Capítulo 6

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Meu tio me mandou mais cedo para o dojô para ajudar seus alunos a se exercitarem, não sabia exatamente porque Johnny me mandou em seu lugar, mas também não sabia se queria saber o que o velhote está aprontando.

Separei o pessoal em dupla para se ajudarem nos exercícios, deixei Miguel e Falcão se ajudando e fui até Aisha, para ajuda-la e para conversar com ela também, já que não tive oportunidade de fazer isso no dia anterior.

— Onde você foi ontem, Meg? — ela perguntou enquanto me aproximava.

— Longa história, te conto outro dia. — segurei seus pés para que ela conseguisse fazer certo os abdominais. — Escuta, vacilei com o Miguel ontem e meio que queria me desculpar corretamente, tem ideia do que eu possa fazer?

— Acho que não precisar fazer nada, Meg. Ele já te perdoou.

— Mas eu queria fazer, Aisha, me sinto culpada ainda.

— Certo então, mas não leve ele num fliperama, o primeiro encontro dele com a Samantha foi lá.

Ficamos conversando por alguns minutos enquanto eu ajudava a mesma nos exercícios, quando meu tio chegou ele passou direto por todos nós e foi para a sua sala. Troquei um olhar com Miguel e fomos atrás dele.

Não bati na porta para entrar, e meu tio me olhou com uma cara feia.

— O que vocês querem?

— O que o senhor aprontou, velhote?

— Nada que mereça ser dito para vocês.

— Sensei, não precisa falar assim. Só estamos preocupados.

— Miguel, vá para lá e mande todos entrarem em formação, você e Falcão na frente.

Miguel me encarou por alguns segundos e concordei com a cabeça, indicando que ele poderia sair. Assim que ele o fez, me joguei na cadeira enfrente a mesa de meu tio e esperei ele falar o que tinha que falar.

— Fui atrás de Robby e ele me tratou como um lixo.

Pensei por alguns segundos antes de responder. Soltei um suspiro fraco e fechei meus olhos.

— Falei com ele ontem, tio, — ele ergueu um olhar assustado para mim — por isso não fui a lanchonete junto com vocês, eu estava com Robby. Vi o que aconteceu com ele na competição e, fiquei preocupada.

— Não sabia que você tinha reconhecido ele, Meg.

— Pois reconheci. — sorri fraco — Ele me perguntou se foi você que me mandou atrás dele e quando eu disse que não, ele ficou pensativo.

Ficamos em silêncio novamente, esperei meu tio dizer algo mas ele não o fez. Me levantei e quando estava abrindo a porta, virei para meu tio e disse: — Você devia ter ido atrás dele ontem, Johnny.

Sai da sala e me sentei em meu devido lugar, peguei meu celular para verificar se meu pai tinha me mandado alguma mensagem, mas nada. Faz seis dias que vim para cá, seis dias que ele foi viajar com a namorada e até agora ele não se preocupou nem em perguntar como eu estava.

Soltei um suspiro triste e fechei os olhos para não deixar as lágrimas caírem, os abri novamente quando escutei a porta de meu tio sendo aberta, ele se posicionou em frente a seus alunos e os cumprimentou.

— Todos em posição. — meu tio mandou.

— Deve ter feito um festão aqui hein sensei. — Falcão disse se referindo a bagunça que estava o dojô.

— Para comemorar o que? Que meus alunos são uns covardes?

Me levantei e me encostei na parede, já sabendo o que estava por vir.

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora