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Dia 1: O retorno
Observava a mulher parada à minha frente. Rebecca estava diferente, com aspecto cansado, os cabelos bagunçados em um rabo de cavalo, olhos com olheiras e sem brilho. Ela parecia mais magra, tirando a grande barriga que se destacava na blusa larga.
Mas nem por isso deixava de estar linda. Meu coração errou uma batida, tenho certeza que era a maconha. Não poderia ser outra coisa. Já havia superado a mulher na minha frente.
— Acabou rápido com os 20 mil que eu te dei. — Disse ao me apoiar na porta, tentando recuperar a voz — Quer mais quanto agora pra sumir de novo?
— Eu pedi uns 10... — Ela disse enquanto me encarava com um sorriso pequeno — Deu 20 porque quis.
Eu acabei rindo com aquilo. Ela não deixava de ter a resposta na ponta da língua, mesmo estando sem condições de fazer aquilo. Becca franziu o cenho, apoiando uma das mãos no topo da barriga. Meu olhar foi diretamente para essa região. Mesmo já reparando anteriormente, ela quis ter certeza que eu havia notado sua gravidez.
— Precisamos de ajuda, Nate. — Ela continuou, agora em um sussurro enquanto olhava ao redor.
— Eu sou burro, mas nem tanto, Rebecca. — Soltei um riso irônico e ela me olhou confusa — Sei que é impossível esse filho ser meu.
— Isso não é golpe da barriga, Nate. — Ela fez uma careta. — O filho não é seu. O filho é meu! Eu só preciso que você me ajude por um tempo, até eu conseguir fugir de novo.
— Fugir de quem? — Eu perguntei enquanto me aproximava.
— Do Luke. — Ela disse em outro sussurro.
— E por que não pede ajuda pro pai dessa criança?
— Só se for no inferno, que é onde ele está agora. — Ela soltou um riso debochado.
— Rebecca, em que merda você se meteu? — Fiz uma pergunta retórica enquanto girava nossos corpos, dando passagem para a mesma entrar na minha casa — Eu não vou me meter nas suas confusões de novo!
Rebecca aproveitou a minha deixa e adentrou na casa, indo diretamente para o sofá em que eu estava anteriormente. Eu esperei alguns segundos e fechei a porta. Quando cheguei na sala ela estava sentada, com a mochila que carregava ao seu lado. Paul estava ali e alternava seu olhar entre nós dois, tentando entender o que estava acontecendo.
— Sua mãe está preocupada, me pediu para ir atrás de você para conseguir alguma notícia. — Disse ao me sentar e pegar novamente o baseado, acendendo em seguida. — Jacob também.
— Melhor ela nunca saber onde eu estou. — Becca disse com o cenho franzido, ignorando parte do que eu tinha dito.
— Qual o motivo dessa fuga agora? — dei um trago longo, soltando a fumaça em seguida. — E nem tente me manipular, quero a verdade. Quero saber de tudo que fez nesses três anos. — Ela concordou com a cabeça.
