Capítulo 17

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O beijo foi horrível.

O garoto tinha passado as mãos pela minha cintura sem nenhuma pegada e ainda por cima não colocou a língua e minha boca, tudo que eu queria fazer era rir, ou chorar. Me afastei dele assim que ele tentou levar as mãos a minha bunda, e olhei correndo para trás para ver se Miguel ainda estava lá, para minha sorte, ele já tinha saído.

Dei um tapinha fraco no braço do garoto e fui para o quarto de Aisha, precisava ficar sozinha e sabia que ninguém entraria naquele cômodo.

Me sentei encostada na parede e enterrei meu rosto em minhas mãos que estavam tremendo, provavelmente por conta do nervoso.

Miguel era o culpado disso tudo. Ele quem fez eu me sentir assim. A culpa era dele e daquela droga de sorriso, do jeito que ele me olhava e da forma que ele me tratava. Tentei botar tudo isso em minha cabeça, mas não conseguia enganar nem a mim mesma, porque eu sabia que a culpa era minha, eu me apeguei a todos os pequenos detalhes e comecei a enxergar Miguel Diaz de outra forma, e eu pagaria por isso.

Me assustei quando senti meu celular vibrar no bolso de minha calça, indicando que alguém estava me ligando. Vi a foto de meu pai na tela e soltei um suspiro fraco, não sabia se atendia ou não, mas no fim, optei por atender. Querendo ou não, eu sentia falta dele.

- Oi pai. - sussurrei.

- Onde você está Megan? Liguei para seu tio e ele não me atende, te mandei várias mensagens e você não responde. - como se ele se importasse. - E que barulho é esse? Está em uma festa? Por isso nem você e nem Johnny me atenderam? Sabia que vocês eram iguais, dois inúteis que vivem de festa em festa por aí, nunca vão ser ninguém na vida. Nunca vão ter ninguém. Vão ser sempre conhecidos como fracassados, - minhas mãos tremeram ainda mais e lutei contra as lágrimas. - você é uma imprestável Megan, por isso não está nessa viajem comigo, imagina a vergonha apresentar você como minha filha e.... - desliguei a chamada na cara dele.

Encostei minha cabeça na parede e soltei as lágrimas que estava segurando. Por que ele ainda me tratava assim? Não conseguia entender. Por que ele me ligou apenas para falar essas coisas? Provavelmente porque estava bêbado. Provavelmente ele fodeu a nova namorada até ela se cansar e como não tinha mais nada para fazer resolveu ligar para mim, para me ofender e dizer coisas para mim que eu já sabia que iriam um dia acontecer. Eu sabia que estaria sozinha para sempre, eu sei que sou uma imprestável e que não valho nada, sei porque ele sempre fez questão de reafirmar isso, sempre fez questão que eu soubesse.

Minhas mãos tremiam e minha respiração estava descontrolada, eu sabia que precisava me acalmar mas não conseguia, era esse o efeito que meu pai tinha sobre mim. Me assustei quando escutei a porta se abrindo mas não fiz questão de abrir os olhos, só abri quando senti uma mão quente e delicada em meu braço. Moon.

- Meg, meu Deus, o que aconteceu? - ela perguntou mas eu não conseguia e não queria responder. - Puta que pariu, - ela se virou para a garota que entrou no quarto com ela - encontre Miguel Diaz e fale para ele vir aqui agora. - balancei minha cabeça, pedindo para que não chamasse ele, mas ela apenas fez um carinho em meu cabelo e murmurou palavras de consolo. - Tente se acalmar, Meg. Respire devagar.

Diaz chegou correndo no quarto e parou na porta assustado, provavelmente pensando se valia a pena perder o resto da festa ajudando uma garota fodida. A resposta é não, não vale, Diaz.

- Miguel, eu não sei o que aconteceu eu... eu... não sei o que fazer, acho que é ansiedade mas ela ... meu Deus, Diaz. - Moon gaguejou e eu quis rir, mas não conseguiria, de qualquer forma.

- Eu cuido dela, Moon. Pode descer. - ele se aproximou devagar.

- Tem certeza? - ele apenas assentiu, o olhar focado em mim.

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora