Capítulo 32

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Era terça-feira e eu não tinha ido ao dojô, não quando eu passei a madrugada toda pesquisando como tiraria minha mãe daquele lugar, do que eu precisaria.

Não havia dormido desde ontem e ainda estava em frente ao meu computador tentando entender as regras de toda essa merda. Tinha vontade de chorar cada vez que lia uma palavra que não sabia o significado e também ficava com vontade de chorar toda vez que lembrava que enfim, tinha encontrado mamãe. Depois de três semanas confusas de buscas e anos perdidos pensando que ela estava morta.

Descobri que há três formas possíveis de internação, a voluntária, que é quando o paciente decide se internar, a involuntária, quando uma terceira pessoa interna o paciente sem o seu consentimento, compulsória, que é determinada pela justiça. De acordo com o que meu tio me contou, mamãe se internou involuntariamente.

Depois de ter lido várias pesquisas, ainda não tinha entendido exatamente como tirar mamãe de lá, e isso me deixava com vontade de jogar meu computador contra a parede. Tudo que eu havia entendido, é que no caso dela, a mesma pessoa que a internou poderia retira-la ou algum membro da família, mas o que eu faria, quando o único membro da família dela sou eu? Eu tenho apenas dezesseis anos, não tenho idade o suficiente para sair retirando pacientes de hospitais. E papai não iria aceitar isso numa boa, ele não aceitaria, de qualquer jeito.

Deixei o computador de lado para dar uma olhada em minhas mensagens, havia várias de Moon e Diaz, mas não estava com cabeça para responder eles, mesmo que precise. Moon continua organizando a festa surpresa do meu namorado, apesar de eu já ter dito que não precisávamos de mais nada.

Hesitei em responder Diaz, mas quando o fiz o chamei para vir a minha casa e não demorou muito para que ele aparecesse segurando uma caixa de chocolate e com seu sorriso mais lindo no rosto.

Sorri para ele e agradeci pelos doces, revelando que era disso mesmo que eu precisava. Me encostei na cabeceira da cama e Miguel sentou aos meus pés, pegando meus pés para fazer uma massagem deliciosa.

— Como você está? — ele perguntou curioso.

— Bem, — sorri para ele enquanto comia. — acho que saber que ela está perto faz com que eu me sinta melhor, só tenho medo de não conseguir tirar ela de lá.

— Daremos um jeito nisso. — ele se sentou ao meu lado e pegou um de meus chocolates. — Você deveria falar com seu pai.

— Tenho medo do que ele pode fazer. — sussurrei. — De qualquer forma, ele não concordaria em tirar ela da lá. Mas não quero falar sobre isso, — me sentei em seu colo. — você nunca me contou o que aconteceu com seu pai, lindo. — murmurei lhe dando um beijo gentil.

— Ele morreu em um acidente de carro quando eu tinha quatro anos, — ele deu de ombros. — não lembro de nada sobre ele.

— Mas você sente falta dele. — murmurei.

— Quem não sentiria? Sou um garoto, sinto falta de uma presença paterna na minha vida, mas, — ele suspirou. — minha mãe foi mãe e pai, então, não tenho do que reclamar.

— Meu pai não foi nenhum dos dois então você saiu em vantagem. — nós dois rimos.

Fiquei encarando Diaz enquanto ele procurava por mais um chocolate. Eu nunca tinha namorado na vida, mas foi tão fácil com ele, tudo. Ele tornou tudo mais fácil e eu não consigo entender o porquê. Ele é apenas um garoto, claro. Meu garoto, mas ainda sim só um entre tantos, então por que diabos tudo que ele fazia me deixava a vontade? Ou então, por que me sinto mais confortável ao seu lado, ou sei lá, por que sinto borboletas no estômago toda vez que olho para ele? Não sou idiota, sei bem o porque, mas não quero admitir, não agora, não até ter certeza que ele sente o mesmo e que sempre me escolheria.

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora