A Produtora 1 - Unidos pela Música

Aconchego

A chegada dele na minha casa foi tranquila. Meus pais o receberam muito bem e preparam um belo almoço com muita comida italiana. Com massa, não tem como errar com ele. Minha irmã o ficava rodeando, treinando seu coreano com perguntas sobre o BTS. Pude ver ela arrancar boas risadas dele. Coisa difícil, já que ele é muito fechado, ainda mais, com que ele não tem intimidade. 

Nesse período que voltei para casa, pesquisei sobre ele e tudo que mídia e as Armys falam... Acabei percebendo que, muitas vezes, ele é incompreendido.

Ele não é preguiçoso como dizem... OK, ele ama ficar deitado e dormir, mas ele trabalha muito. Vira a noite criando, escrevendo, se preocupando com cada detalhe de cada música e apresentação. E ainda cuida de seus projetos paralelos. 

Ele não é grosso, só mais reservado, gosta de ficar no canto dele. E quando se abre, parece uma criança de tão doce. Esse jeito mais cheio de casca dele, é por causa de tudo que ele passou na vida, desde seus problemas de família até ficar na rua e passar fome.  De ser criticado por outros rappers da cena coreana por ter se vendido ao Kpop e por se apresentar rebolando e com os olhos esfumados. Por não gostar de fazer aegyo, mas muitas vezes faz, para deixar as Armys felizes. 

Quem tem o prazer de conhecê-lo, irá descobrir que por trás do Suga do BTS, tem um homem cheio de virtudes, amor no coração e que tem um sorriso que faz qualquer pedra se quebrar de tão doce.

Mesmo cansado e com um jet lag do inferno, nossa tarde foi estar na varanda, sentados quietos... Ele ficou admirando a Pedra da Gávea e ouvindo uma playlist de músicas brasileiras que deixei tocando... Bom ver ele de bermuda, chinelo e cara limpa. E quando digo cara limpa, não digo maquiagem, máscara, boné e óculos escuros... Falo de estar longe de qualquer tipo de holofote e preocupação, sendo simplesmente, ele! Um homem comum. Meu Yoongi.

Ficamos ali por horas esparramados até o sol se por. Cida, que trabalha na casa dos meus pais, tirou a tarde para mimá-lo e trouxe boas rodadas de água de coco e doces com bastante chocolate e amora. E ainda prometeu fazer um peixe especial para ele a noite...

-Lena?

-Oi!

-Não me deixar sair daqui? - Diz ele quase miando com sua voz rouca em inglês no meu ouvido.

-Se depender de mim e dos meus braços, você não sai...

Com delicadeza ele beijou minha testa e continuou se aconchegando do meu lado, com a cabeça em meu peito. Uma lágrima insistente caiu pelo meu rosto.

E o som que embalava esse novo jovem amor, tinha a delicadeza do mestre Tom Jobim ao piano com sua "Garota de Ipanema"... A primeira música que toquei pra ele no piano depois de anos...

E eu só queria dizer a ele, na língua dele, que independente de tudo, eu sempre estarei com meu ombro pronto para ter ele a hora que precisar. Um dia, em breve, eu irei conseguir e dizer. Com toda certeza. Prometi isso a mim mesma.