Capítulo 13

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Sobreviver é diferente de viver.

Minha psicóloga me falou essa frase em uma de nossas consultas e desde então não consigo tirar ela da cabeça.

Antes eu não entendia muito bem, até porque, qual seria a diferença?

Mas hoje, olhando para as pessoas nesse dojô, eu entendia. Sobreviver é só estar ali, é estar viva mas ter uma vida monótona e sem graça, viver é estar e se sentir viva, aproveitar a vida ao máximo, ir a festas, ter amigos, se sentir leve.

Eu sobrevivi por muito tempo, estava lá, queria estar, mas não vivi os momentos, acho que porque não havia momentos bons, só ruins. Não tinha amigos e não tinha meu pai, ainda não tenho, e nunca vou ter mais. Viver é o que estou fazendo - ou tentando fazer - agora, me permitindo, tendo pessoas ao meu lado, sendo eu mesma.

— Em posição. — meu tio gritou e todos nós o obedecemos.

Meu tio nos passou uma série de exercícios em duplas e eu e Miguel ficamos juntos. Ele me ajudava enquanto eu fazia alguns abdominais

— O sensei não para de nos encarar. — Miguel comentou.

— Kreese não é um sensei. — reclamei.

— Qual o seu problema com ele? Quer dizer, eu não confio nele mas você realmente o odeia.

— Ele é uma péssima influência, Diaz. Meu pai me contava algumas histórias antes de resolver que não queria mais falar comigo.

— Você e o seu pai não tem uma boa convivência?

— Podemos falar disso outra hora?

E antes que ele pudesse responder escutamos alguém entrando no dojô e quando me virei para ver quem era me deparei com Daniel LaRusso, Samantha e Robby. Troquei um olhar confuso com Miguel e nos levantamos.

— O que pensam que estão fazendo? — meu tio perguntou.

— Como se não soubesse. — Daniel diz.

— Tira o sapato para pisar no tatame, respeita meu dojô.

— Quer mesmo falar sobre respeito?

— O que querendo dizer? — me aproximei mais deles já irritada.

— Não se faça de sonsa, Megan.

— Olha lá como fala comigo, LaRusso. — abri um sorriso cínico para ela e cerrei meus punhos, pronta para atacar.

— Parte de mim teve pena de você em algum momento, Johnny, mas você torna fácil lembrar quem é o errado nisso tudo. Você se chama de sensei mas você nem sabe ser um. Um sensei orienta, engrandece. Um sensei não ensina desrespeito e destruição.

— Já disse que não sei do que você está falando, LaRusso. — meu tio disse e eu acreditei nele. — E você também não sabe do que está falando.

— Bem, eu sei que ninguém conquista uma Medalha de Honra roubando ela. Deixa eu falar uma coisa sobre o sensei de vocês, ele pode ensinar vocês a lutarem mas ele não sabe nada sobre o que é vencer na vida. — fui em direção a Daniel pensando em descontar toda minha raiva, mas Miguel me segurou pela cintura.

Olhei para Robby, pensando em como ele era um covarde, porque seu sensei estava falando coisas ridículas sobre seu próprio pai e tudo que ele conseguia fazer era ficar encarando o chão. Daniel continuou: — Se quiserem se salvar antes que seja tarde, as portas do Miyagi-Do estarão abertas para vocês.

— Você veio aqui para roubar os meus alunos? — meu tio perguntou.

— E você vai fazer o que?

Pensei que meu tio arrebentaria a cara desse idiota, mas tudo que ele fez foi soltar um riso fraco e dizer: — Eu sou bem melhor que isso.

— Vamos ver se é mesmo. — LaRusso disse e saiu, com Robby e Samantha logo atrás dele.

Me soltei de Miguel e corri até lá fora, encontrando os três prestes a entrar no carro. Robby foi o primeiro a perceber minha presença.

— Você é um covarde Robby, — xinguei — escutou calado as coisas que esse cara disse para o seu próprio pai, seu idiota, imbecil. — olhei para Daniel — E quanto a você LaRusso, — ele me encarava assustado — pode ter conhecido meu tio idiota na adolescência, pode saber quem ele foi naquela época, mas você não sabe nada sobre quem ele é agora, não ache que tem o direito de falar essas coisas.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa senti uma mão segurando a minha e percebi ser Miguel, me puxando novamente para dentro do dojô. Quando entrei vi que alguns alunos estavam saindo, provavelmente por conta das merda que o Daniel falou. Segurei o braço de Chris e falei: — Vai embora e seja o covarde que você é.

Ele ficou parado me encarando por um tempo e saiu com a cabeça baixa.

— Bando de fracotes. — reclamei.

— Queria quebrar a cara daquela Samantha. — Tory disse.

— Queria quebrar a cara dos três. — rebati.

— Esqueçam eles. — meu tio disse e foi para a sua sala, fui atrás, trancando a porta antes de entrar.

— Velhote, você sabe que nada daquilo que aquele idiota falou é verdade, certo? Você ensina coisas boas aqui, é um sensei foda que tem o carinho e amor dos seus alunos. — esperei ele responder mas acho que ele não conseguia, abri a porta e antes de sair eu disse: — Tenho orgulho de quem você é, tio.

Ninguém mais estava afim de treinar depois que Daniel foi embora, então eu peguei minhas coisas eu fui para a casa de Aisha, já que ela me chamou para maratonar os filmes da Barbie com ela

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Ninguém mais estava afim de treinar depois que Daniel foi embora, então eu peguei minhas coisas eu fui para a casa de Aisha, já que ela me chamou para maratonar os filmes da Barbie com ela. Estávamos jogadas em sua cama discutindo qual iríamos assistir primeiro, já que ela queria assistir Moda e Magia e eu queria ver Princesa da Ilha.

No fim, optamos por assistir Castelo de Diamantes, cantamos as músicas super animadas e gravamos alguns vídeos. Depois de assistirmos uns três filmes, Aisha me levou para a cozinha porque ela iria fazer uma receita que aprendeu na internet.

— Sua casa é enorme. — comentei.

— E eu vou passar o final de semana sozinha aqui, acredita? — ela falou e eu olhei pra ela com um sorriso de canto. — Seja qual for sua ideia, a resposta é não.

— Vamos lá Aisha, uma casa desse tamanho só para você o fim de semana todo. Não tem vontade de dar uma festa?

— Não, não tenho amigos.

— Tem a mim, Tory, Miguel, Falcão, Moon e bem, é só sair convidando o pessoal. Vamos Aisha. Por favor. — fiz um beicinho.

— A gente pode chamar a Sam?

— A festa seria na sua casa, você chama quem quiser. — retruquei mesmo não gostando da ideia.

— Se meus pais descobrirem...

— Eles não vão. Diz que sim vai.

— Megan, tudo bem, vamos fazer uma festa.

Comemorei fazendo uma dança engraçada e Aisha riu. Minha primeira festa aqui, céus, tomara que nada dê errado.

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora