Capítulo 1

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Odeio mudanças. Todas elas. Principalmente pela qual estou passando agora. Não consigo acreditar que meu pai resolveu ir viajar pelo mundo com sua nova namorada e me deixar com meu tio, Johnny Lawrence, que não vejo a oito anos. Logo ele que não tem a mínima ideia de como cuidar de um adolescente, ou talvez tenha, já que ele mesmo ainda se acha um.

Estou na porta criando coragem para bater, minhas mãos estão tremendo de nervoso e ansiedade, e tudo que eu quero fazer é dar meia volta, ir para casa e me esconder em baixo dos cobertores.

— Precisa de ajuda? — viro para trás assustada, tentando encontrar o dono da voz, por fim, vejo um garoto que provavelmente tem minha idade, usando um kimono branco - e feio -, que mais parecia um pijama, me encarando com uma feição curiosa.

Para amenizar um pouco o clima que ficou quando ele me viu encarando a porta sem bater, resolvi zoar um pouquinho com a cara dele.

— Qual é a do pijama? — pergunto com uma das sobrancelhas arqueadas e em tom de falsa curiosidade.

— Isso não é um pijama. — diz como se não pudesse acreditar que falei algo do tipo. — É um kimono.

— Isso mais para pijama do que kimono, cara — dou de ombros e me viro novamente para a porta da casa de meu tio.

— O que você quer com o sensei?

— Sensei? — me viro assustada — Johnny Lawrence é seu sensei?

— Hm, sim?

Dou de ombros e me viro novamente, dessa vez decidida a bater na porta e enfrentar meu nervosismo, porém não foi preciso, já que ela foi aberta no mesmo instante em que ergui uma das minhas mãos. Meu tio sai e fica olhando entre eu e o garoto por um tempo, provavelmente tentando assimilar algo.

— Sensei, — por fim o garoto diz — acho que ela quer fazer umas aulas de karaté.

— Não quero não. — respondi enquanto empurrava meu tio para o lado, para poder entrar na casa dele — Nossa que casa mais sem graça, titio.

— Tio? — pergunta o garoto, alternando o olhar entre meu tio e eu.

— Megan, esse é o Miguel. Miguel, essa é a Megan, minha sobrinha. — diz o velho ainda me encarando.

— Me diz que terei um quarto. E que tem comida aqui, eu morrendo de fome.

— Eu não sabia que você viria hoje, Meg.

— Provavelmente meu pai te deixou uma mensagem de voz e você não viu. — sorri de lado — Então, esse garoto vai ficar nos encarando feito bobo enquanto botamos a conversa em dia?

— Eu não... eu..., sensei, a gente precisa ir.

— Vai indo na frente, Miguel, eu cuido da pirralha.

O garoto que descobri se chamar Miguel nos encara por mais alguns segundos e depois sai sem olhar para trás, enquanto Johnny tenta entender tudo eu vou para a cozinha procurar algo para comer, mas tudo que encontro são algumas bebidas alcoólicas, solto um riso baixo e pego uma latinha.

— Vamos lá, Johnny, eu não sou um monstro.

— Você cresceu. — ele comenta — Já pode beber isso?

— Você se importa se eu posso ou não?

— Não, não me importo. — ele sorri.

— Bom, — me sento na bancada da cozinha, enquanto bebo minha cerveja — sensei, hm?

— Cobra Kai. — ele sorri — Reabri. Sou o novo sensei. Inclusive tenho aulas daqui dez minutos.

— Cobra Kai. — murmuro, me lembrando de algumas histórias que meu pai me contou sobre esse dojo. — Isso não é meio estranho?

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora