Capítulo 50

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Tory: me encontre em frente ao dojô, quero falar com você.

Foi essa a mensagem que Tory me mandou assim que sai do trabalho no sábado, e agora aqui estou eu, em frente ao Cobra Kai esperando minha amiga aparecer para falar comigo.

Todos os ex alunos de meu tio passavam por mim para entrar no dojô que agora era do Kreese, eles me encaravam assustados, tentando entender o quê exatamente eu estava fazendo lá.

Fiquei esperando por algum tempo, e quando eu pensei em ir embora, Tory apareceu, mas ela não estava sozinha, Kreese estava ao seu lado me encarando com um sorriso cínico no rosto.

Congelei por alguns segundos mas logo retribui o sorriso, colocando minhas mãos no bolso da calça, tentando relaxar.

— Parece que seu tio não deu conta de você, não é? — ele perguntou curioso. — Sempre soube que uma hora você desistiria de seguir ele, afinal, você é boa demais para as regras bobas dele.

— Não vim aqui para fazer aula com você, Kreese, — ri nasalado quando seu sorriso se fechou. — não preciso disso, e eu não escolheria um babaca como você entre tantas opções.

Ele cerrou os punhos e tentou se aproximar mais de mim, mas o braço de Tory impediu. Ela nos encarou com tédio puro no olhar e se virou para seu novo sensei.

— Megan está aqui para falar comigo, sensei. — ela disse. — Pode ir começando o treinamento, logo entro.

Kreese me encarou por mais alguns segundos mas logo entrou no seu dojô, ou melhor, no dojô de meu tio.

— Então, — me viro para a Tory. — oi.

— Oi. — ela murmura. — Não posso conversar por muito tempo, Megan, mas eu sei que precisamos fazer isso.

— É, precisamos. — dou de ombros enquanto me sento ao seu lado no banco em frente ao dojô.

— Queria te pedir desculpas, — ela diz e eu arqueio a sobrancelha, ela ri fraco. — eu não deveria ter feito aquilo e nem te contado daquela forma, então, sinto muito.

— Realmente, — eu suspiro. — acho que tudo seria diferente se você tivesse abordado o assunto de outra forma, não querendo te culpar pelo que aconteceu com o Diaz, longe disso. — sorrio sem mostrar os dentes para ela. — Você não deveria ter tomado minhas dores, Tory, aquilo era uma briga minha, algo que eu tinha que resolver.

— Eu sei, — percebo sua voz falhar. — eu agi por impulso e acabei ferrando com tudo, estraguei seu relacionamento e coloquei Miguel numa cama de hospital.

— Miguel estragou nosso relacionamento, Tory. — peguei em sua mão e entrelacei nossos dedos. — E não fui sua culpa ele ter caído daquela altura.

— Não consigo fazer isso, Meg, — ela sussurra. — não consigo olhar para você e não me sentir culpada.

— Sinto muito, Tory. — me levantei e me preparei para ir embora. — Por tudo. Espero que algum dia entenda que isso não é sua culpa.

Dei um beijo fraco em sua bochecha, e deixei minha amiga para trás. A deixei porque ela ainda precisava de espaço, precisava colocar as coisas no lugar e eu não conseguiria ajudar ela nisso, até porque, eu não estava conseguindo ajudar nem à mim mesma.

— Você não vai acreditar no.... — comecei a contar para Miguel assim que entrei em seu quarto no hospital, mas parei quando vi que Samantha estava lá, segurando a mão dele.

Veja bem, eu sei que fui rude com ele no dia anterior, mas quem pode me culpar? Faz três semanas que estou guardando para mim tudo que estou sentindo em relação a traição de Miguel. Estou guardando para mim porque sei que não devo incomodar ele com isso, já que ele está numa cama de hospital. No dia anterior, eu disse algumas coisas que não devia ter dito, não naquele momento, coisas que estava guardando para dizer quando ele saísse daqui.

Então hoje vim aqui visitar ele para pedir desculpas e tentar fazer com que voltemos ao normal, não o nosso normal, porque se fosse, eu estaria deitada ao lado dele e lhe enchendo de beijos, mas o normal do que somos agora, amigos.

Mas vendo Samantha segurando a mão dele entre as suas, penso que eu não deveria estar aqui, que eu estou sobrando. Sempre estive sobrando, na verdade.

— Megan. — Miguel disse tentando se sentar na cama e eu o impedi com um balançar de cabeça.

— Eu volto mais tarde. — saí fechando a porta atrás de mim e segurando as lágrimas.

Andei em passos apressados até a porta de saída, mas parei quando senti uma mão quente e suave segurar meu pulso, eu sabia que não podia ser Miguel, então nem me surpreendi quando me virei e vi os olhos azuis suplicantes de Samantha LaRusso sobre mim.

— O que você quer? — grunhi para ela, puxando meu braço de volta.

— Aquilo que você viu, — ela começou. — não é nada do que está pensando, eu...

— Cala a boca, Samantha. — sussurrei me aproximando mais dela. — Cala a porra da boca. Eu vi vocês de mãos dadas, mas eai? Vocês já se beijaram mesmo, então não faz diferença isso, faz?

— Nós não temos mais nada, Megan. — ela falou num soluço. — Ele não quer mais nada. Você precisa acreditar em mim, aquele garoto é doido por você.

— Não me importo, — dou de ombros. — passei a não me importar com o que ele sente por mim à partir do momento que descobri sobre vocês dois.

— Você precisa me escutar, — ela recomeçou. — eu o beijei, eu vim até ele, ele não quer mais nada comigo, Megan. Você pode fingir que não, mas você sabe disso também. Se for para culpar alguém, culpe a mim, não abandone ele, por favor, ele ama você.

— Sabe o que é pior? — perguntei. — Eu realmente pensei que nós tínhamos virado amigas.

— Nós tínhamos, Meg. — ela chora. — Sinto muito, ah meu Deus, sinto muito por ter feito isso, não queria que as coisas terminassem assim.

— Mas isso ainda não terminou, LaRusso. — eu abri um sorriso cínico para ela. — Dê o fora daqui, — engoli em seco. — e tente vir visitar seu garoto num horário diferente do meu.

Ela concordou com a cabeça, e passou correndo por mim, se afastando do hospital. Fiquei parada no corredor por alguns minutos, pensando em desistir de toda essa merda, em parar de visitar Miguel. Não consigo, foi o que eu sussurrei para mim mesma. Não consigo deixar Diaz, não nesse estado. Então, decidida a ficar com Miguel pelo menos ate o tempo em que ele estiver no hospital, eu dei meia volta e fui até seu quarto.

Soltei um suspiro fraco quando entrei novamente no quarto de Diaz e ele me encarou com lágrimas nos olhos e um sorriso doce. Me sentei ao seu lado e peguei meu celular, disposta em não entrar em uma conversa com ele agora.

— Ela só veio me pedir desculpas. — ele disse.

— Não me importo. — menti.

— Não podemos continuar assim, Meg. Não sei se ela já te contou mas eu empurrei ela no dia em que ela me beijou.

— Sim, ela já me contou. — coloquei o celular sobre a cama e o encarei. — Esse não é o problema, Diaz. Que bom que você afastou ela, não fez mais que sua obrigação. O problema é você não ter me contado quando teve a oportunidade, porque bem, você teve. Você me deixou descobrir daquela maneira mesmo sabendo que se tivesse me contado antes, com todos os detalhes, eu perdoaria você.

— Perdoaria? — ele pergunta num sussurro.

— Claro, — respondo e soltei um fraco suspiro. — vi com meus próprios olhos como ela estava bêbada, então seria fácil eu entender, até porque sempre foi mais do que óbvio que ela ainda gostava de você.

— Não queria te machucar, linda. — ele disso e pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

— Mas machucou, Diaz. — fechei os olhos, impedindo as lágrimas de descerem. — Você me usou?

— Não, Megan, não. — ele arfa. — Pelo amor de Deus, linda, eu nunca te usaria, eu sou doido por você, eu te amo tanto, por favor, nunca mais diga isso.

— Não parece que você me ama, Diaz. — soltei com um suspiro fraco.

— Vou te provar que sim. Que amo pra caralho

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora