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Dia 380
Sair de NY foi mais fácil do que chegar. Achei que Luke pudesse criar algum empecilho, mas ele pareceu confiar em tudo o que eu disse. Ao mesmo tempo em que estava confiante, aquilo me trouxe um certo medo. Eu estava atuando, ele também poderia estar.
A única vantagem em todo esse teatro foi a descoberta de que o Vincent continuava no seu pé, atacando de todos os lados. Luke parecia recuado, em vários aspectos, então ele não gastaria muito recursos para investigar uma aliada antiga, se é que eu poderia me chamar assim. Mas eu já tinha mostrado valor a ele antes e nunca o traí, não que ele tenha ciência.
Deixei os dólares que peguei do Nate com a Lucy para qualquer emergência e fiz a garota prometer que me ligaria todos os dias. Eu não confiava que o Luke a protegeria. Ele nunca foi capaz de proteger ninguém.
Eu chegaria na Califórnia, mais precisamente na casa do Nate, no início da noite. Se desse sorte, ainda chegaria antes do sol se pôr. O meu maior medo era ele não me aceitar de volta, mas eu não poderia contar a verdade. Ele nunca me perdoaria se soubesse todo o plano. Ele não me perdoaria se acontecesse algo com a minha barriga. Era estranho pensar que tinha um bebê ali.
Eu peguei um pouco de dinheiro para mim. Não queria passar o que passei da última vez. Precisava de dinheiro para pagar algum transporte até a casa do tatuado e comer algo ao longo do caminho. Além de que precisaria arrumar todo o dinheiro que peguei da sua carteira. Assim que parei em frente ao portão da sua casa, respirei fundo. Estava na troca de plantão dos seguranças, então apenas adentrei na casa, recebendo alguns olhares confusos. Eu parecia um cachorro acoído.
Fui direto para dentro de casa, tentando esbarrar com o mínimo de pessoas possíveis. Não queria encontrar com o Nate nesse primeiro momento. Precisava de um bom banho e uma boa desculpa, algo que não consegui pensar em todo esse tempo.
Isso teria funcionado, se o maconheiro não estivesse na sala. Assim que abri a porta, seu olhar veio direto para mim. Nate estava com um semblante de raiva, o que me causou um certo receio de estar ali. Esse olhar foi uma das piores sensações que eu já senti ao longo da vida. O tatuado veio ao meu encontro como uma bala, bufando.
— Nate, eu... — Fui interrompida com os braços dele me envolvendo.
— Por Deus, Becca. — Ela me apertou mais contra seu corpo. — Você está viva! Nunca mais faça isso. — Ele me soltou do seu abraço, mas ainda segurava meus braços.
— Me desculpa. — Falei sincera. — Eu achei...
— Você tem que parar de ser tão egoísta, caralho! — Ele disse com raiva, ainda me mantendo presa. — Só pensa em você.
— Eu achei que você iria achar bom. — Falei sem jeito e ele ficou confuso.
— Caralho, Rebecca. — Nate revirou os olhos. — Estou cansado de você fazer o que acha melhor. — Ele soltou um riso seco. — Melhor para quem, porra? Você me chutou e depois fugiu daqui sem nem me falar nada.
