Capítulo 55

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Acho que de fato ninguém chegou à perceber como o acidente de Miguel me afetou. Claro, Moon e Adam perceberam grande parte, e tentaram me ajudar das melhores maneiras possíveis, mas não conseguiram. Não conseguiram porque tudo que eu tinha e ainda tenho em mente é a visão de Miguel Diaz caindo, do baque que ele fez quando por fim atingiu o chão, do seu corpo em coma no hospital. Nada que eles dissessem me faria esquecer isso.

Permaneci forte ao lado de Carmen e Rosa no hospital, reforçava sempre que tudo ficaria bem, mas nem eu acreditava nisso.

Não chorei quando vi Miguel pela primeira vez depois do acidente, não chorei quando ele acordou, ou quando ele falou que não sentia as pernas, não chorei na frente deles, no caso, porque eu chorava todas as noites antes de dormir, e no dia seguinte, chegava no hospital fingindo que nada aconteceu, que eu não tinha desabado na noite anterior.

Eu fingia ser forte pelas outras pessoas, principalmente por Diaz, mas desmoronava assim que eu estivesse sozinha em qualquer lugar. Qualquer lugar mesmo.

Então, aqui estou eu, desmoronando mais uma vez no banheiro da escola. Pensando na maneira como Diaz tinha saído ontem, em como ele estava sem esperanças nenhuma. E para ser sincera, eu também estava. Só não deixava isso transparecer.

Fechei os olhos e soltei um suspiro fraco quando consegui me acalmar, limpei meu rosto que provavelmente deve estar vermelho e inchado, e saí. Andei correndo pelos corredores vazios e nem olhei para o lado quando passei pelo lugar que Diaz estava caído e inconsciente alguns dias atrás. Céus, como odiava aquele lugar. Como eu odiava essa escola que não nos deu apoio nenhum, como eu odiava meu primo por ter feito aquilo.

Respiro fundo quando chego ao campo de futebol e me sento na arquibancada. Puxo minhas pernas para mim e abraço meus próprios joelho, apoiando a cabeça neles e encarando o restante do pessoal treinando. Adam entre eles.

Quando percebe minha presença meu amigo me encara com curiosidade, e não sou capaz nem de balançar a cabeça para ele, ou tentar dizer que está tudo bem. Ele fala com seu treinador e em seguida vem correndo em minha direção, se sentando ao meu lado e me encarando, tentando me ler. Ele não conseguiria, na verdade, só Diaz consegue fazer isso.

— Você não deveria estar na aula da biologia ou algo assim? — meu amigo pergunta.

— Algo assim. — respondo e ele sorri.

— Quer conversar? — ele pergunta com pena.

— Na verdade, — suspiro. — queria que você conversasse com sua mãe.

— Sobre o que? — ele pergunta curioso.

— Vou me demitir. — sussurro. — Eu conversei com minha mãe e ela vai arrumar um emprego, então chegamos a conclusão que eu deveria parar de trabalhar. Segundo ela eu ainda sou uma criança e não posso fazer isso, e eu até acho isso bom, porque posso ajudar mais o Diaz.

— Ajudar ele em que, exatamente? — me assusto quando Moon surge ao meu lado e ela ri, jogando seus cabelos para trás.

— Em voltar à andar. — dou de ombros e meus dois amigos me encaram com preocupação estampada no olhar.

— Tudo bem, — Adam suspira. — está demitida.

— Você não precisa de dinheiro para alugar uma casa para você e sua mãe? — me assusto mais uma vez quando Yasmine aparece em nossa frente.

— De onde você surgiu? — Adam pergunta.

— Eu estava aqui perto o tempo todo. — ela da de ombros. — Não respondeu minha pergunta, vadia.

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora