Capítulo 38

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Eu estava sentada em uma cadeira branca, na sala de visitas, esperando ansiosa minha mãe chegar até mim. Olhava meu celular, assistindo alguns vídeos e tentando esconder o quão nervosa eu estava.

Tudo que eu pensava era em como contar para minha mãe, que, bem, ela é minha mãe. Ela acreditaria em mim? Me mandaria embora? Me culparia por ter a abandonado?

Soltei um suspiro fraco quando vi ela entrando na sala, seus cabelos brilhosos balançando conforme o vento e seu sorriso, que ia até seus olhos. Sorri para ela quando vi a camiseta que ela usava, e me perguntei o porquê de tratarem ela diferente, seria por causa de meu pai?

Me levantei quando ela veio em minha direção e me deu um abraço apertado e mais uma vez conti a vontade de chorar. Me sentei quando ela se sentou em minha frente, com alguns desenhos em suas mãos.

— Mais desenhos? — perguntei apontando para as folhas.

— Desenhos seus. — ela colocou eles em minha frente e percebi que ela falava a verdade.

— São lindos. — murmurei enquanto passava o dedo pela folha. — Obrigada, Emma.

— Me conte. — ela sussurra. — Me conte toda a verdade, Megan, me conte o que faz aqui e o porque, — ela solta um suspiro fraco. — de se parecer tanto com ela.

Eu sabia que ela estava se referindo a sua filha, à mim. E sabia, que no fundo de seu coração, que ela já sabia que eu era desde o momento em que entrei por aquela porta.

— Porque eu sou ela, — sussurro. — mas acho que você já desconfiava disso, mãe.

Vejo quando ela fecha os olhos e murmura algumas coisas para ela mesma, em seguida se levanta correndo e me puxa para um abraço apertado e duradouro. Começo a chorar descontroladamente em seus braços e percebo que ela também solta as lágrimas que segurava.

— Me desculpa. — murmuro em seu ouvido. — Me desculpa por não ter feito nada, mãe, me desculpa. — solucei e ela me apertou mais forte.

— Não é culpa sua, querida. — ela sussurrou passando suas mãos por meu cabelo. — Nada disso.

E então ela se afasta de mim, colocando ambas as mãos em meu rosto e apertando minhas bochechas.

— Eu sabia, — ela começou, passando seu dedo por minha sobrancelha. — soube desde o momento em que entrou por aquela porta, mas não queria... não queria criar esperanças.. — e ela me abraçou novamente.

Não sej exatamente por quanto tempo ficamos abraçadas, só sei que nos afastamos apenas para que ela me levasse para seu quarto e nos deitasse em sua cama para fazer carinho em meu cabelo, como costumávamos fazer antes.

— Como você veio parar aqui, mãe? — pergunto. — A senhora não tem nada, — hesito. — ou tem?

— Não que eu saiba, querida. — ela solta um riso fraco. — Seu pai me colocou aqui e eu não sei exatamente o que ele fez para conseguir, só sei que não posso sair por conta própria.

— Eu queria ter descoberto isso antes. Ele, — suspirei. — ele me disse que você estava morta e só descobri porque meu tio me contou, mãe. — comecei a chorar novamente.

— Seu pai sempre foi muito bom com mentiras. — ela sorri e me da um beijo na testa. — Como foi esse tempo com ele? Como ele está te tratando?

— Como se eu fosse um lixo, — fecho os olhos. — desde quando ele fez isso com a senhora ele me trata como um lixo. Nós nos mudamos e ele faz questão de ignorar minha existência todos os dias desde então, só estou aqui porque ele está viajando com sua nova namorada.

— Está com seu tio?

— Sim, — sorrio. — ele é um cara legal.

— Ele sempre foi um cara legal, querida. — ela suspira. — Sinto muito pela sexta passada.

— Não tem pelo que sentir muito, mãe, eu entendo. — levanto meu olhar para ela. — Vou te tirar daqui.

— Temo que precise do seu pai para isso, amor.

— Então eu trarei ele até aqui. — me levanto. — Passei os últimos anos de minha vida pensando que você estava morta, e eu tenho que pedir desculpas por não ter desconfiado de nada, e também por ter esquecido como você era, porque eu esqueci tudo, mãe. E me dói tanto pensar que enquanto eu esquecia tudo você estava aqui fazendo desenhos meus.

— Você era só uma criança, querida. Não se culpe e nem se cobre por isso. Estamos juntas agora e é isso que importa.

— Prometo que vou te tirar daqui, mãe. — a abraço novamente.

— Eu te amo, docinho. Te amo mais que tudo.

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora