Soulmate • Miguel Diaz

Capítulo 49

— Vocês têm certeza que essa é uma boa idéia? — Moon pergunta para Adam e eu, enquanto subimos a trilha para o morro que nos dá uma vista excelente da praia.

Era madrugada de quinta-feira e eu estava em um dos meus melhores sonos quando meu celular começou a tocar, era Adam e ele pedia para que eu o encontrasse em frente a livraria, achei estranho mas não recusei, passei na casa de Diaz, peguei Scott e fui até lá, encontrando Moon ali também.

Quando questionei o porquê de estarmos ali, ele disse que eu precisava relaxar e que tinha tido uma idéia perfeita para isso, balancei a cabeça em negação mas logo concordei, porque eu precisava mesmo relaxar.

— Eu não tenho certeza de nada. — eu disse abraçando Scott mais forte.

— Parem de ser choronas, — Adam disse com um riso nasalado. — estamos chegando já.

Revirei os olhos para meu amigo e continuei o seguindo por mais alguns minutos, Scott se remexia em meu colo mas eu não queria colocá-lo no chão, ele poderia fugir ou algo do tipo.

Quando Adam parou, eu parei logo atrás dele e fiquei na ponta dos pés para poder ver a paisagem sob seu ombro, abri um sorriso de orelha em orelha ao ver o brilho da lua refletido no mar e as árvores e prédios complementando a visão através do horizonte.

— Lindo. — escutei Moon sussurrar ao meu lado.

E era realmente lindo, a cidade estava dormindo mas as luzes continuavam acesas, e algumas delas também refletiam na água do mar. De onde estávamos podíamos ver tudo, mas não ouvíamos nada a não ser o canto dos passarinhos noturnos, e isso era bom. Era boa a visão e era bom estar ali com eles.

Coloquei Scott no chão e me sentei num tronco de árvore ao lado de Adam, Moon se sentou ao meu lado, apoiando a cabeça em meu ombro, me fazendo sorrir.

— Então, — me viro para Adam. — o que tem na mochila?

— Álcool, muito álcool. — ele diz e eu e Moon comemoramos com alguns gritinhos. — Mas antes, — ele começa e eu faço uma careta. — desabafe, vamos lá.

Olho para Moon pedindo ajuda mas ela apenas nega com a cabeça: — Ele está certo, você precisa desabafar, você guarda tudo para você que uma hora vai acabar explodindo.

Fechei os olhos e soltei um suspiro fraco, e então comecei a contar. Contei para eles tudo que venho sentindo através dos anos, coisas que vem acontecendo. Contei como meu pai era perfeito, como minha família era perfeita e como tudo mudou de uma hora para a outra, virando meu mundo de cabeça para baixo, contei sobre os anos que se sucederam desde minha mudança, em como meu pai passou à me excluir de tudo e fingir que eu não existia, em como eu me sentia quando ele me olhava como se eu fosse uma decepção, e de fato eu era. Contei como era bom os dias em que ele simplesmente esquecia que me odiava e dirigia algumas palavras para mim, disse como eu bebia e fumava todos os dias com pessoas que pensava serem minhas amigas, sobre Justin e a porra do meu coração partido, contei para eles o porquê de meu pai ter me mandado para cá e como ele tinha achado sua nova namorada milionária e decidido ir viajar o mundo com ela, fazer com ela o que ele prometeu que faria comigo um dia. Então contei para Adam o que de fato aconteceu com minha mãe, sobre como meu pai mentiu que ela havia morrido, sobre como eu descobri que era mentira, contei comi a encontrei e como me senti em relação a isso. Por fim, contei para eles como me senti quando descobri que Miguel e Samantha haviam se beijado, eu disse como foi me sentir traída, não só por Diaz, mas por Samantha também, porque eu tinha confiado nela, de certa forma. Disse como me senti quando vi Miguel caindo daquela altura e como me sinto vendo ele no hospital, sem poder fazer nada para ajudar. Me sinto fraca. Inútil.