Capítulo 2

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Miguel estava quinze minutos atrasado e eu estava prestes a largar tudo e voltar a dormir, levando em conta que quase não dormi essa noite. Estava com medo, para ser sincera. Tenho medo de mudanças, e essa é uma das maiores mudanças que já passei. Largar tudo e vir morar em uma cidade em que eu não visitava desde que tinha oito anos de idade, e ainda por cima viver no mesmo teto que meu tio, que eu também não via há oito anos.

Ainda não consigo entender porque meu pai preferiu ir viajar o mundo com a namorada que ele conhece a dois meses, do que comigo, que sou a filha dele.

Escutei batidas na porta e já peguei minha bolsa, sabendo que era Miguel. Abri a porta e o encontrei com uma cara horrível, porra, parece que não foi só eu que tive uma péssima noite de sono.

— Porra, você acabado, cara. — disse fechando a porta e andando na frente de Miguel.

— Obrigada pelo elogio. — ele murmurou.

— Péssima noite de sono? — virei pra ele, que agora estava ao meu lado.

— Na verdade sim, hm, eu meio que mandei mensagem para minha ex namorada e descobri que ela me bloqueou.

— Uau, sinto sua dor, amigão. — ironizei.

Não consigo compreender porque as pessoas acham que amam quem só faz mal a elas, o amor não devia ser ao contrário disso?

O amor deve fazer você se sentir leve, brilhante e feliz, e não te colocar para baixo o tempo todo ou fazer você sofrer e chorar, porque, na minha opinião, se você se machuca tanto por alguém que teoricamente você ama, isso não é amor.

— Eu fiz merda e queria consertar isso, queria que ela me desse uma segunda chance.

— E ela não quer, — eu ri — ou seja, você é um otário.

— Não... — disse baixo — só quero ter ela de volta.

— Você fez merda, Miguel, lide com as consequências. Se ela não te quer mais, porque ficar insistindo?

— Porque gosto dela.

— Mas deveria gostar mais de você. — comecei — Escuta, não sou uma pessoa muito experiente no amor, mas caralho, se vamos ser amigos terei que aprender a ser porque você, meu caro, está com o coração partido. Isso, Miguel, é desgastante, a insistência. Dê um tempo pra ela, é necessário, ela precisa pensar no que aconteceu e se realmente vale a pena te perdoar.

— Eu sei, eu sei, mas não aguento ficar esperando.

— Então isso significa que não vale a pena, amigão. — resmunguei e sai correndo em direção a praia, que já estava a nossa frente.

Quando chegamos a areia paramos de correr e começamos a rir, segundos depois percebi quatro pares de olhos nos encarando e endireitei minha postura, recuando um passo. Miguel percebeu que me assustei e colocou uma mão em minhas costas, me encorajando. Ok, esses eram são amigos.

— Megan, esses são meus amigos, Falcão, — um garoto com um grande topete vermelho e uma cicatriz nos lábios ergueu a mão, me cumprimentando, fiz o mesmo. — Moon. — dessa vez uma garota de cabelos castanhos e sorriso simpático veio me abraçar, murmurou um "oi" e se afastou. — Essa é a Aisha, — uma garota com cabelos curtos e enrolados, abriu um sorriso tímido e ergueu seu óculos com um dos dedos, me cumprimentando com um "olá". — E esse é o Demetri. — o garoto magrelo se apoiou em seu amigo e abriu um sorriso estranho, arqueei uma das minhas sobrancelhas e ri.

— Então, você é a nova namorada do Miguel? — Falcão perguntou e eu fiz uma careta.

— Na verdade, não, o Miguel não faz meu tipo e ele ainda sofre pela ex. — zombei e Falcão se virou com uma cara feia para Miguel.

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora