais terei que permanecer acordado
Até que eu possa te ver? Até que eu possa te encontrar?"

Sim, eu teria que esperar muito por ele. 

Eu teria que esperar por cerca de 700 dias. 

Não, não é fácil. Dói e dói muito. Ainda mais sabendo que ele não vai poder estar comigo para montar o quarto do bebê, escolher as primeiras roupas, comemorar o primeiro aniversário, o primeiro Seollal... 

No canto da minha sala, um pequeno monte de presentes se acumula. Olho meu telefone e meu Kakao e o Whatsapp estão entupidos de mensagens. 

Respiro fundo, me levanto e resolvo organizar tudo. Eu precisava seguir em frente e aceitar que seria sem ele. Durantes esses dois anos seria apenas eu e meu bebê. 

Eu precisava ser forte. E eu seria. Por mim, pelo bebê e por ele.

A Produtora 1 - Unidos pela MúsicaOnde histórias criam vida. Descubra agora