Califórnia ▪ Nate Maloley

07 ▪ Becca

Dia 4

Eu tinha acabado de passar por uma crise de ansiedade e Nate ainda permanecia me encarando confuso, esperando uma resposta.

— Eu já estou bem. — Disse desviando meu olhar do moreno tatuado.

— Eu não vou te expulsar da minha casa. — Ele disse se movimentando no banco, tentando soar calmo — Não agora, pelo menos. Só iria ao nutricionista e depois fazer os exames que o médico passou. Mas, se quiser, podemos ir outro dia.

— Não, tudo bem... — eu disse enquanto ele ligava novamente o carro.

Eu não estava preparada para contar tudo que havia acontecido comigo nesses últimos anos, mas sabia que em breve eu teria que estar. Nate iria querer saber a verdade, afinal essas foram as suas condições para me deixar em sua casa. Apesar de tudo, eu não podia me dar ao luxo de sair de lá. Não agora, muito menos assim. A barriga já me dificultava fazer muitas coisas.

O caminho até o tal nutricionista foi em silêncio. Nate estacionou e fomos para o consultório, onde me pediram os documentos. Eu estava sem nenhum, já que eu não pretendia passar em lugar nenhum.

— Tudo bem. — A recepcionista disse. — Vou só tirar uma foto sua para fazermos a ficha e depois preenchemos com as informações necessárias.

A mesma fez esse procedimento e depois nos liberou para a consulta, que correu bem. Depois fomos para um laboratório fazer os exames, mas teríamos que voltar em outro dia para fazer tudo em jejum. Nate ainda permanecia em silêncio, como se estivesse dando passos em ovos. Eu preferia assim, já que não queria falar sobre o ocorrido.

Quando chegamos em casa eu fui direto para o quarto. Aquele era o único local da casa em que poderia ser eu mesma, sem nenhuma preocupação ou medo. Ali eu me sentia segura. Me deitei na cama e só fui interrompida da minha calma com a Cindy entrando com as sacolas de roupa e um sanduíche.

— A senhorita está melhor? — Cindy disse com um sorriso e eu concordei com a cabeça.

A senhora colocou o sanduíche no criado mudo e foi guardar as roupas. Eu estava sem fome, mas sabia que ela insistiria até que eu comesse tudo. Peguei o mesmo e dei uma mordida enquanto tudo era organizado. Cindy volta e meia me encarava para ver se eu estava comendo.

Depois de guardar tudo, a senhora foi embora, me deixando ainda com a metade do sanduíche, que coloquei novamente no criado mudo. Fui direto para o banheiro, precisava de um banho para me acalmar.

Enchi a banheira com água morna e joguei uns sais ali. Não sei porque tinham essas coisas no quarto de visitas, mas o Nate era estranho mesmo. Entrei e liguei a hidro, fechando os olhos em seguida. Aquilo estava tirando toda a tensão do meu corpo. Já sentia a espuma começar a se formar e eu estava cada vez mais relaxada.

— Eu tenho maconha... — Nate falou num sussurro, me assustando.

Eu encarei o moreno que estava sentado em cima do vaso me encarando. Olhei para a região que ele olhava. A minha barriga, que era a única parte exposta além da espuma. O garoto, em qualquer ocasião, sempre levava o olhar para essa área, quase como um fascínio.

— Mas acho que não faria bem para o bebê. — Ele respondeu antes mesmo que eu pudesse falar algo.

— Eu estou tomando banho, Nate! — o repreendi.

— Não tem nada aí que eu já não tenha visto, Rebecca. — Ele deu de ombros.

— É diferente. — Disse — Agora eu tenho uma barriga.

— E é a melhor parte. — Ele disse rapidamente com um sorriso, se assustando e fechando sua expressão. — Porque assim eu lembro as merdas que você fez.