Capítulo 47

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Na terça-feira eu acordei mais cedo do que o normal, ou melhor, eu nem dormi. Eu estava ansiosa demais para ver o Miguel.

Acontece que ontem, quando ele acordou, não pude e não quis ir ver ele. Tia Carmen disse que se eu quisesse, ela faria de tudo para me colocar lá dentro, mas eu sabia que ela merecia um tempo sozinha com ele e também sabia que eu ainda não estava pronta para o encarar, acho que ainda não estou.

A última vez que encarei Miguel ele estava jogado no chão, com o rosto todo machucado, em uma posição horrível e inconsciente. E da última vez que falei com ele, descobri que ele tinha me traído. Então, é, eu não saberia como reagir a ele. E mesmo agora, à um passo de abrir a porta de seu quarto, eu ainda não sei. Nem sei se vou conseguir olhar em seus olhos, na verdade.

Sorri ao escutar a voz de sua mãe mostrando para ele os presentes que o pessoal havia enviado, abri a porta quando Miguel perguntou de meu tio, porque eu sabia que Carmen não teria o que responder.

Carmen me encarou com um sorriso agradecido e Miguel me encarou com um olhar assustado. Abri um sorriso para eles e me aproximei ainda mais.

— Bom dia, tia. Oi, Miguel.

—Meg. — Diaz suspirou e eu balancei a cabeça.

— Sem esforço, garotão. — me virei para Carmen. — Quer ir comer ou beber água, tia? Eu fico aqui com ele.

— Não deveria estar na escola, bonitinha? — ela perguntou e franziu o nariz.

— Juro que amanhã estarei lá. — sorri para ela e indiquei a porta.

— Me chamem se qualquer coisa acontecer. — ela disse e saiu, fechando a porta atrás dela.

Me sentei em seu lugar e peguei a revista em quadrinhos que Demetri tinha mandado para Diaz, ri quando percebi o quão nerd eles eram.

— Então, — comecei, cruzando as pernas. — enfim acordado. — ele tentou sorrir para mim. — Tive medo de que isso não acontecesse.

— Fico feliz que você esteja aqui. — ele falou rouco.

— Estive aqui todos os dias desde que aquilo aconteceu, Miguel. — murmurei. — Então, — suspirei. — quer que eu leia uma historinha pra você?

— Você é péssima nisso.

— No que? Em ler histórias? Não seja rude, Miguel.

— Precisamos conversar, Meg.

— Sem esforços e preocupações. — relembrei o que a médica tinha me falado ontem. — Podemos fazer isso outro dia, não é algo importante.

— Não?

— Na verdade é sim, fui corna. — soltei um riso fraco e ele fechou os olhos. — Mas você está numa cama de hospital e não quero que se preocupe com outra coisa sem ser em sair logo daqui e ficar bem, tudo que eu preciso é lembrar você de que estou aqui como sua amiga, não como sua namorada, não mais.

 — Mas você está numa cama de hospital e não quero que se preocupe com outra coisa sem ser em sair logo daqui e ficar bem, tudo que eu preciso é lembrar você de que estou aqui como sua amiga, não como sua namorada, não mais

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Cheguei em casa tão cansada que não tive estruturas para ir visitar minha mãe, e eu espero que ela entenda isso. Acho que nesse momento, tudo que eu queria era ter ela em casa comigo, chegar e escutar sua risada que me acalmaria e faria com que eu sentisse que tudo ficaria bem.

Fui tomar um banho e me assustei quando sai do banheiro e me deparei com meu tio jogado no sofá. Sentei ao seu lado enquanto penteava meu cabelo e fiquei em silêncio, esperando ele falar.

— Sinto muito, — ele disse e se virou para mim. — sinto muito se deixei você passar por isso sozinha, eu invalidei sua dor e pensei só na minha, esqueci que outras pessoas estavam sofrendo também, fui fraco, covarde e hipócrita.

— É, — suspirei. — você foi. Mas eu entendo, sabe? Você se culpa pelo que aconteceu. — pego sua mão. — Mas você precisa entender que não foi culpa sua, tio, você não tem nem um pouco de culpa nisso e, bem, sinto muito por você achar que tem e por eu não ter insistido mais em falar com você.

— Você não tinha a obrigação, — ele deu de ombros. — e você também precisava lidar com a sua dor.

— É, todos nós precisamos. — sorri fraco. — Então, você tá meio acabado hein.

— Você como sempre tão sincera. — ele revira os olhos. — Tive algumas pistas do Robby.

Prendi a respiração quando ouvi o nome de meu primo e pensei se deveria estar preocupada com ele, mas eu não estava, para ser sincera, eu quase não pensei nele durante essas duas semana, eu deveria me sentir culpada por isso? Ele é meu primo, apesar de tudo.

Sinto que Robby não fez aquilo por mal, ele não queria ter feito aquilo, mas o fez, e eu não conseguia o perdoar por isso, porque ele machucou alguém que eu amo, porque ele poderia ter parado, mas não parou e agora tudo está uma bagunça.

— Eu não me importo. — respondi, por fim.

{...}

Bom dia pessoal, vão lá ver como o capítulo da playlist ficou bonitinho, eu tô 🥰

Soulmate • Miguel Diaz Onde histórias criam vida. Descubra agora