Capítulo 11

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~♪Hannah  ~♪

Meus sentidos retornaram devagar, cada um mais doloroso que o outro. O som de água pingando a princípio, depois, o eco distante de passadas pesadas.
Um gosto permanente de cobre envolvia minha boca, sangue. Acima do chiado do que julguei serem minhas narinas entupidas, o cheiro pungente de bolor e o fedor de mofo tornavam o ar úmido e frio. Palhas afiadas de feno espetavam minha bochecha. Minha língua tocou meu lábio cortado, e o movimento fez meu rosto arder. Encolhendo o corpo, abri os olhos, mas só consegui abrir um pouco, inchaço.

O que vi pelos olhos, sem dúvida roxos, não ajudou muito meu humor.

— vadia miserável!. -exclamei sentindo cada músculo doer.

Vasculhei minhas botas, vendo se alguém estava a espreita, as armas, continuavam ali graças aos deuses.

Olhei para o meu pulso, o bracelete ainda estava lá, apesar do encantamento que a deixava invisível, eu a sentia firme e forte em meu pulso.

Eu já planejava as mil formas que mataria Amarantha, mas... Meu tempo estava acabando, literalmente.

Devia ter cochilado em algum momento, porque acordei ao ouvir o ranger da porta da cela contra pedra. Esquecendo-me da dor insuportável no rosto, recuei para me levantar nas sombras do canto mais próximo. Eu não iria dar o gosto de me verem caída, nunca. Alguém entrou em minha cela e fechou a porta agilmente, deixando-a entreaberta.

— Hannah?.

— Lucien? — sussurrei, e o feno estalou quando ele se pôs diante de mim.

— Pelo Caldeirão, você está bem?. -ele perguntou.

— Meu rosto...

Uma luz fraca acendeu ao lado de sua cabeça, e os olhos de Lucien ficaram visíveis, o de metal se semicerrou.
Lucien chiou.

— Perdeu a cabeça? O que está fazendo aqui?

Lutei contra as lágrimas, eram inúteis mesmo, eu chorava de verdade, eu queria mais do que tudo salvar eles, salvar a todos mesmo que um não merecesse, eu quero.

— Voltei para a mansão... Alis me contou... me contou sobre a maldição, e não podia deixar que Amarantha...

— Você não deveria ter vindo, Hannah — interrompeu ele, em tom afiado. — Não era para você estar aqui. Não entende o que ele sacrificou para libertá-la?
Como pôde ser tão tola?. -questionou.

Eu fiquei com raiva, muita raiva, ele teria de continuar achando que eu "amo" Tamlin, mas isso está me irritando mais do que deveria.

— Bem, estou aqui agora! — falei, mais alto do que deveria. — Estou aqui, e não há nada que possa ser feito a respeito disso, então, não se dê o trabalho de falar sobre minha pele humana fraca e minha estupidez! Sei de tudo isso, e eu...

Senti meu corpo doer e soltei um xingamento.

— Eu só... eu precisava vir atrás dele, para ver se não era tarde demais. -menti.

— Então, sabe de tudo. — Consegui assentir sem apagar com a dor.

Meu sofrimento devia ter transparecido, porque ele encolheu o corpo.

— Bem, pelo menos não precisamos mais mentir para você. Vamos limpá-la um pouco.

— Acho que meu nariz está quebrado. Mas nada mais.

Enquanto miava, olhei ao redor de Lucien em busca de sinais de água ou de ataduras, e não encontrei nenhum. Será magia então.

Lucien olhou por cima do ombro, verificando a porta.

Corte de Sonhos e EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora